A Polícia Federal cumpriu, nesta terça (12), 3 mandados de prisão e 20 de busca e apreensão no estado do Rio Janeiro, como parte da Operação Defaunação, realizada para desarticular uma quadrilha de tráfico de animais. Cerca de 100 policiais cumpriram as diligências nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá. A organização criminosa era liderada por um bombeiro, preso em Maricá, e era composta por caçadores, receptadores, falsificadores, traficantes de animais silvestres, servidores do INEA e da Polícia Ambiental, uma universitária e dois veterinários, segundo a PF. Os alvos não tiveram seus nomes divulgados.
A operação contou ainda com apoio das corregedorias da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do estado, devido à presença de integrantes das corporações entre os investigados. A quadrilha, ainda segundo a PF, fazia registros fraudulentos dos animais no Sistema Nacional de Gestão da Fauna Silvestre (SISFAUNA) e no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (SISPASS), ambos do Ibama, e ainda falsificava documentos do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) do Rio de Janeiro. A investigação começou com a apreensão de dois macacos-prego no sítio da modelo Nicole Bahls, em janeiro do ano passado. Ela não é investigada atualmente.
À época, agentes da PF e do Ibama verificaram que os documentos dos macacos apresentados por Bahls, que os recebeu de presente, eram falsificados. A partir daí, a investigação se iniciou, culminando na operação de hoje. Segundo a corporação, pelo menos 120 macacos-prego, incluindo o ameaçado macaco-prego-de-crista, foram traficados pela quadrilha, além de centenas de outros animais, como araras, pássaros, cervos, iguanas e papagaios, que eram inclusive submetidos a maus-tratos. Em um trailer em frente à casa do bombeiro apontado como chefe da quadrilha, os policiais encontraram um pônei em “péssimas condições”, disse o comunicado da corporação. Além do mandado contra si, o bombeiro responderá por posse ilegal de arma de fogo, identificada durante a prisão.
A venda dos animais ocorria, em maioria, por meio de plataformas nas redes sociais, podendo vir acompanhadas ainda de documentos falsos. Com o esquema, os lucros da quadrilha podem ter chegado a até R$ 15 milhões em 1 ano. De acordo com a PF, “os investigados responderão, dentre outros delitos, pelos crimes de organização criminosa, receptação qualificada, crime ambiental, peculato, falsificação de documentos e selos públicos, falsificação de documento particular, uso de documento falso e falsidade ideológica”. As penas, se todas somadas, podem alcançar 58 anos de prisão. A corporação disse ainda que notificou as respectivas instituições a que fazem parte os investigados, além do conselho profissional de veterinária, para que tomem as providências cabíveis.
As investigações agora prosseguem para apreender os animais já vendidos ilegalmente, identificar quem os comprou e também outros membros da quadrilha. “Os compradores poderão responder pelo crime de receptação – visto que estavam cientes da ilegalidade dos animais ao adquiri-los –, com exceção dos que colaborarem entregando os animais espontaneamente e dando esclarecimentos à Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente”, diz o comunicado.
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O que mais irrita é saber que servidores públicos também fazem parte dessa lastima, Esses deveriam perder o direito de tudo, inclusive serem exonerados, e nunca mais entrar para a carreira publica.