A Amazônia, bioma que não queima naturalmente, teve uma área equivalente à soma dos territórios da Irlanda e Bélgica atingida pelo fogo em 2023. No total, foram 10,7 milhões de hectares queimados no ano passado, um aumento de 35,4% em relação ao ano anterior. Os números são de levantamento publicado nesta terça-feira (6) pelo MapBiomas Fogo, em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Segundo a organização, a seca extrema e as altas temperaturas registradas em setembro, outubro e novembro de 2023, principalmente na região norte do país, foram os principais fatores para tal quadro.
Somente nesses meses, 10,4 milhões de hectares foram atingidos por queimadas e incêndios em todo o país, um aumento de 4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, quando considerado todo o território nacional. Na Amazônia, esse aumento foi de 44% no trimestre em questão.
O segundo bioma que mais queimou em 2023 foi o Cerrado, onde 5 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo, área maior do que a Dinamarca. A cifra representa um aumento de 29% em relação ao ano anterior. No geral, Amazônia e Cerrado sofreram 91% das queimadas que ocorreram no Brasil em 2023.
“O aumento da área queimada no Brasil em 2023 em relação a 2022 teve o fator climático como protagonista. A seca severa que atingiu a Amazônia acabou por deixar a floresta mais suscetível, aumentando a área afetada por incêndios e também os acidentes com fogo em áreas agropecuárias”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora da rede MapBiomas Fogo.
Pastagens
As pastagens foram as áreas que mais queimaram no Brasil em 2023, correspondendo a 28% de toda área atingida pelo fogo no ano, segundo MapBiomas e IPAM. Ao todo, 4,8 milhões de hectares de pastos queimaram no período.
O segundo tipo de vegetação que mais queimou no ano passado foram os campos, com 18,6% do total, seguidos pelas formações savânicas, típicas do Cerrado, com 18,4% dos incêndios, e florestas, com 15%.
“Em áreas antrópicas o fogo atinge majoritariamente as pastagens porque ele é utilizado como uma técnica de manejo, estimulando o crescimento de novas plantas. No entanto, é crucial que seja empregado de forma controlada e responsável, em épocas específicas e atendendo a legislação ambiental, pois pode fugir do controle e se tornar um incêndio florestal”, alerta Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e responsável pelo Monitor do Fogo.
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Ta queimando mais que no governo Bolsonaro. Mas como é o Lula no poder, dai não é culpa dele, é das secas 😉