Os direitos das populações em ter um ambiente limpo e equilibrado são negados dependendo qual a posição dessa população na pirâmide social. Uma indústria potencialmente poluente provavelmente não conseguiria se instalar nos bairros mais ricos da cidade, mesmo que o local seja pouco povoado, mas o mesmo não ocorre quando se trata de partes mais pobres e afastadas, mesmo que densamente povoados.
Os danos causados pela exploração desenfreada da natureza são distribuídos desigualmente pelo território e atingem, principalmente, populações vulneráveis, a saber, a população negra, indígena e/ou tradicional. A percepção deste fenômeno cunhou o conceito de racismo ambiental.
“O dano ambiental é distribuído de maneira desigual. Sempre há populações que vão sofrer mais com os danos ambientais do que outras”, explica a geógrafa Letícia Giannella, pesquisadora e professora da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE).
Racismo ambiental é o tema do 42º vídeo da série Pense Verde. Assista:
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O mesmo desmatamento que é causado por um quilombola para a roça que é considerada "patrimônio cultural" pelo IPHAN fosse causado por um fazendeiro seria chamado de crime ambiental.
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