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Vice-governador do Rio é demitido da Secretaria de Ambiente e Sustentabilidade do estado

Thiago Pampolha (MDB), que acumulava os cargos, foi comunicado da decisão pelo governador Cláudio Castro (PL) nesta segunda; relação com Castro vinha em crise

Gabriel Tussini ·
5 de março de 2024
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

O estado do Rio de Janeiro terá um novo secretário da área ambiental. Em reunião nesta segunda (4), no Palácio Guanabara, sede do governo estadual, o então secretário de Ambiente e Sustentabilidade do Rio, Thiago Pampolha, foi comunicado da demissão pelo governador Cláudio Castro (PL). A decisão foi oficializada em edição extra do Diário Oficial desta terça. No lugar de Pampolha, que agora passa a ser apenas vice-governador, entra o atual secretário de Governo, Bernardo Rossi. A movimentação foi adiantada pela coluna de Lauro Jardim, no Globo.

A relação entre Castro e Pampolha entrou em crise desde que o governador passou a ser investigado por corrupção na operação Sétimo Mandamento, da Polícia Federal, que apura corrupção em contratos na área de assistência social no estado entre 2017 e 2020 – Castro teve sigilos bancário, fiscal e telemático quebrados por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e Vinícius Sarciá Rocha, seu irmão de criação, foi alvo de busca e apreensão. Dias depois, Pampolha anunciou sua saída do União Brasil e filiação ao MDB, oficializada no início deste mês. A mudança de partido foi vista, no Palácio Guanabara, como uma tentativa de Pampolha descolar sua imagem de Castro e preparar terreno para eventualmente substituí-lo.

Segundo a Folha de São Paulo, a ida ao novo partido foi feita a convite de Helder Barbalho, governador do Pará, em conversas durante a COP 28, em novembro do ano passado. Barbalho é aliado do presidente Lula (PT) – outro ponto de desconforto para o governador. Pampolha chegou a falar que esperava a presença de Castro no seu ato de filiação, em São Paulo, o que não aconteceu. O governador passou a ver seu vice com desconfiança.

Castro também teria se irritado, de acordo com a coluna de Lauro Jardim, com o protagonismo assumido por Pampolha durante as enchentes que atingiram o estado do Rio, em janeiro. Enquanto Castro voltava de sua viagem de férias para os EUA, Pampolha tomou a frente da situação, deu entrevistas e até admitiu erros do governo. A situação continuou mesmo após a volta do governador, o que foi respondido com recados de desaprovação de auxiliares de Castro. Além disso, outro fator para o distanciamento é o fato de ambos passarem a apoiar nomes diferentes na disputa pela prefeitura da capital: enquanto o PL de Castro tem como pré-candidato o deputado federal Alexandre Ramagem, o MDB, agora de Pampolha, pretende lançar o também congressista Otoni de Paula.

Washington Reis, secretário estadual de Transporte e Mobilidade Urbana e presidente do diretório estadual do MDB, criticou duramente a decisão de seu chefe. “É uma covardia essa mudança”, disparou. “Pampolha se mudou para um partido que faz parte da base governista. Não tem essa desculpa de que: ‘Ah, ele está conspirando contra o governo’. Pampolha é uma pessoa íntegra, do bem”, disse Reis ao Valor Econômico. Ele afirmou, porém, que o partido seguirá fazendo parte da base do governo Castro. O ex-prefeito de Duque de Caxias, vale lembrar, foi o responsável pela indicação de Pampolha ao cargo de vice na chapa governista, após ele próprio ter sido barrado pela Justiça Eleitoral, considerado inelegível por conta de uma condenação por crime ambiental.

Tanto o novo secretário de Ambiente e Sustentabilidade, o ex-prefeito de Petrópolis Bernardo Rossi (Solidariedade), quanto seu substituto na Secretaria de Governo, André Moura (União Brasil), são próximos do deputado estadual Rodrigo Bacellar (UNIÃO), presidente da Assembleia Legislativa do estado (ALERJ). Com grande influência no governo Castro, Bacellar chegou até mesmo a cobrar publicamente o governador, no ano passado, dizendo que ele deveria “atender mais aos aliados”.

O parlamentar, relator do processo de impeachment do ex-governador Wilson Witzel na Assembleia, chegou a ser secretário de Governo de Castro, que era vice de Witzel e assumiu sua cadeira após o desfecho do processo relatado por Bacellar. De acordo com O Globo, o presidente da ALERJ já desejava o controle da pasta ambiental, somando esta a outras 7 secretarias comandadas por nomes de sua confiança – caso das pastas de Governo, Planejamento, Fazenda, Educação, Trabalho e Renda, Transformação Digital e Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços. 

Com crescente poder, Bacellar busca se consolidar como candidato à sucessão de Castro, que já está em segundo mandato e pretende uma vaga no Senado em 2026. Pampolha, por sua vez, passa a ficar apenas com o cargo de vice-governador, após comandar a secretaria de meio ambiente desde o governo Witzel – ele chegou a deixar a pasta apenas para concorrer à reeleição como deputado estadual, em 2022. O recém-filiado ao MDB é visto por Helder Barbalho, uma das principais figuras do partido, como um potencial candidato ao Palácio Guanabara, segundo a Veja. A demissão e consequente perda de protagonismo no governo, porém, devem diminuir sua visibilidade. Ainda assim, Pampolha é o próximo na linha de sucessão em caso de eventual afastamento de Castro, atualmente investigado por corrupção – problema antigo no Rio de Janeiro, estado onde todos os ex-governadores vivos já foram presos ou afastados do cargo, exceto os que assumiram como vices.

  • Gabriel Tussini

    Estudante de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), redator em ((o))eco e interessado em meio ambiente, política e no que não está nos holofotes ao redor do mundo.

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Comentários 1

  1. José Edmar Gomes diz:

    Excelente matéria. Parabéns,Tussini!