Pesquisadores descobriram uma espécie nova de tarumã, nas montanhas do Espírito Santo. O batismo científico da nova planta, Vitex pomerana, é uma homenagem justamente ao povo pomerano, que vive na região do interior capixaba onde foi feita a descoberta, nos municípios de São Roque do Canaã e Santa Leopoldina. É a 35ª espécie de tarumã reconhecida pela ciência no Brasil.
A planta pertence ao gênero Vitex, representado por cerca de 250 espécies que costumam ser encontradas em regiões de clima tropical por todo o planeta. O tarumã-pomerano, entretanto, difere de seus familiares da Mata Atlântica por ser um arbusto que cresce em áreas abertas sobre rochas. Normalmente são árvores de até 15 metros de altura que vivem em florestas. No Brasil, esse comportamento costuma ser encontrado apenas em tarumãs que vivem no Cerrado.
“Esse tarumã foi descoberto durante os estudos que o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) estão fazendo na região desde 2005, mas só agora pôde ser formalmente estudado e descrito”, conta o pesquisador Joelcio Freitas, da Instituto Nacional da Mata Atlântica. Joelcio é um dos quatro autores do artigo publicado no início de novembro na revista científica Kew Bulletin, do Jardim Botânico Real Kew, na Inglaterra.
O padrão de folha do tarumã-pomerano também é bem particular, encontrado apenas em outras duas espécies brasileiras do gênero.
O arbusto recém-descoberto possui ainda uma distribuição limitada, restrita a apenas dois afloramentos rochosos. Por isso, os pesquisadores alertam que a nova espécie mal foi descoberta, mas já pode estar em perigo de extinção. Outro autor do estudo, Cláudio Nicoletti Fraga, do JBRJ, explica que o tarumã-pomerano está sujeito a ameaças como incêndios, pressão de espécies invasoras e extração predatória no seu habitat. “A área de distribuição não abrange nenhuma unidade de conservação. Por conta disso, sugerimos que ela deve entrar na Lista de Espécies Ameaçadas do Brasil”, acrescenta.
“A descoberta de novas espécies e seu mapeamento adequado é fundamental para ações de conservação, pois sabendo quais espécies existem e onde elas estão é possível direcionar essas ações para áreas prioritárias”, completa o botânico. Com o novo tarumã, o Espírito Santo soma hoje 650 espécies de plantas com flores que só ocorrem na Mata Atlântica do estado.
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Errado, morrem sim. Animais criados em cativeiro quando soltos morrem de fome, ou predados. Sem falar que é crime de abandono soltá-los. Concordo que quem cria deve ser responsabilizado por maus tratos, se houver, mas os que soltam também. Grande desserviço este post.