A Cadeia do Espinhaço mineiro se estende por mais de 100 mil quilômetros quadrados e três biomas diferentes – Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Nessa área vive uma rica e única biodiversidade, parte dela sob risco de desaparecer. Para convocar os cidadãos-cientistas a ajudarem no monitoramento e registro dessas espécies ameaçadas, o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF-MG) e a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte produziram um guia de identificação de espécies ameaçadas de plantas e animais do Espinhaço Mineiro.
O esforço faz parte do Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro). A iniciativa é voltada para proteção de 24 espécies de plantas e bichos, hoje classificadas como Criticamente Em Perigo de extinção (CR), mas que não são contempladas por outros instrumentos de conservação e por isso apelidadas de “CR lacunas”.
O guia pode ser baixado gratuitamente online neste link.
Um dos objetivos do guia é envolver cada vez mais a população no registro das espécies-alvo do projeto, como a pezinho-branca (Comanthera brasiliana), uma sempre-viva que ocorre apenas na Serra do Ambrósio, no município de Rio Vermelho; ou o surubim-do-doce (Steindachneridion doceanum), maior peixe da bacia do Rio Doce, que ocorre em localidades nas cidades de Ferros e Ponte Nova.
Para fazer isso, o guia fornece ainda um passo a passo para que os interessados enviem seus registros na plataforma de ciência-cidadã iNaturalist. Dentro da ferramenta, já existe uma página específica do projeto do PAT Espinhaço Mineiro, onde são compilados os registros da biodiversidade da região.
A página já soma, na data desta publicação, mais de 26 mil observações de quase 2 mil espécies diferentes, feitas por um time de mais de 1.700 cientistas-cidadãos.
“Ao se envolver nesta iniciativa, o cidadão estará fortalecendo os esforços de conservação e ajudando a garantir um futuro mais sustentável para a biodiversidade singular da região”, afirma Gabriela Brito, analista ambiental do IEF e coordenadora do PAT em Minas.
O PAT Espinhaço Mineiro foi criado em 2020 como parte da Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção, no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção.
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