
Família de micos-leões-pretos recebe um novo lar para evitar extinção local
Reportagem por Duda Menegassi
“Bem-vindos”, desejou a bióloga Gabriela Rezende assim que os micos-leões-pretos correram em direção à floresta. Em menos de um minuto, a família já havia desaparecido no dossel das árvores e só era possível ouvir o barulho das folhas com a passagem dos primatas, cada vez mais distantes. Como testemunhas da soltura, restavam apenas as quatro caixas de transporte azul no chão, com as portas escancaradas, e uma equipe inteira de sorriso aberto, satisfeita pela prontidão com a qual os micos-leões saíram para explorar seu novo lar. A alegria misturava-se com a esperança de que os micos-leões-pretos tinham ganhado uma segunda chance em San Maria, um dos fragmentos remanescentes de Mata Atlântica no interior de São Paulo, onde a espécie resiste contra o risco de extinção.
Esse, entretanto, não é o fim da história. Tampouco é o começo.
A Fazenda San Maria é uma propriedade particular onde a floresta foi mantida de pé como Reserva Legal de outras áreas privadas. Trata-se de um fragmento florestal de 515 hectares. Um dos poucos que restou na região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do estado de São Paulo. Junto com a Mata Atlântica, resistiu em San Maria o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), pequeno primata endêmico das florestas paulistas do interior considerado Em Perigo de extinção.
A soltura de um grupo – o segundo em um ano – na floresta de San Maria, na manhã do dia 18 de janeiro, foi apenas uma etapa de um longo trabalho conduzido pelo IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) para evitar que essa população de micos-leões-pretos, isolados nesse fragmento pelo desmatamento ao seu redor, desapareça e, com ela, sua genética única, essencial para conservação da espécie como um todo.
“Em 2005, a análise de viabilidade populacional já indicava que essa população iria se extinguir em cerca de 30 anos por ser muito pequena. E quando eu entrei no projeto, em 2013, nós já estávamos vendo isso acontecer”, lembra Gabriela Rezende, coordenadora de projetos do IPÊ e atual responsável pelo Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto, que há 40 anos atua para reverter o risco de extinção da espécie.

Em 2013, lembra a coordenadora, haviam cinco grupos e mais de 15 micos-leões no fragmento. Quase uma década depois, em 2022, restavam apenas dois grupos. “Nós fomos acompanhando o declínio populacional ao longo desses 10 anos e a previsão da análise se concretizando, e foi acendendo a luz vermelha de que se não fizéssemos alguma coisa, em breve não teríamos mais micos no fragmento”, conta Gabriela.
Perder os micos em San Maria não é uma mera questão matemática de subtrair alguns indivíduos da conta total da espécie – estimada em aproximadamente 1.800 micos. Estudos genéticos feitos em 2003 com os micos-leões do fragmento revelaram que eles possuíam haplótipos únicos, ou seja, seus genes não eram encontrados em nenhuma outra população conhecida de micos-leões-pretos. Essa característica é o que os cientistas chamam de diversidade ou variabilidade genética e é considerada um elemento fundamental para saúde e manutenção de uma população e de uma espécie, de modo geral.
“Quando há perda da variabilidade genética, isso empobrece e diminui as chances da população de sobreviver a longo prazo. Pode interferir nos níveis de sucesso reprodutivo, com uma taxa menor de natalidade, ou com animais que acabam nascendo mais fracos, menos capazes de resistir a doenças”, explica o veterinário do projeto Daniel Angelo Felippi.
Para evitar que essa população e essa genética desapareçam, há dois caminhos. O primeiro, de longo prazo, é a restauração ecológica e o plantio de corredores florestais que conectem a Fazenda de San Maria com outras áreas em que vive o mico-leão-preto. O segundo, mais imediato, seria a translocação de novos grupos para o fragmento, para manter a dinâmica de troca genética entre os animais.
No esforço de conservação da espécie, as duas estratégias se complementam.
