Uma carta mobilizada por organizações não governamentais pede que empresas como Coca-Cola e Pepsi aumentem fortemente a produção e uso de embalagens reutilizáveis em seus produtos, até 2030.
O texto também demanda a inclusão de metas e de outros mecanismos para aumentar o número de embalagens reutilizáveis nas legislações nacionais e no Tratado Global Contra a Poluição Plástica, em negociações desde 2022.
O manifesto já foi assinado por 11 organizações esportistas e 102 atletas de elite, representando 43 esportes e 30 países presentes nas Olimpíadas de Paris. Atletas paraolímpicos, campeões e recordistas mundiais figuram entre os signatários.
Os jogos serão abertos hoje (26) e, conforme a ong Oceana Brasil, serão o maior evento esportivo a servir bebidas em embalagens reutilizáveis, potencialmente substituindo milhões de copos descartáveis de plástico e outros materiais de uso único.
Outra inovação são os 11 mil assentos feitos com plástico reciclado, instalados em locais como na Arena Multiuso, próxima à Torre Eiffel, e no Centro Aquático Olímpico, na capital francesa.
Exemplos que deveriam ser seguidos em futuros Jogos Olímpicos e outros eventos esportivos. Afinal, a avaliação é a de que a reciclagem isoladamente não dará conta da crise global da poluição plástica. Apenas 9% de todos os resíduos plásticos gerados até hoje no mundo foram reciclados.
“Os plásticos representam uma enorme ameaça aos oceanos e à nossa saúde. Estão por toda parte, flutuam na superfície do oceano e estão no ar que respiramos e na água que bebemos”, diz Shelley Brown, diretora da Sailors for the Sea.
Presidente da EcoAthletes, Lew Blaustein, afirma que “a única maneira de chegarmos aonde precisamos em relação à poluição por plásticos é um compromisso sistêmico para aumentar exponencialmente a reutilização e uma redução drástica dos itens descartáveis”.
Além dessas duas entidades, a carta foi apoiada por #BreakFreeFromPlastic, Oceana, Adansonia.green, Defend Our Health, Front Commun pour la Protection de l’Environnement et des Espaces Protégées, Greeners Action, Habits of Waste e Retorna.
Um estudo da Oceana aponta que aumentar até 2030 em 10% o uso de embalagens de bebidas reutilizáveis eliminaria mais de 1 bilhão de garrafas e copos plásticos descartáveis. Isso impediria que até 153 bilhões dessas embalagens cheguem aos cursos d’água e aos oceanos.
O Brasil é o maior produtor de plásticos da América Latina, jogando cerca de 7 milhões de toneladas anuais desse material nos mercados. Dessas, cerca de 3 milhões de toneladas são de uso único, como embalagens e produtos descartáveis, que acabam nos aterros, rios e oceanos.
Uma campanha e um abaixo-assinado públicos e o Projeto de Lei 2524/2022 buscam mudar esse dramático cenário, ameaçador da conservação da biodiversidade, da qualidade de vida e saúde das pessoas.
“Não faz sentido insistir num sistema de produção que só foque no produto depois de ele virar um problema para o meio ambiente e para a nossa saúde. Precisamos com urgência de uma legislação nacional que trate dessa crise global”, destaca Lara Iwanicki, gerente de advocacy da Oceana.
*Com informações da Oceana Brasil.
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