Biblioteca do ((o))eco

Newsletter O Eco+ | Edição #138, Março/2023

Frigoríficos esquivos, o caso píton e um Pantanal suprimido

Newsletter O Eco+ | Edição #138, Março/2023

11 de março de 2023

O Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador de carne bovina do mundo. O país produz cerca de 15% de toda a carne bovina consumida globalmente. No entanto, pela maneira como a cadeia de produção de carne está estruturada, faltam informações públicas para garantir que o bife consumido internamente e também exportado não esteja associado a desmatamento durante sua produção. Gigantes da indústria da carne assumiram há alguns anos o compromisso de rastrear 100% de sua cadeia de suprimentos, no entanto, quando convidadas a expor os resultados alcançados, elas ainda não se mostram dispostas a dar transparência a esse processo. Diante disso, o tema da reportagem de Cristiane Prizibisczki é receio das empresas produtoras quanto ao Radar Verde, uma ferramenta que, em essência, busca mostrar se as políticas adotadas por frigoríficos instalados na Amazônia e grandes redes varejistas que comercializam a carne produzida na floresta tropical garantem que seus produtos não estejam ligados ao desmatamento.

Confundida com jiboia — espécie nativa da Mata Atlântica brasileira —, uma cobra píton — nativa da África — foi solta pelo Corpo de Bombeiros no Parque Nacional da Tijuca na última sexta-feira (3). Descoberto o erro, as buscas começaram já no dia seguinte e prosseguiram até a quarta-feira (8), sem sucesso. Coube então a outro invasor, um cachorro doméstico, resolver a questão: o cão, vindo de uma das casas do entorno, encontrou com a cobra e a  atacou, levando a melhor. Para surpresa de seu dono e do Corpo de Bombeiros, a cobra ferida era, de fato, o mesmo animal exótico perdido há seis dias na floresta. Quem nos conta essa fábula carioca é Duda Menegassi.

Em Corumbá, a Fazenda Santa Maria desempenha um papel importante na conservação de espécies ameaçadas de extinção no país, como a arara-azul e o tamanduá-bandeira. São mais de 100 espécies de aves, 23 de mamíferos e 39 de árvores presentes na área da propriedade rural. No entanto, essa relevante área do bioma Pantanal pode se perder caso o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) aprove um projeto que quer suprimir mais de 10 mil hectares de vegetação nativa para alimentar o gado que pasta na propriedade. Como justificativa para a supressão e a implantação de pasto exótico na fazenda, o empreendedor cita o aumento de produtividade; geração de recursos financeiros ao proprietário; e maior recolhimento de impostos, entre outras razões econômicas. A reportagem de Michael Esquer mergulha no projeto de supressão de uma área nativa que equivale a 158 hectares, cerca de 63 vezes o tamanho do Parque do Ibirapuera (SP).

Boa leitura!

Boa leitura!

Redação ((o))eco

· Destaques ·

Gigantes da carne ainda negam transparência sobre indiretos, mesmo após firmarem compromissos

Empresas não autorizaram a publicação dos resultados individuais na ferramenta Radar Verde, que insere fornecedores indiretos na equação. Setor alega discordância na metodologia

Mais

Píton solta no Parque Nacional da Tijuca é capturada por cachorro

Solta por erro do Corpo de Bombeiros, a cobra, que é nativa da África, foi recapturada graças a um cachorro, também invasor, que abocanhou a serpente e levou pro dono

Mais

Pantanal pode perder 10 mil hectares de vegetação nativa

Fazenda quer desmatar área de vegetação nativa que equivale a 63 vezes o tamanho do Ibirapuera (SP) para plantar pasto exótico. Objetivo é alimentar o gado da propriedade na planície do bioma