A translocação para conservação é o ato de “mover intencionalmente um ser vivo ou grupos de indivíduos de um lugar para outro com foco em benefício para populações, comunidades ou ecossistemas”. A definição é parte da publicação “Diretrizes de Translocações de Fauna para Conservação no Brasil“, documento pioneiro lançado em novembro de 2024 e marco teórico sobre o assunto no Brasil.
Em 2019, o programa de Restauração do IPÊ deu início ao plantio de um corredor de cerca de 500 hectares, concluído em meados de 2023, que liga a Fazenda San Maria à Água Sumida, uma das quatro áreas da Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, com 1.200 hectares. A expectativa é que esse corredor, hoje em diferentes estágios de restauração, permita ampliar o habitat do primata e dar espaço e recursos para a população crescer.
A consolidação dessa floresta para que esteja apta aos micos, entretanto, não leva menos do que uma década. Um tempo que, conforme apontavam as análises, os micos de San Maria não possuíam.
Corredor que conecta Fazenda San Maria com uma das áreas da Estação Ecológica Mico-Leão-Preto. Vídeo: Lucas Leoni
Os números não mentem: é preciso agir
Para dar bases ainda mais sólidas à proposta de manejo populacional, reforçando sua necessidade como única solução possível para prevenir uma extinção local, foi desenvolvido, a partir de 2020, um novo modelo de Análise de Viabilidade Populacional, que permitiu identificar as populações prioritárias para o manejo e quais as estratégias direcionadas para cada uma delas.
A modelagem, que inclui novos parâmetros relacionados ao habitat, como mudanças climáticas, risco de fogo e disponibilidade de recursos, foi construída em conjunto por pesquisadores de diferentes instituições, entre elas o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB/ICMBio) e o IPÊ.
A analista ambiental do CPB/ICMBio, Mônica Montenegro, destaca que os resultados do modelo confirmaram o alto risco de extinção da população na Fazenda San Maria em cerca de 20 anos, caso nenhum manejo seja realizado. “Assim, as translocações realizadas pelo IPÊ têm o objetivo de evitar essa extinção local da espécie e, em longo prazo, estabelecer uma população viável na San Maria e fragmentos vizinhos”, completa.
“O modelo indicava claramente e provava cientificamente que nós precisávamos fazer a translocação [em San Maria], mas para fazer isso precisávamos também do envolvimento dos atores”, destaca Gabriela Rezende, que é uma das autoras da nova modelagem.
Com os dados na mesa, a equipe do IPÊ reuniu-se com representantes do ICMBio, da Fundação Florestal de São Paulo e diversos pesquisadores para montar o Programa de Manejo Populacional Integrado de Mico-Leão-Preto, homologado no início de 2024.
O programa estabelece diretrizes, critérios e uma estratégia para as ações de manejo, entre elas a translocação, voltadas para a conservação da espécie.
“Várias das atividades do programa auxiliarão esta e outras ações de manejo, seja na atualização das análises de viabilidade populacional e identificação de populações e áreas que necessitam de uma intervenção de manejo populacional (reforço populacional ou reintrodução); em análises para definição do número mínimo previsto de indivíduos ou grupos a serem manejados em um determinado intervalo de tempo, visando garantir a viabilidade populacional; na elaboração de protocolos para as diversas situações de manejo; dentre outros. Além disso, a rede de pessoas que integram o programa, com expertises distintas, têm sido importante nas tomadas de decisões, sobretudo naquelas emergenciais”, explica a analista do CPB/ICMBio, que integra o grupo de especialistas que acompanha a implementação do programa.
Em janeiro de 2024, um primeiro grupo, composto por cinco indivíduos, foi translocado para San Maria. E um ano depois, uma nova família foi levada para reforçar a população do fragmento.
