O Dia Mundial das Águas é celebrado no próximo sábado, dia 22 de março. O Brasil, porém, tem pouco a comemorar em meio às mudanças climáticas que afetam o planeta. O desequilibrio provocado pelo aquecimento global, marcado por contrastes extremos, gerou crises graves no primeiro trimestre de 2014. Os problemas vão das chuvas anormais que provocaram enchentes na Bolívia e na região norte do país, ao tempo seco que fez com que diferentes cidades tivessem que promover rodízio no abastecimento de água. Neste contexto, ferramentas de visualização de dados podem ser fundamentais para traçar relações e melhor entender a situação – e, assim, pensar em soluções, formas de minimizar danos ou prevenir tragédias. Os mapas de precipitação do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, por exemplo, ajudam a visualizar como a chuva se concentrou em algumas regiões neste primeiro trimestre.

As relações entre a chuva que deixou Rondônia debaixo d´água e a seca na região sudeste são claras para quem acompanha o assunto. Em sua coluna no jornal O Vale, de São José dos Campos (SP), o geólogo e pesquisador do INPE Paulo Roberto Martini destacou como o verão seco em São Paulo e cidades próximas é consequência da concentração de temporais na Amazônia Ocidental. “A umidade ficou por lá mesmo e acabou gerando um verão tremendamente chuvoso em todo o sistema formador do Rio Madeira. Os rios Mamoré, Beni e Madre de Dios atingiram cheias excepcionais”, escreveu. Os rios encheram tanto que é possível visualizar as cheias por satélite.
Enquanto, em São Paulo o nível dos reservatórios despencou, conforme é possível visualizar no gráfico abaixo, feito a partir dos dados da Sala de Situação da Agência Nacional de Águas (ANA).
A crise de abastecimento é uma das mais graves das últimas décadas, conforme é possível observar no gráfico do próprio boletim da ANA, reproduzido abaixo.

Leia também:
Teimosia antiga e as enchentes na Amazônia
Maior cheia já registrada no Rio Madeira mantém Acre isolado
Mudanças climáticas: chuvas alagam florestas na Bolívia
Leia também

O atobá quarentão que uniu gerações de pesquisadores
Um sistema brasileiro tem mais de um milhão de registros de aves anilhadas, que ajudam a conservar espécies de vida livre →

Soluções Baseadas na Natureza são essenciais para cidades costeiras
É preciso disseminar os diversos benefícios que a natureza oferece para a cidade, muitas vezes de forma mais econômica do que intervenções convencionais →

Pesquisadora brasileira ganha prêmio internacional por trabalho com onças-pintadas
A bióloga Yara Barros recebeu o Whitley Award por suas ações em prol da proteção e recuperação da população de onças no Parque Nacional do Iguaçu e na Mata Atlântica →