Mais

· Conservação no Mundo ·

Assim no céu, como no mar.  Na semana em que quase 200 países assinaram um tratado para proteger o Alto Mar, após 20 anos de discussões, os especialistas acreditam que a sociedade precisa levar as lições aprendidas de uma parte do nosso planeta para outra. Em artigo na revista Science, uma colaboração internacional de especialistas — de áreas como tecnologia de satélite e poluição de plástico oceânico — demanda um tratado para garantir que a órbita da Terra não seja irreparavelmente prejudicada pela futura expansão da indústria espacial global. Espera-se que o número de satélites em órbita aumente dos 9.000 atuais para mais de 60.000 até 2030, com estimativas sugerindo que já existem mais de 100 trilhões de peças não rastreadas de satélites antigos circundando o planeta. Embora essa tecnologia seja usada para fornecer uma enorme gama de benefícios sociais e ambientais, há temores de que o crescimento previsto da indústria possa inutilizar grandes partes da órbita terrestre. [ScienceDaily]

 


 

Ataque do plástico assassino. Com os oceanos do mundo cheios de microplásticos — minúsculas partículas de plástico que aves podem facilmente confundir com comida — os filhotes de cagarras estão sendo recheados de plástico em vez de comida. Cientistas que estudam a espécie sabem há muito tempo que o consumo de plástico pode levar a problemas como redução da condição corporal, danos aos órgãos e, finalmente, morte prematura. Agora, uma nova pesquisa no Journal of Hazardous Materials mostra que o plástico consumido também pode levar a uma doença recém-identificada: uma fibrose relacionada ao plástico apropriadamente chamada de “plasticose”. Embora essa doença relacionada ao plástico tenha sido identificada até agora apenas em cagarras, especialistas dizem que quase todos os organismos – incluindo humanos – estão sendo afetados pelo plástico de alguma forma. [Mongabay]

 

· Animal da Semana ·

O animal da semana é a Mariquita-de-perna-clara!

Também chamada de Blackpoll Warbler Setophaga striata, é uma entre várias espécies de warblers norte-americanos da família Parulidae, um grupo que também ocorre na América do Sul, onde pia-cobras (Geothlypis spp.) e pula-pulas (Basileuterus spp.) são espécies comuns nas florestas e capoeiras de quase todo o Brasil.

Pesando o mesmo que uma caneta bic, a pequena ave realiza todo ano a mais longa migração feita por um pássaro norte-americano: quase 20 mil quilômetros.

🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)

· Dicas Culturais ·

• Pra assistir •

Quando Falta o Ar (2021) | Ana Petta; Helena Petta

A luta diária de trabalhadoras do sistema público de saúde brasileiro em defesa da vida, em um país abandonado por seu presidente. O documentário aborda a pandemia com ênfase no cuidado, revelando a face humana da luta coletiva contra a Covid-19 em entrevistas com médicos, enfermeiros e agentes comunitários.

Ingresso

• Pra ler •

Serra da Capivara: A surpresa do século (2019) | Edna Bugni 

O livro aborda as descobertas do maior acervo de pinturas rupestres a céu aberto do mundo. Da primeira fotografia analisada pela arqueóloga paulista de origem francesa Niéde Guidon, em 1963, até a criação de um parque nacional no Piauí, a obra abrange cerca de 60 anos de história. Sem se desviar de polêmicas, a autora dedica páginas ao debate internacional sobre a datação dos vestígios encontrados na Serra da Capivara – os mais antigos das Américas e que propõem novas teorias sobre a chegada dos primeiros homens ao continente.

Primavera Editorial

• Pra ouvir •

Isso Também é Floresta | Partnerships for Forests

No que você pensa quando escuta falar em florestas? A série aborda temas atuais e urgentes relacionados ao universo florestal e de uso da terra. A primeira temporada traz especialistas e apresenta casos práticos sobre transparência de cadeias de valor, inovação e bioeconomia amazônica, exportação de produtos de base florestal, sustentabilidade e moda e mecanismos financeiros inovadores para um agronegócio mais responsável.

Spotify

Mais de ((o))eco