Um novo lar, uma nova chance
Ainda estava escuro quando a equipe, dividida em dois carros, saiu em direção ao Parque Estadual Morro do Diabo. A unidade de conservação, com quase 34 mil hectares de Mata Atlântica, é o único local conhecido com uma população de micos-leões-pretos que se mantém viável no longo prazo, com uma estimativa de cerca de 1.100 micos-leões-pretos, capaz de se recuperar rapidamente da remoção de um grupo, o que faz dela a “população-fonte” ideal para a translocação.
Com a luz apenas dos faróis, a floresta era um emaranhado de silhuetas que passava ao lado da janela enquanto o carro cruzava a rodovia SP-613, que corta o parque ao meio. Nosso destino estava ao norte e saímos da estrada principal para uma menor, de terra, e depois outra menor ainda, invisível debaixo do mato alto.
Quando os veículos finalmente pararam, por alguns segundos reinou o breu. O relógio ainda não marcava 5 horas da manhã. Estávamos na borda da porção norte do parque estadual. Aos poucos, cada um ligou sua lanterna e a floresta apareceu. A cerca de 500 metros dormia uma família que nem desconfiava, mas carregava em si as esperanças para o futuro da espécie em San Maria.
O início do trabalho ainda durante a madrugada tem um bom motivo. Os micos-leões têm o hábito de abrigar-se em ocos de árvores para passar a noite. E para conseguir capturar todos os indivíduos de um determinado grupo – algo importante para manter a coesão social dos animais –, a equipe de campo do IPÊ desenvolveu a eficaz técnica de “desentocamento”. Ou seja, capturá-los diretamente no oco. Para fazer isso, é preciso seguir os micos no entardecer do dia anterior, quando começam a rumar pro abrigo, e confirmar qual foi o local escolhido pro pernoite. Aí entra um componente de sorte, que é ver se os macacos estão em um local acessível para captura. E depois de duas noites sem sorte, havia chegado enfim a mensagem com a boa notícia que queríamos “deu oco!”.
O oco em questão estava no tronco robusto de uma copaíba, a uns dois metros do chão. Lá dentro, uma família de quatro micos-leões-pretos, dois adultos – o casal principal – e seus dois filhos juvenis. A presença dos jovens é um dos critérios para translocação já que eles serão os responsáveis por dispersar e formar novas famílias com micos já residentes em San Maria, promovendo assim a troca genética.
Com destreza, José Wilson, ou Wilsinho, como é mais conhecido o assistente de campo que desde 2003 trabalha no projeto com o manejo e monitoramento da espécie, começou a vedar possíveis rotas de saída por outros buracos na árvore.
Com tudo pronto, ainda no escuro, começou a captura. Um a um, com a habilidade de quem faz isso há décadas, Wilsinho tirou cada um dos integrantes do grupo e, com a ajuda de João Medeiros, biólogo de campo do projeto, colocou-os em sacos de pano individuais. Rapidamente, já com todos os micos, voltamos para trilha em direção ao carro, onde os macacos foram identificados, pesados e então transferidos para um recinto próprio ao transporte até o destino final e novo lar dessa família. Três deles receberam ainda rádios-colares para permitir o monitoramento após a soltura.
Do ponto de captura até San Maria são menos de 20 quilômetros em linha reta ao norte. De carro, o caminho não é tão direto, mas às 8h10 já estávamos no fragmento. Vinte minutos e uma curta trilha depois, as caixas azuis de transporte já estavam com as portas escancaradas e os micos-leões-pretos exploravam seu novo lar.
Da captura à soltura, passaram-se 3 horas, duas delas apenas na estrada. A agilidade da equipe em fazer esse tempo de manejo o menor possível é fundamental para diminuir o estresse dos animais em sua chegada ao novo destino.
A preocupação com o timing estende-se ao período da soltura, feita na segunda semana de janeiro, durante a estação chuvosa, o que significa uma maior oferta de alimentos na floresta para facilitar a aclimatação do grupo ao novo lar.
