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Newsletter O Eco+ | Edição #121, Outubro/2022

Adaptação, transformação e História

Newsletter O Eco+ | Edição #121, Outubro/2022

30 de outubro de 2022

Ana das Dores Xavier da Silva (54), Ana Francolino de Almeida (56), Hudson Taques Duarte (51) e Antônio (Totó) Gonçalo de Amorim (54) têm algo em comum: já foram obrigados a se deslocar várias vezes ou vivem sob a angústia de repetir o calvário. As terras deles, às margens do rio Cuiabá, no Pantanal, são vítimas da erosão fluvial. Na comunidade pantaneira em que vivem, porém, o fenômeno natural está intensificado. Em reportagem para o especial Pantanal em Foco, Michael Esquer escreve sobre como esse grupo, adaptado ecologicamente ao um modo de vida submetido à dinâmica do sobe e desce das águas, continua a existir num sistema que tem sido tão alterado pela crise climática. 

Em mais um texto, Michael traz as conclusões do mais recente levantamento da rede colaborativa MapBiomas, divulgados nesta quarta-feira (26). O estudo concluiu que a área total de agricultura mapeada no Brasil passou de 19 milhões de hectares em 1985 para 62 milhões de hectares em 2021. Desse total, destacam-se as lavouras temporárias, como soja, arroz, cana-de-açúcar e algodão, entre outras, que são responsáveis por quase toda a área da atividade agrícola, ocupando extensão superior a de países como França e Espanha.

O livro “Uma história das florestas brasileiras” é, ao mesmo tempo, uma revisão histórica de nossas diferentes matas e um apelo pela sua conservação. Esse “almanaque” das formações florestais tupiniquins reconta a história do Brasil por meio das transformações em suas diferentes formações vegetais. Da densa vegetação amazônica ao alagado Pantanal, a obra relembra como os grandes ciclos econômicos pelos quais o país passou impactaram nossos biomas, destaca a relação simbiótica que brasileiros originários têm com a natureza, e detalha como ela foi retratada nas diferentes formas de expressão humana. Cristiane Prizibisczki entrevista o autor deste livro que acaba de chegar às livrarias, o pesquisador e ambientalista José Pedro de Oliveira Costa.

Boa leitura!

· Destaques ·

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· Conservação no Mundo ·

Vida em declínio. Em outubro deste ano, a WWF lançou o relatório Living Planet Report 2022 que analisou 31.000 populações de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes. “Não é um censo de toda a vida selvagem, mas relata como as populações de animais selvagens mudaram de tamanho”, escreveram os autores. Segundo a avaliação, as populações de animais selvagens rastreadas por cientistas encolheram quase 70%, em média, entre 1970 e 2018. Os declínios mais acentuados ocorreram na América Latina e no Caribe, onde a abundância de vida selvagem diminuiu 94%, com peixes de água doce, répteis e anfíbios sendo os mais afetados. “Quando as populações de animais selvagens diminuem a esse nível, isso significa que mudanças dramáticas estão afetando seus habitats e a comida e a água de que dependem”, disse a cientista-chefe do WWF, Rebecca Shaw, em comunicado. “Devemos nos preocupar profundamente com o desvendamento dos sistemas naturais porque esses mesmos recursos sustentam a vida humana.” [Mongabay]

 


 

Sim, guardiões da floresta. Nos últimos dois séculos, as ações humanas resultaram no aumento das temperaturas, um enorme desequilíbrio de carbono e uma tremenda perda de biodiversidade. No entanto, há casos em que a gestão humana parece ajudar a remediar esses danos. Estudo recente publicado na revista Current Biology examinou as florestas tropicais da Ásia, África e Américas e descobriu que as florestas localizadas em terras indígenas protegidas eram as mais saudáveis, funcionais, diversificadas e ecologicamente mais resilientes. “Estou analisando as terras indígenas para ver como são os resultados de conservação nessas terras, em vez de focar apenas em áreas protegidas, que geralmente são administradas pelo estado, para que as políticas de conservação possam ser projetadas para serem mais eficazes e equitativas”, diz a principal autora do estudo, Jocelyne Sze, ecologista da Universidade de Sheffield. [ScienceDaily]

 

· Dicas Culturais ·

• Pra Ler •

Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho (2022) | Malcom Ferdinand 

Malcom Ferdinand propõe uma ecologia decolonial, uma abordagem interseccional extremamente sagaz que reúne o ecológico com o pensamento decolonial, antirracista, em uma crítica contundente ao “habitar colonial da Terra”.

Ubu Editora

• Pra assistir •

Mata (2021) | Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes

Diante do avanço das plantações de eucalipto, um agricultor e uma comunidade indígena se posicionam como resistência e revelam o impacto da monocultura no meio ambiente, em contraste aos modos de vida tradicionais. O inimigo também pode ser verde.

Looke

• Pra ouvir •

O Assunto | G1

O desmatamento acelerado da floresta está no topo das preocupações globais com o aumento das temperaturas e os eventos extremos em diferentes pontos do planeta. E há razões de sobra para isso. Neste episódio do podcast, a cientista Luciana Gatti detalha os resultados do mais recente estudo coordenado por ela no Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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