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Newsletter O Eco+ | Edição #198, Maio/2024

O futuro das ararinhas-azuis, os riscos das zoonoses em meio a crise climática e mais um capítulo na disputa pelo Parque Estadual do Cristalino II.

Newsletter O Eco+ | Edição #198, Maio/2024

26 de maio de 2024

Com exclusividade, o repórter Aldem Bourscheit traz a notícia de que o Ministério do Meio Ambiente não irá renovar o acordo com o criador alemão de ararinhas-azuis, ACTP. O rompimento ocorre após a polêmica sobre comercialização de aves ameaçadas para financiar ações de conservação. A parceria, firmada em 2019, viabilizou a reintrodução das aves, transferidas da Alemanha, para Curaçá, no interior da Bahia. Ao todo 20 aves foram soltas. A ararinha, endêmica da Caatinga baiana, estava extinta na natureza desde os anos 2000. O fim do acordo de cooperação técnica traz incerteza sobre como seguirá o cronograma de reintrodução da ave, já que a instituição alemã é a que detém o maior número de ararinhas em cativeiro.

Estima-se que seis em cada dez doenças infecciosas que assolam a espécie humana tenham origem em populações de outros animais. As zoonoses, como são conhecidas, são causadas por agentes biológicos como bactérias, fungos, protozoários e vírus que circulam em animais silvestres. Em outra possível consequência da tragédia, pesquisadores alertam que as enchentes que atingem o Rio Grande do Sul aumentam o risco de contágio dos seres humanos por uma ampla gama de zoonoses. Doenças como leptospirose e a hepatite A, transmitidas pela água, assim como outras transmitidas por mosquitos, como dengue e chikungunya, são as principais preocupações. A reportagem de Bruno Moraes escuta os especialistas sobre os riscos das zoonoses e a falta de estudos sobre essas doenças, em meio ao cenário de crise climática.

Segue a disputa pelo Parque Estadual do Cristalino II, em Mato Grosso. A Advocacia Geral da União (AGU) pediu a anulação do processo de extinção do parque. No final de abril, a Justiça de MT deu ganho de causa à empresa Sociedade Comercial e Agropecuária Triângulo, em ação que pedia a extinção da unidade por falhas no rito de criação. A empresa está instalada dentro dos limites da área protegida. Em defesa do Cristalino, a AGU justifica que a área do parque era historicamente propriedade da União e foi transferida para o estado de MT na condição de que ali fosse criada uma unidade de conservação. Isto é, a empresa teria grilado as terras e não teria legitimidade no processo. A repórter Cristiane Prizibisczki traz os detalhes de mais esse desdobramento na disputa por uma das mais importantes áreas naturais da Amazônia matogrossense.

Boa leitura!

Redação ((o))eco

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Trilhões de cigarras de uma vez. Os Estados Unidos será palco de uma eclosão histórica de cigarras nesta primavera – e algumas já saíram de seus ninhos! Estima-se que trilhões destes insetos irão emergir do solo de forma quase simultânea. A última vez que esse fenômeno ocorreu foi em 1803. Trata-se de uma coincidência ecológica, com duas ninhadas – uma que eclode a cada 13 anos e outra a cada 17 anos – emergindo ao mesmo tempo para sua curta e reprodutiva vida acima do solo. [The Guardian]


A sobrevivência do mais hábil. Na Califórnia, as lontras marinhas enfrentam escassez de alimentos, uma vez que as suas presas preferidas, os ouriços e abalones, diminuíram devido às mudanças climáticas e à pesca excessiva. Para conseguir comida, as lontras se adaptaram e passaram a usar como pedras, conchas e até garrafas de vidro como ferramentas para conseguir comer animais de casca mais dura, como caracóis e mexilhões. [Mongabay]

· Dicas Culturais ·

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A Ferro e Fogo | Warren Dean

Já indicado antes por aqui, este clássico atemporal sobre a história de ocupação e devastação da Mata Atlântica segue imperdível. Dean nos conduz por cinco séculos e diferentes ciclos econômicos que reduziram a imensidão da floresta a vestígios, numa dolorosa e necessária história brasileira.

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A tragédia no RS criou refugiados climáticos? | Café da Manhã

Enquanto a água não baixa definitivamente em boa parte do Rio Grande do Sul, a maior dificuldade é dar acolhida adequada e pensar na realocação dos mais de 600 mil desabrigados e desalojados pela tragédia climática. A situação dessas pessoas pôs o Brasil no debate sobre refugiados climáticos —conceito criado no âmbito da ONU e que enfrenta controvérsia jurídica. O episódio explica os conceitos de refúgio e deslocamento climático com Patricia Graziottin Noschang, professora de direito internacional da Universidade de Passo Fundo (RS) e coordenadora do projeto Balcão do Migrante e Refugiado. Ela também discute a situação de desalojados e desabrigados no Rio Grande do Sul e analisa que políticas podem dar respostas adequadas a esses grupos.

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Websérie Restauração Ecológica | Funbio

Uma programação para o Dia da Mata Atlântica, celebrado nesta segunda-feira (27), a websérie Restauração Ecológica, produzida pelo FUNBIO, traz histórias da recuperação da Mata Atlântica na região do Lagamar, entre Paraná e São Paulo. Com um total de seis episódios e duração média de 5 minutos, a websérie é uma oportunidade de maratonar e se inspirar com as ações em prol do bioma.

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