
Especialistas citam duas hipóteses para a mortandade: o fenômeno natural da dequada – ocasião em que o pulso de inundação eleva a quantidade de matéria orgânica nos cursos d’água, ocasionando falta de oxigenação e consequentemente morte da ictiofauna – e a ação antrópica, causada por desmatamento, queimada ou uso de defensivos agrícolas que podem ter sido carreados com sedimentos para o curso fluvial.
O biólogo André Luiz Siqueira, diretor de Políticas Públicas da ONG Ecoa Ecologia e Ação, a mais atuante no estado, afirma que o fenômeno é muito comum na calha do rio Paraguai, mas que até então não havia sido registrado no rio Negro: “Não há indústrias na região, mas há possibilidade de contaminação ocasionada em alguma fazenda. Não se sabe ao certo, pois na dequada do rio Paraguai os peixes agonizam antes da morte. Se for isso o que aconteceu no rio Negro, vale uma investigação mais aprofundada, já que é praticamente inédita naquele rio. Mas vale ressaltar que pesticidas, agrotóxicos, queimadas e crescimento de massa vegetal no leito do rio são agravantes para o fenômeno”.
A dequada provoca variações nas características físico-químicas da água, como cor, condutividade, alcalinidade, com elevados teores de gás carbônico, letais para praticamente todas as espécies de peixes. Dependendo da magnitude, pode causar mortandade natural de milhares de toneladas de peixes.
O rio Negro é um dos mais importantes tributários da planície pantaneira, alem de ser considerado berçário de peixes. A única modalidade de pesca permitida nele é a esportiva (pesque e solte). A maior preocupação de ambientalistas e moradores da região é o fato de que o defeso, período de reprodução dos peixes, acontece agora, ocasião em que a pesca está proibida até o fim de fevereiro. Equipes do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), IBAMA e Polícia Militar Ambiental foram enviadas à região para análise e coleta de amostras de água e ictiofauna. As análises laboratoriais devem ser concluídas em cinco dias. As autoridades aguardam o laudo técnico para tomar providências. (Fábio Pellegrini)
Leia também

Comunicação para a conservação
Um manual de boas práticas em comunicação para projetos de conservação ambiental no Brasil. Este manual faz parte do Produto Final apresentado ao Programa de Mestrado Profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável da Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS/IPÊ), em agosto de 2025, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre. →

Juventude amazônida cobra transição justa e espaço em decisões climáticas
A um mês da COP30, juventudes clamam: “Não admitimos mais vivenciar na pele os efeitos de um colapso ambiental que não é causado por nós" →

((o))eco e ESCAS-IPÊ disponibilizam manual de boas práticas em comunicação para projetos de conservação
Publicação reúne orientações para texto, áudio, vídeo e redes sociais. Material foi elaborado pela repórter Cristiane Prizibisczki durante mestrado na Escola Superior do Instituto →