Em Neuquén, na Patagônia Argentina, povos indígenas e populações vulneráveis sofrem com os impactos nocivos do fracking, método de extração não-convencional de gás. No Brasil, comunidades quilombolas do Maranhão correm o risco de verem seus territórios tradicionais explorados pela técnica, por meio de um edital do Governo lançado no final de 2022.
“QUANDO CHEGOU O FRACKING, NÃO FICOU NADA…”
O fracking, conhecido como fraturamento hidráulico, é uma técnica de exploração não convencional de gás de xisto ou folheto. Por meio de enormes perfurações, são injetados milhares de litros de água misturados a compostos químicos, causando uma enorme pressão nas rochas, que se fragmentam.
Sausal Bonito é uma das localidades que mais danos sofreu, entre elas a comunidade Mapuche Huir Caleo. Nós acompanhamos uma equipe de técnicos visitando as casas, as rucas, e estão todas rachadas.
Gilberto Huilipan, Werken de la Zonal Xawvnko de la Confederación Mapuche de Neuquén
“A experiência Neuquén com o fracking é como uma espécie de pequeno adianto ao que pode ocorrer em outros lugares se chegar o fracking…”
O fracking chegou em Vaca Muerta, localizado em Neuquén, província da patagônia argentina, em 2013. Desde então, os impactos são diversos: escassez e contaminação hídrica, aumento da desigualdade social, agravamento das mudanças climáticas, conflitos territoriais e má gestão de resíduos sólidos.
Os povos indígenas Mapuches, que historicamente habitam a Argentina e Chile, têm sido duramente afetados. Muitos perderam acesso aos seus territórios tradicionais, tiveram suas águas contaminadas e sua cultura desrespeitada.
Me parece que é interessante colocar o exemplo de Neuquén como primeiro lugar latino-americano onde começou-se a explorar. Em perspectiva, bom, já levamos 10 anos e nenhuma das promessas que se fizeram se cumpriram.
Fernando Cabrera, Coordenador do Observatorio Petrolero SUR (OPSur)
A websérie documental Monocultura da Energia mostra os impactos de empreendimentos energéticos, do Brasil à Argentina, por meio de quatro histórias: a disputa para explorar petróleo na Foz do Amazonas, uma das áreas mais socioambientalmente sensíveis do planeta; o impacto do fracking (método de extração não convencional de gás) argentino e os riscos caso a técnica chegue ao nordeste brasileiro; os ecossistemas e as populações afetadas pelos parques eólicos no Rio Grande do Norte; e, por fim, um episódio final com reflexões sobre o que é energia justa e limpa pela voz de pessoas indígenas, quilombolas, ribeirinhas e pescadoras, que revelam como a agenda de transição energética não pode deixar de ouví-las.
DIREÇÃO
Bárbara Poerner
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
Rodrigo Ferreira
ROTEIRO
Bárbara Poerner
EDIÇÃO
Rodrigo Ferreira
PRODUÇÃO & PRODUÇÃO EXECUTIVA
Bárbara Poerner
DESIGN & ILUSTRAÇÃO
Mariana Baptista
TRADUÇÃO
Moara Zambonin
Paula Nathalie Nocquet
APOIO LOGÍSTICO
Diego Canut/Indomnia Films
IMAGENS DE ARQUIVO
CONFEDERACIÓN MAPUCHE DE NEUQUÉN (XAWVNKO)
APOIO MASTER
International Center For Journalists (ICFJ)
APOIO
3FILM
PARCEIRO DE MÍDIA
((o))eco
AGRADECIMENTOS
350.org, AMAVIDA, CONFEDERACIÓN MAPUCHE DE NEUQUÉN (XAWVNKO)
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