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Setor elétrico precisa de “arrumação” para absorver fontes renováveis

Estudo do IEMA mostra que é preciso aprimorar áreas de regulação, planejamento, operação e critérios econômicos da matriz elétrica brasileira para integrar renováveis

Cristiane Prizibisczki ·
16 de agosto de 2024
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Estudo divulgado nesta quinta-feira (15) pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), em parceria com a Coalizão Energia Limpa, explicita os principais desafios e ajustes necessários para que o Brasil possa incluir de forma eficiente o crescente volume de projetos de fontes renováveis no sistema de energia elétrica nacional. Vários ajustes se fazem necessários, diz o documento.

Intitulado “Integração de energias renováveis ao sistema elétrico brasileiro”, o documento orienta ações fundamentais para a integração das fontes renováveis – solar, eólica e biomassa, que passam, segundo os autores do trabalho, por aprimoramentos socioambientais, regulatórios, operacionais, de planejamento de de formação de preços. 

“A grande questão é se existe um limite para a participação das fontes renováveis na matriz energética. Fatos recentes, como o desperdício das fontes eólica e solar e o vertimento turbinável indicam que o setor elétrico deve se adaptar ao crescimento e ao perfil de geração das renováveis, visando potencializá-las em vez de limitá-las. A tendência é que tenhamos cada vez mais pressão no sistema para atender a picos de demanda decorrentes de ondas de calor”, diz Ricardo Baitelo, gerente de projetos do IEMA e autor do estudo.

Segundo o trabalho, projeções nacionais e internacionais indicam que sistemas elétricos com alta participação de fontes renováveis dependerão de bons sistemas de armazenamento, como bancos de baterias ou hidrelétricas reversíveis, por exemplo, algo que o Brasil ainda tem um grande campo a avançar.

Para tanto, seria necessário um arcabouço legal que remunere adequadamente os serviços prestados pelos armazenadores de energia e demais fontes energéticas ao sistema. Além disso, os autores recomendam que haja um aprimoramento nos modelos meteorológicos de previsão de geração renovável e uma atualização de softwares de operação para atender à crescente diversidade da matriz elétrica.

“Essa arrumação é essencial para posicionar o Brasil em condições de realizar sua transição energética doméstica e contribuir para a transição global. A participação de fontes renováveis está alinhada ao documento final da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP 28), em Dubai, que indica triplicar as energias renováveis e dobrar a eficiência energética até o fim desta década”, disse Baitelo, a ((o))eco.
Leia o estudo completo aqui.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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