Notícias

Tatu-Peba: gosta de salada, mas tem fama macabra

O homenageado desta semana adora vegetais, mas se precisar come de tudo, até carniça

Rafael Ferreira ·
19 de dezembro de 2013 · 11 anos atrás
Euphractus sexcinctus. Foto: Blake Matheson.

Tatu-peba ou tatupeba é um nome originário do tupi tatu’pewa, para “tatu chato”, em referência ao formato de corpo desta espécie de tatu, a Euphractus sexcinctus. Ela tem a cabeça pontuda e achatada. O nome Sexcintus, por sua vez, traduzido do latim, significa “seis cintas”, pois a carapaça do animal é dividida em seis a oito placas (ou cintas) móveis. Esta carapaça, forte e resistente,  reveste o dorso, parte da cabeça e a cauda tem formação óssea.

O tatu-peba é nativo da América do Sul e pode ser encontrada desde o Suriname até o norte da Argentina, incluindo a Bolívia, o Uruguai, Guianas, Paraguai e Brasil. Aqui, ele é comum na região Nordeste, nos campos, cerrados e bordas de floresta da Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará.

Seu corpo é geralmente de cor amarelada, às vezes bronzeado ou marrom-avermelhado. A maioria dos indivíduos também possui pelos densos em quantidade razoável que servem de proteção. Todos os cinco dedos da pata anteriores têm garras grandes e fortes que são utilizadas para cavar o chão e construir tocas. Juntos, cabeça e corpo medem entre 40 e 95 cm, e a cauda acrescenta outros 12 a 24 cm. O peso deste animal varia de 3.2 a 6.5 kg.

Ele também conhecido como peba, tatupoiú, tatu-de-mão-amarela, tatu-cascudo, tatu-peludo, peludo e papa-defunto. Este último é uma referência à crença popular de que a espécie se alimenta de cadáveres, o que não está longe da realidade: onívoro, o Euphractus sexcinctus se alimenta de uma vasta gama de plantas e animais, inclusive carniça. Insetos, como formigas e cupins, e pequenos vertebrados, como sapos também são fazem parte da dieta. Mas o tatu peba gosta mesmo é de uma saladinha. Vegetais compõem 90% da sua dieta e incluem frutas, tubérculos e sementes.

Tatus-pebas são animais terrestres solitários, que constroem suas tocas em habitats variados, que vão desde florestas tropicais a pastagens. Entretanto, é encontrado principalmente em áreas abertas, como planícies de Cerrado. A toca é cavada a 2 metros de profundidade e é usada como abrigo e refúgio contra predadores. Asseado, o tatu-peba usa um local fixo para defecar, que não seja dentro da própria toca.

Diferente da maioria das espécies de tatu, o tatu-peba tem hábitos diurnos. Também são animais tímidos. Demarcam seus territórios através com o cheiro que exala de suas glândulas odorífera. Se ameaçados, em geral, correm para escapar de predadores e animais estranhos, mas pode ser agressivo com membros da própria espécie.

No período reprodutivo, a fêmea gera ninhadas de 2 a 4 filhotes em uma toca que ela mesmo constrói. A gestação dura de 60-65 dias. Ao nascerem, os filhotes que pesam entre 95 e 115 gramas e só abrem os olhos após cerca de 20 dias de vida. Atingem a maturidade com 09 meses e vivem até os 15 anos de idade.

O E. sexcinctus não é uma espécie classificada como em extinção ou ameaçada. No entanto, são capturados ou mortos por agricultores em razão da predileção do animal por brotos de milho. No Nordeste, também são caçados pela sua carne, considerada uma iguaria. A criação deste animal para abate pode ser autorizada pelo Ibama.

Na lista vermelha de animais em risco da IUCN, o Euphractus sexcinctus é listado como pouco preocupante, pois sua distribuição geográfica é variada e extensa. Presume-se que exista em boa quantidade dentro de áreas protegidas, e sua capacidade de adaptação o protege do declínio e do risco de extinção.

Leia também
O Mico-de-cheiro
Teiú: um nome curto para um lagarto grande
Acorda, Raposa!

Leia também

Notícias
8 de novembro de 2024

Nova meta de redução de emissões brasileira não tem alinhamento com o 1.5°C

Governo brasileiro anunciou sua nova NDC na noite desta sexta-feira, véspera da Conferência do Clima da ONU. Sociedade civil pedia meta mais ambiciosa

Notícias
8 de novembro de 2024

A pressa para catalogar espécies de insetos antes que sejam extintas

Editores de 𝘐𝘯𝘴𝘦𝘵𝘰𝘴 𝘥𝘰 𝘉𝘳𝘢𝘴𝘪𝘭, professores pesquisadores da UFPR estimam que há mais espécies para serem descobertas do que as mapeadas até agora

Análises
8 de novembro de 2024

Obstrução da COP16: a distância entre o discurso e a prática

Nem os países ricos nem os países demandadores de recursos, em boa parte, têm dado uma demonstração mais efetiva de que estão realmente determinados a gerar alterações em seus modelos de desenvolvimento

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 6

  1. arturo diz:

    ele come carne asada fideos ao pesto pao, linguiza tomates, ciruelas
    etc etc


  2. Joalisson diz:

    Estou criando um que peguei ontem à noite, queria saber melhores cuidados para ele sobreviver, pois é um presente pra minha filhinha.


  3. Marx diz:

    Há um vídeo que mostra um arrastando um filhote de ovelha durante a noite num pasto. A pessoa que gravava interrompeu o intrépido tatu mas tudo indicava que a ovelha já estava morta e que estava sendo arrastada pra uma toca. Apenas confabulando.


  4. Sâmia Larissa diz:

    Eu fiz uma pesquisa e não encontrei nenhuma resposta…Eu gostaria de saber se tatu-peba come gato ou vice verça.
    essa pergunta eu fiz por causa que a umas semanas atrás eu ganhei um peba ai eu crio gatos a muitos anos e não quero que nem um bichinho meu se machuque.
    obrigada… aguardo uma resposta.
    um detalhe eu tenho 11 anos e estou usando o Email da minha mãe desculpe-me pelos erros de ortografia
    só fiz o comentário porque me preocupo com meus animais
    obrigada mais uma vez.


    1. Brito diz:

      Não come não, fique tranquila. Mas, seria interessante que este tatu ainda fosse jovem ou um adulto que foi bem manejado/amansado.


  5. leonababyblog diz: