Maior e mais antiga rede ambiental do planeta, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), aprovou uma resolução que reconhece desmate, garimpo, pesca e poluição criminosos como ameaças diretas à biodiversidade, aos direitos humanos e ao equilíbrio ambiental.
O texto determina que a entidade estruture uma estratégia, crie uma força-tarefa e se engaje com organismos da ONU para enfrentar esses ilícitos. Também conclama governos e setor privado a conter a corrupção, proteger defensores ambientais e fortalecer legislação, investigação e cooperação internacional.
Na prática, a medida aproxima a comunidade conservacionista do sistema global de justiça criminal, sobretudo da Convenção contra o Crime Organizado. Também abre alas para padronizar definições, compartilhar provas, facilitar extradições de criminosos e “seguir o dinheiro” em cadeias ilícitas transnacionais.
Se bem implantada, a decisão pode destravar apoio internacional, capacitação e padrões comuns para coleta e rastreamento de evidências, elevando riscos e custos da criminalidade. Reforça, ainda, a urgência de políticas de proteção à vida selvagem, aos povos indígenas e a servidores públicos.
Para Charles Barber, diretor da Nature Crime Alliance e diretor de Governança e Políticas de Recursos Naturais na ong WRI (sigla em Inglês do Instituto de Recursos Mundiais), a resolução é um marco que cria impulso sobre o tema rumo ao Congresso das Nações Unidas sobre Crime, em 2026.
“O ilícito ambiental é uma das atividades ilegais mais lucrativas do mundo, mas ele alimenta o desmatamento, impulsiona a perda de biodiversidade e causa imenso sofrimento humano – roubando recursos e receitas de comunidades e países”, afirma.
No plano diplomático, o movimento alinha os países aos debates em curso na ONU sobre um esperado protocolo específico para crimes ambientais. Nesse sentido, se o Executivo quiser e o Congresso permitir, há uma bela janela para que o Brasil modernize leis, amplie investigações e a cooperação internacional.
Afinal, embora o governo brasileiro não seja membro formal da UICN desde 2016, o país mantém laços por meio de dezenas de organizações filiadas, que articulam posições e projetos de conservação de ambientes e espécies. Também há cooperação da entidade com o setor privado.
Leia também
Mercado Livre é a maior vitrine para comércio irregular de moluscos no Brasil
Pesquisa identificou 22 espécies vendidas no país pela internet, envolvendo fins ornamentais, religiosos e até culinários →
Mais de mil aves resgatadas do tráfico na região serrana do Rio de Janeiro
Quase duas centenas já morreram por maus tratos, enquanto as demais serão avaliadas para reintrodução na natureza →
Redes sociais, Algoritmos P e Algoritmo TAS: Adultização de crianças e escravidão de animais
Conteúdos de animais silvestres em contato com humanos ou em ambientes antropogênicos permitem a camuflagem de uma rede criminosa de tráfico, exploração e crueldade →




