Rio de Janeiro – Grupo liderado pelo economista Jeffrey Sachs, conselheiro especial do Secretário-Geral da ONU, lista cinco cidades no mundo para identificar problemas urbanos e propor soluções sustentáveis. Por ter sediado a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, o Rio de Janeiro foi escolhido para ser o primeiro estudo de caso da Rede Global de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Sustainable Development Solutions Network), dirigida por Sachs.
Um grande centro urbano foi escolhido em cada continente para ser objeto de estudos e proposições. Integram a lista das “top 5” cidades, além do Rio, Nova York, por abrigar a sede global da ONU; Estocolmo na Suécia que, em 1972, realizou a Conferência sobre o Meio Ambiente Humano; Bangalore na Índia; e Accra no Gana.
Segundo Sachs, os problemas são globais, mas as soluções devem ser pensadas de forma local e integrada com centros de estudo numa parceria entre setor privado, universidades e poder público.
“Queríamos que essa rede global ajudasse a pensar o desenvolvimento sustentável em algumas importantes cidades no mundo. O Rio foi a primeira cidade na lista. Existem ótimas ideias em todo o mundo que podem ajudar lugares específicos a encontrar novos caminhos”, disse a ((o)) eco o professor da Universidade de Columbia que já foi considerado duas vezes pela revista Time um dos 100 nomes mais influentes no mundo.
Para ser sustentável, o Rio precisa de…
Em uma breve conversa durante o lançamento oficial da ‘Rio Sustainability Initiative’, nesta segunda-feira, dia 24 de junho, no Museu do Meio Ambiente no Jardim Botânico, Sachs citou aspectos importantes que a cidade ainda precisa avançar para se enquadrar no rol das cidades sustentáveis. E não são poucas as áreas que o Rio deve prestar maior atenção se quiser adquirir este status. “Acredito que existem muitas áreas como energia, fornecimento de água, uso de tecnologias de informação, smart grids (rede elétrica inteligente), sistema educacional, criação de emprego, capacitação e inserção de jovens no mercado de trabalho”, afirmou.
A mobilidade, enfatizou, “aparenta ser uma grande questão para os que vivem na cidade”. Para Sachs, não é apenas uma questão de resolver a tarifa de ônibus hoje e sim “como inventar um novo sistema de mobilidade completamente diferente, e não é fazer isso de uma semana para a outra”, discutiu.
“Se olharmos para o desenvolvimento sustentável, este abrange questões econômicas, sociais, ambientais e de governança. E, claramente, o Rio tem todos esses problemas, assim como Nova York”.
Ao lado de tantas belezas naturais e cênicas, a parte ambiental também é uma questão desafiadora, segundo o economista. “Como administrar a biodiversidade na cidade e mantê-la saudável, com os níveis de poluição reduzidos, assim como a pegada de carbono e emissões e fazer o transporte mais sustentável. A governança aparece aí como um grande problema”, salientou.
Sachs que lidera a Rede Global de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável admite que “ninguém sabe muito bem como fazer isso” ao argumentar que não existem respostas fáceis e a demanda pela criatividade tem sido maior do que nunca.
Encabeçado pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) que integra o conselho de liderança da Rede Global, o workshop reuniu autoridades, especialistas e conhecedores da realidade do Rio de Janeiro, como a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; o chefe de energia sustentável e mudanças climáticas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Walter Vergara; o arquiteto e ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, idealizador do BRT (Bus Rapid Transit); e a empresa olímpica municipal.
“Estamos começando a identificar iniciativas com soluções para o Rio. Foi um brainstorm e espero que ocorram mais. Temos uma lista com a sugestão de prioridades e espero que, em um ano, já tenhamos um programa de trabalho para seguirmos”, explica Sachs.
Em cada cidade que integra as “Top 5”, serão realizados encontros iniciais para identificar desafios chave e como apoiar governos locais com ideias. A ambição é desenvolver uma rede com universidades e instituições.
“Não acredito que os governos podem resolver todas essas questões por conta própria, eles não tem todos os conhecimentos técnicos, não tem as ideias e tão pouco as mentes de jovens que são cruciais para este processo de transformação”, defendeu o economista.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
A nível global, Jeffrey Sachs é um dos entusiastas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e, com sua Rede Global de Soluções, pretende ajudar na elaboração das metas que deverão suceder os Objetivos do Milênio (ODM). O mundo agora está com pressa, garante.
“Acredito que os ODS são ainda mais amplos e inclusivos. Todos os governos e países devem aderir. Nenhum país, rico ou pobre, é autossustentável.
Estamos com pressa e espero que em setembro deste ano (na Assembleia Geral da ONU), algumas decisões já sejam tomadas para tornar as metas de desenvolvimento sustentável a peça central para a agenda pós-2015”, concluiu.
Leia Também
Um economista para um mundo novo
Mais nem sempre é o melhor
Negociador brasileiro diz que líderes não mudarão texto
Leia também
Negociador brasileiro diz que líderes não mudarão texto
“Esse é o documento, o texto está negociado e concluído”, declarou Luiz Alberto Figueiredo, secretário executivo do Brasil na Rio+20 →
Mais nem sempre é o melhor
Será que temos mesmo que fazer mais um monte de hidrelétricas? Para muita gente, a resposta seria “sim”. Para mim, a primeira resposta deve ser “depende”. →
Um economista para um mundo novo
Com uma formação ortodoxa, Jeffrey Sachs surpreende voltando o olhar da economia para mais próximo da ecologia, sua irmã esquecida. →