O presidente da Áustria, Van der Bellen, cancelou a participação da COP 30, prevista para ocorrer em novembro deste ano em Belém, capital do Pará, no Brasil, devido aos altos custos de logística que envolvem a viagem. O comunicado do cancelamento foi divulgado pela ORF, emissora pública de rádio e televisão da Áustria.
A desistência do presidente austríaco se dá dias após o presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, afirmar que países têm pressionado o Brasil a transferir a conferência climática para outra cidade por causa do alto preço cobrado pelos hotéis da capital paraense durante o evento.
Segundo o comunicado do gabinete de Van der Bellen, o orçamento federal “exige cortes e disciplina orçamentária de todos os órgãos públicos” e seria incompatível com os valores necessários para enviar uma delegação de negociadores ao encontro.
“Os custos particularmente elevados por motivos logísticos para a participação do presidente federal na COP deste ano, além da delegação austríaca de negociadores, não estão contemplados no orçamento restrito da presidência”, disse o comunicado.
Entretanto, o gabinete austríaco endossou a defesa do governo brasileiro de que a capital paraense tem “grande valor simbólico”: “Pela primeira vez, a Conferência Mundial sobre o Clima acontecerá na região da floresta tropical, cuja destruição é um fator importante na crise ambiental e climática global”, disse.
Além de Van der Bellen, a maior organização de proteção ambiental da Áustria, a Global 2000, também optou por não participar do encontro. O país europeu será representado pelo ministro do Clima e Proteção Ambiental da Áustria, Norbert Totschnig. “É mais importante do que nunca dar um sinal claro de cooperação internacional na proteção climática”, disse a pasta ao programa da ORF, ZiB2.
O Brasil vêm enfrentando diversas críticas em relação aos altos custos de hospedagem e falta de unidades hoteleiras que consigam suprir a demanda das delegações dos países. A expectativa é que a cidade receba cerca de 50 mil participantes de quase 200 países, mas o plano inicial dos organizadores previa um teto de 36 mil camas.
Nesta semana, a problemática se oficializou com o escritório climático da Organização das Nações Unidas (ONU) realizando uma reunião de emergência para debater os altos preços das acomodações. A situação se tornou mais complicada quando 25 países entregaram uma carta na qual questionam a situação. Entre os signatários está o bloco dos Países Menos Desenvolvidos (LDC, em inglês), que inclui 44 países em desenvolvimento como Tuvalu, Libéria, Angola, Gâmbia, entre outros.
O presidente da COP30 admitiu que os altos preços podem inviabilizar a vinda dessas nações, mas disse que o país deve agir, sob pena de que isso fira a legitimidade do evento.
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