De dois em dois, micos translocados são soltos em San Maria. Vídeo: Duda Menegassi
Fazenda Mosquito: o início do manejo
O esforço de manejo sempre foi um dos pilares do Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto. A primeira ação foi feita em maio de 1995, com uma translocação experimental de um grupo da Fazenda Rio Claro, em Lençol Paulista, para a Fazenda Mosquito, em Narandiba – fragmento onde a espécie estava localmente extinta. O local, transformado em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), recebeu outras quatro translocações, de origens distintas, nos anos de 1999, duas em 2005 e em 2008. Ao todo, foram levados 22 micos-leões-pretos para a reserva, que possui 2.195 hectares.
Os grupos foram monitorados continuamente até 2011. “Foram 16 anos olhando para o estabelecimento dessa população, o que aconteceu”, pontua a coordenadora do programa. Mais recentemente, entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021, a equipe de Restauração Ecológica do IPÊ confirmou a presença dos micos na floresta por meio de gravadores de áudio instalados pelo projeto “Sounds of Atlantic Forest”.
“Sabemos que a população conseguiu se estabelecer a partir dos cinco grupos translocados entre 95 e 2008 e está lá até hoje. O que a gente não sabe é qual o tamanho atual dessa população e a situação da genética dela, que é algo que pretendemos fazer no futuro para entender quantos são, onde estão no fragmento e como se deu a evolução do fluxo gênico”, complementa Gabriela Rezende.
O trabalho continua
Monitorar os animais após a soltura é uma etapa fundamental para confirmar o êxito com que o grupo se adaptou ao novo ambiente e entender as dinâmicas de ocupação no fragmento. Para isso, os pesquisadores dependem de uma combinação de tecnologias – rádios-colares, gravadores de áudio e armadilhas fotográficas – com o esforço de campo da equipe.
Nos primeiros dois meses, o grupo recém-translocado será monitorado ativamente em campo por pelo menos duas semanas a cada mês, “seguindo o grupo, identificando a área de vida, os dormitórios e instalando armadilhas fotográficas nos ocos mais acessíveis que eles estiverem usando”, explica Daniel Felippi, veterinário e coordenador de campo do projeto.

Do segundo ao sexto mês, o esforço seguirá com sete dias de monitoramento por mês. E a partir dos seis meses, começa a campanha de recaptura para avaliar o estado de saúde dos animais – como peso, estado nutricional e infestação por parasitas – e renovar as baterias dos colares-transmissores, uma etapa crucial para o sucesso do monitoramento.
No primeiro grupo translocado, as baterias acabaram antes do esperado e de que fosse feita a recaptura, com isso, eles sumiram do radar dos pesquisadores em julho de 2024. Na época, um indivíduo havia morrido e outros dois, os juvenis, haviam sumido, possivelmente seguindo seu movimento natural de dispersão do grupo original.
Monitoramento acústico passivo
Uma das ferramentas que tem sido de grande valia para o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto é o monitoramento acústico passivo, feito com gravadores de áudio espalhados estrategicamente pela floresta. Os aparelhos são programados para gravar, todos ao mesmo tempo, dois minutos contínuos de áudio a cada 10 minutos, o que resulta numa média de 3 mil arquivos de áudio por mês em cada gravador. Essa quantidade massiva de dados é analisada por um programa de computador treinado para identificar as vocalizações do mico-leão-preto.
Depois dessa primeira filtrada, entra em cena a bióloga especializada em bioacústica, Maria Carolina Manzano, que trabalha no projeto há cinco anos. A pesquisadora identifica os diferentes tipos de vocalização do mico e traduz os sons em informações sobre como a espécie está ocupando a área e até mesmo para estimar o número de grupos no território.
“A partir dos gravadores, nós conseguimos ver o que está acontecendo dentro do fragmento e acompanhar, de forma não invasiva, essa ocupação dos grupos na área”, explica Carolina. Com seus ouvidos treinados, a pesquisadora decifra o que os micos estão “falando”. Se estão apenas conversando entre si, para manter a coesão do grupo, por exemplo, ou se estão alertando outro bando de que aquele território é deles, numa disputa territorial.
