Com licença do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), cerca de 50 araucárias foram derrubadas em Curitiba, para aumentar a área de um loteamento residencial. O episódio foi recebido com críticas por ambientalistas, até pelo momento do corte: a araucária está no centro de um debate nacional por sua preservação, além de ser o símbolo do Paraná e protegida por lei. Até o começo do século passado, a araucária cobria metade do território do Paraná, onde hoje resta apenas 0,8% da cobertura original.
De acordo com a assessoria do IAP, as araucárias podiam ser derrubadas porque não são nativas da região, versão contestada pelos ecologistas. A legislação ambiental permite o manejo em casos assim, mesmo envolvendo tipos escassos de árvore como o pinheiro. “A araucária plantada pode ser manejada e o pessoal do loteamento estava dentro dos limites”, comunicou a assessoria.
Clóvis Borges, diretor da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Proteção Ambiental (SPVS), com sede em Curitiba, estranha os argumentos do IAP. “Eram árvores de grande porte, com mais de 20 metros de altura e com mais de 50 anos de vida. Ninguém pode afirmar que foram plantadas”, afirmou Borges.
O ambientalista disse que o órgão ambiental se rendeu a interesses comerciais. “O IAP precisa resgatar sua identidade. Não pode ser molenga diante de pressões de empreendimentos comerciais”, criticou Borges.
Paulo Pizzi, presidente do Instituto de Estudos Ambientais Mater Natura, ONG de Curitiba, também disse que o corte não poderia ter sido autorizado. “Uma área com 50 araucárias juntas pode ter desenvolvido um sistema estável para a fauna”, afirmou.
*Dimitri do Vale tem 30 anos e é jornalista em Curitiba.
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