Há uma grande dificuldade em escrever uma coluna semanal sobre meio ambiente quando os fatos políticos ( policiais?) vão se sucedendo em velocidade tal que nos deixa a sensação de que o último escândalo já aconteceu há algumas décadas. Lamentavelmente para nós contribuintes, o último escândalo nada mais é do que preâmbulo para o próximo e assim, de escândalo em escândalo, vamos vivendo de espanto em espanto. Mas, afinal de contas, tais escândalos geram alguma repercussão para o meio ambiente? Este é o ponto que nos interessa em um site ecológico. Modestamente, penso que sim. Lamentavelmente todas essas malas voadoras repercutem no meio ambiente e não é só pelo couro ou pelo petróleo utilizado para as suas confecções mas, especialmente, pelo que subtraem de recursos que deveriam ter uma destinação mais adequada.
O fato que não pode ser escondido – visto que os aparelhos de raio X utilizados nos aeroportos, captam até os dólares na cueca dos espertalhões – é que, de uma forma ou de outra, toda a grana acaba saindo dos orçamentos públicos que, em última análise são construídos sobre a base da arrecadação do Estado, ou seja do bolso daqueles que, como eu, ficaram com cara de idiotas enquanto o Sr. Delúbio ria da gente na CPI dos Correios e escancarava o seu péssimo português, incapaz que é de fazer uma simples concordância verbal. É inacreditável que o Tesoureiro seja professor e tenha chegado a ser dirigente sindical da categoria. O mesmo se diga do nosso Silvinho Pereira que de sociólogo não tem nada. Estes dois escroques e os outros que estão por trás deles, ao roubarem o dinheiro do Estado Brasileiro, mesmo que por vias transversas, contribuem para a não demarcação dos Parques Nacionais, para o não aparelhamento dos órgãos ambientais, para que as vítimas do Césio 137 continuem sofrendo, para que a Cidade dos Meninos permaneça um caso insolúvel e para muitas outras mazelas que já são bastante conhecidas de todos nós.
Alguém poderá dizer que o meu argumento é simplista e que as coisas não bem assim, Talvez tenham razão, talvez não. O fato é que necessitamos parar com a choradeira de que o “Brasil é um país pobre”, que estamos em vias de desenvolvimento e outras bobagens que só servem para tentar disfarçar uma auto-indulgência coletiva com a nossa incapacidade coletiva em dar um basta a todo esse estado de coisas. Um país que consegue sustentar uma canalha como esta que está rindo de nós todos, não tem nada de pobre. Pelo contrário, é muito rico, riquíssimo. Também no quesito picaretagem nós somos um país megadiverso, visto que a vigarice é supra partidária.
Na área estritamente ambiental, o saque que está sendo articulado é o da “concessão de florestas”. Uma armação para “legalizar” o corte indiscriminado de árvores e a destruição da floresta amazônica que ficará na condição de próxima vítima a ser predada pela gang de sempre. Será que, realmente, temos a necessidade de “conceder” florestas nacionais? A quem aproveita? É interessante observar como a chamada “Operação Curupira” acabou gerando uma “externalidade” ambiental benéfica que foi a diminuição no ritmo do desmatamento, fato que demonstra que o desmatamento não era um assunto econômico ou ambiental, mas policial.
O PL 4.776, de 2005, conforme adotado pela Comissão Especial “Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro – SFB, cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal – FNDF, e dá outras providências.” Em primeiro lugar há que se consignar que não existe qualquer justificativa para que um país que vem sendo constantemente atacada nos fora internacionais como degradador de florestas tropicais, venha espontaneamente oferecer suas florestas para madeireiras, sob a doce designação de concessão. O melhor a se fazer é simplesmente arquivar o projeto e esquecer o assunto, pois tudo está a demonstrar que o país não tem nada a ganhar com a autorização oficializada para que se avance na degradação do meio ambiente.
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