– Sem informação íntegra, nenhuma política pública é eficaz; sem transparência, nenhuma decisão é legítima; sem confiança, nenhuma sociedade é resiliente.*
A desinformação em crises climáticas é um problema sem precedentes no atual ecossistema da internet e das redes sociais. Embora o avanço da tecnologia tenha aumentado de maneira inestimável o acesso livre à informação de qualidade, de muitas maneiras, também aumentaram as fontes de disseminação de conteúdos enganosos e discurso de ódio, danosas à vida das pessoas e à democracia.
Pensando em contribuir com essa questão, foi produzido o Guia de Integridade da Informação no Contexto da Crise Climática no Rio Grande do Sul: Protocolos, Boas Práticas e Governança da Informação para enfrentar a Infodemia Climática. Com participação da UFRGS entre as instituições autoras, a iniciativa, liderada pela Fiocruz, juntamente com Embrapa, Nações Unidas para o Brasil e Secretaria de Comunicação do Rio Grande do Sul, é resultado de seis meses de colaboração entre as instituições e os pesquisadores.
Entre os 55 especialistas de mais de 10 universidades, o Laboratório de Comunicação Climática (CNPq/UFRGS) e o Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS) marcaram presença por meio das pesquisadoras Alice Balbé, Cláudia Herte de Moraes e Eloisa Beling Loose. As atividades do grupo fazem parte da ‘Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas’, que na última semana, durante a COP30, apresentou a ‘Declaração sobre a Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas’, com compromissos internacionais pioneiros pensados para combater a desinformação climática.
Este guia traduz em diretrizes operacionais o que os desastres como as inundações no Rio Grande do Sul evidenciaram: a comunicação deve estar presente em todas as etapas da gestão de um desastre, inclusive quando ele ainda é um risco. Sem ela, a organização de todo um estado pode ruir e causar danos reais à vida das pessoas.
No capítulo “Enchentes no Rio Grande do Sul”, a autora apresenta a crise que afetou o estado gaúcho com as chuvas de 2024 e a presença marcante da desinformação. No texto, é discutido as principais falsas narrativas do momento do desastre – e como, através de boas práticas, crises comunicacionais como esta podem ser mitigadas e, principalmente, prevenidas.
Já em “Protocolos e Ferramentas Práticas para o Combate à Desinformação no Contexto de Risco e Desastre”, expõe-se o panorama dos protocolos para garantia da integridade da informação e os riscos associados à desordem informacional. O capítulo discute como a verificação eficaz pode ser feita com fluxos organizados de checagem e metodologias colaborativas.
Por fim, “Educação Midiática e Capacitação Contínua” é um roteiro estratégico para gestores públicos, comunicadores e educadores colocarem em prática a educação midiática e a capacitação contínua em escolas e comunidades. Essas atividades buscam contribuir para o desenvolvimento de competências infocomunicacionais nos alunos, construindo consciência de como lidar com a ‘infodemia’, ou excesso de comunicação, durante crises climáticas.
*Guia de Integridade da Informação no Contexto da Crise Climática no Rio Grande do Sul: Protocolos, Boas Práticas e Governança da Informação para enfrentar a Infomedia Climática (2025)
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