Newsletter O Eco+ | Edição #148, Maio/2023
21 de maio de 2023
Graças ao alto índice de atropelamento de fauna, a BR-262, rodovia que corta o Pantanal sul-mato-grossense, também conhecida como “rodovia da morte”. Com carcaças de animais atropelados depositadas na entrada da sede da autarquia federal que gere a rodovia, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), em Campo Grande, organizações ambientalistas cobraram soluções e protestaram contra a realidade que aflige a fauna do estado. “É importante lembrar que estes acidentes ameaçam também a vida humana”, disse Luciana Leite, coordenadora da Chalana Esperança, uma das organizações que realizou a intervenção. “O Mato Grosso do Sul, por exemplo, entre abril de 2013 e novembro de 2018 registrou 470 atropelamentos de anta em 32 rodovias estaduais. Neste período, foram 55 pessoas feridas e 23 óbitos resultantes destas colisões com antas. Além do risco à vida e à integridade física dos motoristas, os acidentes também provocam prejuízos materiais.” Michael Esquer escreve sobre o protesto de segunda-feira (15), que deu início à campanha “Estradas Seguras Para Todos” que procura chamar a atenção do poder público para a colisão entre veículos e animais silvestres nas estradas nacionais.
À primeira vista, o animal não causa medo, tem aparência simpática, bonitinha até. Mas após quase três décadas de colonização silenciosa dos mares do Atlântico Norte e, agora, do Atlântico Sul, nenhum pesquisador ignora o oportunismo — e perigo — desse invasor que tem se espalhado pelas Américas desde os anos 90. Encontrado em oito estados e também no arquipélago de Fernando de Noronha, desde 2014 o peixe-leão, animal de origem asiática, está presente em águas brasileiras. Quase vizinho do arquipélago, Atol das Rocas é um santuário da biodiversidade marinha brasileira e um importante local de descanso, reprodução e moradia para diversas espécies. Há duas semanas, um indivíduo foi avistado na piscina das Garoupinhas, em Atol das Rocas. A notícia acendeu o alerta vermelho de pesquisadores e da jornalista Paulina Chamorro, que escreve a reportagem sobre a chegada desse invasor.
Parques nacionais e terras indígenas são os grandes abrigos de riquezas naturais e de culturas ancestrais no país, mas ainda sofrem com a extração ilícita de recursos. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) aponta que 72% da área de garimpo na Amazônia ocorre nessas áreas. Por esta razão, ampliar e melhorar a regulação, a fiscalização e o rastreamento das cadeias produtiva e comercial do ouro é fundamental para manter a biodiversidade nestas áreas alvo do garimpo criminoso, desse e de outros minerais. Aldem Bourscheit conversa com especialistas para saber como isso pode ser feito.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
Agonia da fauna pantaneira chega à sede do Dnit
A chegada do invasor: primeiro peixe-leão aparece no Atol das Rocas
Rastrear produção de ouro protegerá a biodiversidade
· Conservação no Mundo ·
O céu está caindo. Enquanto a camada de ar próxima a superfície da Terra aquece, as camadas superiores da atmosfera se tornam dramaticamente mais frias. Os mesmos gases que aquecem os poucos quilômetros da parte de baixo da atmosfera também resfriam as imensas extensões que vão até a borda do espaço. Embora conhecido há tempos, apenas recentemente esse paradoxo foi quantificado por sensores de satélites. Um novo estudo publicado este mês na revista científica PNAS pelo modelador climático Ben Santer, da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), ao confirmar essa dinâmica, também provou a força da “impressão digital” humana na crise climática — os modelos que identificam o aquecimento da superfície como causado pelo homem são, agora, incontroversos. As novas descobertas também trazem novas preocupações aos cientistas: sobre a segurança dos satélites em órbita, sobre o destino da camada de ozônio e sobre o potencial dessas rápidas mudanças nas camadas superiores causarem turbulências repentinas e imprevistas no clima da superfície. [Yale Environment 360]
Esponja. Os engenheiros da Northwestern University, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova esponja que pode remover metais — incluindo metais pesados tóxicos como chumbo e metais críticos como cobalto — de água contaminada, deixando para trás água potável e segura. Depois de usar a esponja, os pesquisadores também conseguiram recuperar metais com sucesso e reutilizá-la em vários ciclos. A nova esponja é promissora para uso futuro como uma ferramenta barata e fácil de usar em filtros de água domésticos ou esforços de remediação ambiental em larga escala. “A presença de metais pesados no abastecimento de água é um enorme desafio de saúde pública para todo o mundo”, disse Vinayak Dravid, autor sênior do estudo. “É um problema gigantesco que requer soluções que possam ser implantadas de maneira fácil, eficaz e barata. É aí que entra nossa esponja. Ela pode remover a poluição e ser usada repetidamente.” [ScienceDaily]
· Animal da Semana ·
O animal da semana é a Perereca-comedora-de-fruto!
Esta pequena perereca, que mede cerca de 5 centímetros, ganhou uma fama gigante depois de ser flagrada entrando e saindo dentro de flores, coberta de pólen. Esse registro aponta que ela pode ser o primeiro anfíbio polinizador do mundo, como contamos em reportagem recente.
Enquanto a ciência não confirma se a perereca poliniza flores, de fato, o que sabemos é que ela é uma espécie que só ocorre nas restingas do estado do Rio de Janeiro. E que a espécie se alimenta de frutos e é, inclusive, uma dispersora de sementes!
A destruição e degradação das restingas faz com que a espécie seja considerada vulnerável ao risco de extinção. Quer saber mais sobre a espécie? Confere a reportagem publicada recentemente em ((o))eco: https://oeco.org.br/reportagens/destruicao-das-restingas-ameaca-perereca-com-potencial-polinizador/
🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)
· Dicas Culturais ·
• Pra ler •
O Decênio Decisivo: propostas para uma política de sobrevivência (2023) | Luiz Marques
O autor, alicerçando como tese central o melhor da ciência possível, defende que vivemos o último decênio no qual mudanças estruturais em nossas sociedades podem ainda atenuar significativamente esse processo de desestabilização planetária. “Para serem efetivas, essas mudanças devem ter a envergadura de uma verdadeira mutação civilizacional”.
No dia 23 de maio de 2023, às 19h00, o autor reunirá em mesa de debate a jornalista Cristina Serra, a pesquisadora titular do INPE Luciana Gatti e o coordenador nacional do MST Gilmar Mauro. O lançamento será no Instituto Tomie Ohtake, na Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88), Pinheiros / SP.
• Pra assistir •
Gorongosa: O Paraíso Renasce (2022) | National Geographic
O Parque Nacional da Gorongosa era conhecido como o Éden da África, mas 15 anos de guerra quase exterminaram os animais por sua carne ou por dinheiro. Atualmente é o cenário do maior esforço de restauração da vida selvagem de todos os tempos. Esta é a história da Gorongosa, contada por meio da viagem de uma elefanta corajosa, Mwana Nzo. Marcada pela guerra, ela e sua família se adaptam lentamente à paz em um parque, agora, repleto de vida.
• Pra ouvir •
Brasileirinhos da Amazônia (2020) | Laurabeatriz
Os parceiros de longa data, Lalau e Laurabeatriz, transformam em poemas e ilustrações alguns animais que habitam a Amazônia e são importantíssimos para a fauna brasileira. Do cachorro-do-mato-vinagre ao besouro-hércules, essa seleção vai divertir e conscientizar os pequenos leitores sobre os tesouros vivos do Brasil.