Restaura una: experimento busca melhor técnica para restaurar Mata Atlântica

A Reserva Biológica de Una, na Bahia, é o palco de um projeto de restauração inovador. O “Restaura Una” visa transformar 50 hectares de pasto em floresta nativa. Para fazer isso, serão testada sete técnicas diferentes de restauração em uma área de 50 hectares, com o objetivo de entender qual é a melhor maneira – e a mais econômica – de recuperar áreas desmatadas da Mata Atlântica.

O projeto é uma parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). O experimento será realizado na área de uma antiga fazenda que existia dentro da área protegida e foi recentemente comprada pelo governo federal. 

A ideia é apostar na regeneração natural e minimizar a intervenção humana e os impactos no solo, testando diferentes formas de acelerar a restauração, com 1 hectare dedicado à cada técnica. 

As ações incluem a instalação de poleiros artificiais para atrair aves e ajudar a espalhar sementes; usar folhas e restos orgânicos de florestas próximas, que funcionam como bancos de sementes naturais; o plantio de espécies nativas de crescimento rápido; assim como a remoção de plantas exóticas e invasoras. Além disso, o projeto fará o monitoramento constante para avaliar a recuperação da vegetação.

A Reserva Biológica de Una, criada em 1980, possui aproximadamente 18.500  hectares e é um dos últimos grandes remanescentes de floresta do sul da Bahia. A área protegida abriga diversas espécies ameaçadas, entre elas o mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas), macaco que só existe na região e foi um dos motivos para a criação da reserva. 

Uma das principais ameaças ao mico-leão baiano é a perda de habitat. A Mata Atlântica é o bioma historicamente mais desmatado do Brasil. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, hoje restam apenas 24% das florestas que existiam originalmente no país, sendo que apenas 12,4% são florestas maduras e bem preservadas. 

O Restaura Una é financiado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), com recursos de compensação ambiental do projeto Porto Sul, num acordo que envolve o governo da Bahia, a prefeitura de Ilhéus, a empresa Bahia Mineração e os Ministérios Públicos Estadual e Federal.

*Editado às 21h35 do dia 01 de outubro de 2025, para corrigir uma informação errada. Ao contrário do que afirmamos antes, não são serão testadas 50 técnicas diferentes de restauração, mas sim sete técnicas diferentes de restauração em uma área de 50 hectares. O texto foi corrigido.