Aqui em ((o))eco somos obrigados a ficar atentos às más notícias sobre a conservação. Faz parte do ofício do jornalismo ser vigia, publicar as informações que permitem ao público formar sua opinião. Mas também gostamos de beleza e de coisas boas. Nessa sexta, 21 de setembro de 2012, aproveitamos para trocar com o leitor depoimentos de jornalistas e amigos de ((o))eco sobre as árvores inesquecíveis das nossas vidas. Qual foi a sua, amigo do ((o))eco?
O baobá imponente do Recife
Eu sempre me impressionei com o baobá da Praça da República, no Recife. A árvore fantástica chama minha atenção desde meus tempos de criança. Muito mais tarde, adulto e profissional (nessa ordem), fiz uma reportagem sobre o interesse por baobás, espécie tão comum no Recife. Entre entrevistas e pesquisas, fui descobrir que o baobá da praça — que é o endereço do Palácio do Campo das Princesas — está lá desde o século 19. Vi fotos de crianças de três gerações da mesma família posando para fotos com ele ao fundo.
O baobá da Praça da República é o mais conhecido da cidade e o Recife é cheio dessas gordas e grandes representantes da flora africana. Outro baobá do Recife com uma história e tanto é a árvore das Graças. Em 1975, a grande inundação da cidade levou de tudo. Mangueiras foram arrancadas, casas caíram, lama por todos os lados. O baobá das Graças está lá até hoje. (Celso Calheiros)
A chacoalhada conjunta das crianças
A minha árvore não era frondosa. Baixinha e frágil, o pequeno arbusto da família das Malpighiaceae, a aceroleira, era o nosso “ponto” de partida para todas as brincadeiras no quintal da casa dos nossos avós. E como era grande aquele quintal. Nele tinha também pé de cacau, abacate, limão, murici, manga, goiaba e romã.
Mas era da arvorezinha do fruto azedo que a gente gostava. Eram mais de oito crianças que disputavam o “lugar à sombra”. Quem chegasse primeiro tomava a posição de “sindico”. Cabiam uns 4 pirralhos de no máximo 40 quilos. Os que não venciam a concorrência ficavam choramingando debaixo dela.
Bem podada, suas ramificações transformavam-se em salas, quartos e cozinha. Hoje lembro que era difícil pra nós desviar de todas aquelas pontas secas. Mas nada era empecilho, já ouviu dizer que “menino arruma jeito pra tudo?”. O ápice da brincadeira era a chacoalhada conjunta. Um presente em chuvas de acerola para os que ficaram no chão. Minto, na verdade, dividíamos meio-a-meio o fruto selecionado.
Hoje também tenho um pé de acerola em casa. Mas não consigo imaginar aquela meninada toda se pendurando nos seus galhinhos tão finos. Eu sei que aquela aceroleira tinha a medida certa para a criançada. Essas coisas que só acontecem na casa dos avós… (Leilane Marinho)
A árvore que conversou comigo
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