O brigadista Sidiney de Oliveira Silva, 44 anos, foi assassinado com dois tiros na manhã deste sábado (15), na porta de sua casa. Ele morava na Aldeia Imotxi II, no interior da Ilha do Bananal, no Tocantins. Sidiney, mais conhecido como Nenê, atuava como brigadista contratado pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Ibama nos últimos anos e, de acordo com nota de pesar do instituto, sua contratação para 2024 já estava sendo realizada. Segundo apuração do Jornal O Globo, Nenê vinha sendo ameaçado por fazendeiros e grileiros por impedir queimadas e invasões em terras indígenas situadas na Ilha do Bananal.
De acordo com O Globo, Nenê chegou a prestar depoimento no Ministério Público (MP) sobre invasões de pecuaristas em terras indígenas localizadas na ilha.
Um dos principais conhecedores da região, o brigadista deu apoio logístico à Funai quando, em um sobrevoo, fez o avistamento de indígenas isolados da etnia Ãwa, também conhecidos como Avá-Canoeiro, na área conhecida como Mata do Mamão, no interior do Parque Nacional do Araguaia, na ilha do Bananal. Além disso, sobrepõem-se na ilha a Terra Indígena Inãwebohona e a Terra Indígena Utaria Wyhyna/Iròdu Iràna.
Em nota nas redes sociais, o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI), reforçou que Sidiney era “um dos maiores defensores da Mata do Mamão, onde vivem os isolados Avá Canoeiro. O Brasil segue matando quem defende o meio ambiente e os povos indígenas”.
O brigadista foi enterrado neste domingo, em Formoso do Araguaia. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. ((o))eco tentou entrar em contato para obter mais informações sobre possíveis suspeitos, mas ainda não obteve retorno.
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