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Carta – Os peixes do Pantanal pedem água II

De Thomaz Lipparelli Superintendente de PescaSecretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos HídricosIlmo. Sr.Marcos Sá CorreiaGostaríamos de...

Redação ((o))eco ·
21 de junho de 2006 · 18 anos atrás

De Thomaz Lipparelli
Superintendente de Pesca
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Ilmo. Sr.
Marcos Sá Correia

Gostaríamos de congratular a iniciativa e a imparcialidade editorial desta Agência de Notícias, em trazer à opinião pública fatos da tragédia ambiental e social silenciosa que enfrentamos no Pantanal, tão bem articulados em vosso artigo “Os Peixes do Pantanal pedem água”.

Como representante do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, na qualidade de Superintendente de Pesca, solicito o direito de resposta às acusações deméritas feitas pelo ambientalista Sr. Alcides Farias – ECOA/MS, ao Governo deste Estado, publicadas no comentário da referida matéria.

Quando assumimos a Superintendência de Pesca deste Estado em agosto de 2003, tínhamos a difícil tarefa de equacionar grandes questões de ordenamento pesqueiro deste Estado, sobretudo da bacia do alto Paraguai, dentro de um cenário assustador de redução gradativa dos estoques pesqueiros e um quadro social preocupante. Entre os desafios estava em apontar aos pescadores profissionais – artesanais ribeirinhos, alternativas de trabalho e renda. Surge então o projeto PESCA & QUALIDADE DE VIDA: ALTERNATIVAS DE TRABALHO E RENDA, que tenho a satisfação de encaminhá-lo em anexo e disponibilizar a todos os vossos leitores.

Concebido em tempo recorde e com um complexo arranjo institucional de execução, o projeto ganhou o status de PROJETO PRIORITÁRIO DE GOVERNO e em 2004 acordou parceria com a Prefeitura Municipal de Bonito, para que o mesmo fosse executado junto a comunidade de pescadores do KM21 – rio Miranda. Entretanto, fomos surpreendidos com manifestações contrárias de “outros doutores” ao projeto, sob a alegação descabida de certos setores, de que o Governo do Estado estaria “destruindo a identidade cultural desta população tradicional”. Informamos que estamos concluindo uma avaliação do perfil sócio-econômico dos pescadores profissionais deste Estado, com apoio de sociólogos das Universidades parceiras, que irão apontar o verdadeiro perfil destes pescadores, para que possamos definir novos projetos estratégicos.

Cabe ressaltar, que o “óbvio” levantado pelo ambientalista, demonstra o quanto o mesmo desconhece as ações do governo Zeca e de seus doutores. Com recursos do Ministério da Agricultura, em parceria com o SEBRAE-MS e PNUD, estamos levando algumas ações do Projeto PESCA & QUALIDADE DE VIDA, cujos primeiros resultados serão apresentados na Conferência Brasileira sobre Materiais e Tecnologias não-convencionais na Construção Ecológica e Sustentável, que se realizará em Salvador em outubro de 2006.

Quanto aos obscuros “doutores do Estado”, apontado pelo ambientalista, cabe ressaltar que na verdade são 12 pesquisadores com Mestrado e Doutorado em Biologia de Peixes, com forte vinculo com a Conservação, oriundos das seguintes Instituições: UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e UNIDERP – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal , e da SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, que se uniram e criaram em 2005 o CENTRO DE MONITORAMENTO DE RECURSOS PESQUEIROS DA BACIA DO PRATA, com a parceria da UEM – Universidade Estadual de Maringá – através do NUPELIA, UNESP – Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – através do CAUNESP, e da SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso, IBAMA-MS e POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL – MS. Ressaltamos que o convite foi estendido à EMBRAPA Pantanal, mas não aceito pelos seus pesquisadores, o que profundamente lamentamos.

. Assim, registramos nossa indignação e repúdio a toda e qualquer manifestação descomprometida com a verdade. Não temos dúvidas que as ações que estamos desencadeando em Mato Grosso do Sul, no que tange às políticas de pesca, estão ameaçando interesses pessoais, sobretudo daqueles que se nutrem da miséria destes pescadores excluídos. Mas o tempo dirá quem tem a razão.

A arrogância, o oportunismo político, as posições ideológicas extremistas e os argumentos sem qualquer fundamentação técnica-cientifica plausível, daqueles que se opõem às mudanças, em nada contribuirão para conservamos o pouco que nos restou. Muito pelo contrário, contribuirá ainda mais com a redução dos estoques pesqueiros e com a auto-estima destes pescadores.

Agradecemos esta oportunidade em nome do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, colocamo-nos à disposição de todos, para um confronto de idéias e discussões de alto nível.

Atenciosamente,

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