A análise de dados também considera os silêncios. “Os micos-leões têm esse comportamento vocal muito ativo, desde a hora que acordam até o momento de chamar os outros para ir dormir. Então se em determinado lugar ninguém vocaliza nada, nem um piu em um mês, é porque os grupos existentes não usam essa área”, detalha a bióloga.
Com os 32 gravadores hoje instalados na Fazenda San Maria, a pesquisadora espera registrar as interações vocais entre os grupos do fragmento e os recém-chegados. “A expectativa é que os micos translocados vocalizem bastante nesse começo, para se manterem unidos enquanto exploram o fragmento. E também esperamos muitas chamadas territoriais e que a gente consiga escutar os outros grupos e identificar mais ou menos de onde vão vir esses encontros”, detalha.
Talvez a parte mais difícil do trabalho de manejo populacional seja aceitar os riscos e a perda. Pouco mais de uma semana depois da soltura, numa terça-feira (28), da equipe de monitoramento veio a notícia que ninguém queria dar: um dos indivíduos do grupo, uma fêmea adulta, foi encontrada morta no chão da floresta. O corpo foi recolhido para necrópsia. Sem sinais visíveis que indiquem a causa da morte, como ferimentos ou desnutrição, resta esperar se as análises laboratoriais – cujo resultado deve levar pelo menos um mês – trarão alguma resposta.
“É um soco na boca do estômago, mas faz parte dessa luta do manejo populacional”, desabafa Daniel.
Os três indivíduos restantes do grupo – um macho adulto e um casal de juvenis – seguem explorando o fragmento, como é esperado nesse momento inicial até que estabeleçam seu território, e seguem monitorados de perto pelo projeto.
“Eu falo que para trabalhar com manejo no Brasil precisamos de muita coragem. Porque é lógico que a última coisa que a gente quer é perder um bicho, ainda mais uma espécie ameaçada, então tudo que a gente faz é para que isso não aconteça, mas mesmo que um indivíduo possa morrer, nós fazemos [o manejo] sabendo que aquele grupo pode salvar uma população dessa espécie”, reforça Gabriela.
O futuro
A principal ameaça para o mico-leão-preto no Pontal do Paranapanema é a fragmentação das florestas. Com uma minúscula fração do seu habitat ainda de pé, o macaco depende de ações de restauração da Mata Atlântica e criação de corredores ecológicos para garantir sua sobrevivência no longo prazo. O animal é a bandeira dos plantios do IPÊ, responsável pela restauração de mais de 4 mil hectares do bioma desde 2002.
Na porção norte do Pontal, onde está inserida a Fazenda San Maria, além do corredor já plantado que liga o fragmento à gleba Água Sumida da Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, há outros corredores previstos ou em andamento que fazem a conexão com outros fragmentos ao norte do Morro do Diabo e, futuramente, com o próprio parque estadual. Há ainda um corredor ecológico sendo implementado a oeste da área protegida.

“Quando nós terminarmos de restaurar tudo isso e juntarmos os fragmentos com o parque, que tem 33.800 hectares, vamos ter mais de 45 mil hectares conectados. Um dos nossos objetivos aqui no Pontal é ter micos em todas as áreas de floresta que estão sendo conectadas. E para isso, nós precisamos trabalhar o manejo”, afirma Gabriela.
O trabalho inclui avaliar outras translocações e até a reintrodução em locais onde o mico foi localmente extinto, assim como reforçar a população em cativeiro – atualmente com menos de 100 indivíduos – para que possa ser uma população de segurança caso algo aconteça com os animais na natureza.
“Das vinte localidades que a espécie ocorre hoje, nós só temos uma população viável e auto-sustentável reconhecida. Isso significa que essas outras 19 localidades de ocorrência precisam ser cuidadas e o manejo é uma estratégia que pode fazer com elas sobrevivam”, completa a coordenadora do Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto.
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Excelente reportagem! O trabalho é muito interessante e o texto está muito bem escrito.
Parabéns! Que baita reportagem!