Salada Verde

Reservas Particulares do Patrimônio Natural celebram 35 anos de existência 

País comemora em 31 de janeiro o Dia Nacional das RPPNs. Categoria, instituída em 1990, ajuda a ampliar as áreas protegidas do Brasil

Cristiane Prizibisczki ·
31 de janeiro de 2025
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

No dia 31 de janeiro de 1990, o então presidente José Sarney (atual MDB) publicou um decreto que, pela primeira vez, inseria no arcabouço legal brasileiro a possibilidade de entes privados criarem reservas particulares do patrimônio natural. Passados 35 anos, o país comemora, nesta sexta-feira (31), o dia desta categoria de unidade de conservação que ampliou em milhares de hectares as áreas protegidas do país.

As  Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) são áreas privadas, instituídas com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.Os números não são precisos, mas estima-se que o Brasil conte, atualmente, com cerca de 1300 RPPNs, que somam mais de 750 mil hectares de áreas naturais protegidas.

Segundo o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), a Mata Atlântica é o bioma com maior número de RPPNs, seguido pelo Cerrado, Caatinga, Amazônia, Pantanal, Pampa e bioma marinho, respectivamente.

O desbalanço entre as RPPNs nos biomas brasileiros, no entanto, têm mudado a cada ano. Esse é o caso da região da Chapada dos Veadeiros, que ganhou recentemente novas reservas particulares, ampliando seu mosaico de conservação.

Inseridas no bioma Cerrado, foram seis novas reservas criadas ao final de 2024, que somam 70 hectares, o equivalente a 70 campos de futebol. Elas ficam nos municípios de São João D’Aliança, Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante, no estado de Goiás.

Projeto Aroeiras

A proprietária Uta Sibile Bodewig possui três RPPNs. Divulgação Funatura

Moradora do município de Alto Paraíso de Goiás desde 1989, Uta Sibile Bodewig é proprietária de três das novas unidades de conservação criadas em Goiás: a Renascer II, III e IV. Juntas, estas áreas somam 11,26 hectares. 

Bodewig conta que há 35 anos, quando comprou as terras, o terreno estava devastado devido às queimadas para a criação de gado. Hoje, ela percebe a regeneração da natureza no local e acredita que o fortalecimento das mulheres e jovens garante mudanças significativas na proteção do bioma. “A criação das RPPNs na minha terra representa uma contribuição para que gerações futuras apreciem a beleza deste cenário”, contou. 

A criação das novas RPPNs foi possível por meio do Projeto Aroeira para Conservação de Terras Privadas, executado pela FUNATURA, com o objetivo contribuir com a redução do desmatamento, protegendo áreas particulares relevantes no Cerrado, nas regiões da Chapada dos Veadeiros e Jalapão.

Elas também contam com o apoio do programa COPAÍBAs, gerido pelo FUNBIO, que apoia projetos que contribuem para a redução do desmatamento no Cerrado e na Amazônia, protegendo a vegetação nativa dos biomas e garantindo melhores condições de vida para populações.

Ainda dentro do projeto Aroeira, mas fora da área da Chapada dos Veadeiros, duas outras reservas particulares também foram criadas, totalizando oito novas RPPNs, num total de 1.099 hectares. São elas: Flor Astral, no município de Água Fria de Goiás, com 9,99 hectares, e a RPPN Serra, em Aparecida do Rio Negro, no Tocantins, com 1.019 hectares. 

De acordo com o Programa Aroeiras, mais de 60%¨da vegetação nativa do Cerrado está em áreas privadas, por isso a importância da criação de RPPNs, não só neste bioma, mas em todo o país.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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