Duas novas espécies de sapinhos, que cabem na ponta de um dedo, foram descobertas no topo de montanhas das cidades paranaenses de Piraquara e São José dos Pinhais, na Serra do Mar. Além do tamanho reduzido, eles chamam a atenção por outras adaptações para a vida nas alturas: resistência ao frio e não sabem nadar, apesar de serem anfíbios.
Além disso, não passam pela fase de girino no desenvolvimento e possuem número de dedos reduzidos em relação a outras espécies. Com tamanho entre 10 e 12 milímetros, estão entre os menores vertebrados terrestres do mundo. Os sapinhos pertencem ao gênero Brachycephalus, que em latim significa latim “cabeça com braços” e são endêmicos da Mata Atlântica. A descrição do B coloratus e do B curupira foi publicada em julho na revista Peerj, por biólogos do Instituto de Estudos Ambientais Mater Natura, uma organização não governamental.
De acordo com os responsáveis pela descoberta, esses sapinhos da montanha só podem ser encontrados nessa região. “Uma característica dessas espécies é o microendemismo, ou seja, um fenômeno que torna a distribuição delas extremamente reduzida, em apenas uma localidade identificada até o presente momento”, afirma o biólogo Luiz Fernando Ribeiro, professor da PUCPR e pesquisador do Mater Natura.
Ao longo de cinco anos, quatorze espécies de anfíbios foram descobertas na Mata Atlântica, entre os estados do Paraná e Santa Catarina. O biólogo Márcio Pie, pesquisador do Mater Natura e professor da Universidade Federal do Paraná, destaca a importância do financiamento oferecido pela Fundação Grupo Boticário para os estudos, que tornou possível expedições já realizadas e outros já planejadas. “A dificuldade de chegarmos a vários desses ambientes provavelmente fez com que esses anfíbios tenham sido relativamente negligenciados em estudos prévios”, afirma.
Um sapinho Floydiano
Em maio, outra espécie de Brachycephalus havia sido descoberto na Serra do Brigadeiro, em Minas Gerais, e ganhou um nome um tanto excêntrico. O batismo do B darkside foi inspirado na trilha sonora que embalava o descanso dos pesquisadores, um álbum da banda Pink Floyd, mas tem relação também com um tecido conjuntivo preto que cobre os músculos dorsais da espécie. A espécie foi identificada durante o mestrado em Biologia Animal da aluna Carla Silva Guimarães, na Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Saiba Mais
Leia Também
http://www.oeco.com.br/fauna-e-flora/26313-sapinho-de-3-dedos-e-mais-nova-especie-da-mata-atlantica
http://www.oeco.com.br/convidados/noticias/27231-mais-especies-em-risco-na-mata-atlantica
Leia também
Novos anfíbios nas bromélias da Mata Atlântica
Descrição de novas espécie foi publicada em duas edições do jornal de acesso livre PloS One, no início de dezembro →
Diretor-presidente do Ipaam é afastado após envolvimento em suposto esquema de fraude ambiental no Amazonas
Além de Juliano Valente, outros membros da diretoria do órgão foram presos preventivamente pelos crimes contra o Meio Ambiente, Patrimônio Genética contra a Flora →
Trabalho análogo à escravidão na pecuária do Pará chega a 31% nos últimos dois anos, revela pesquisa
Prevalência de trabalho forçado e tráfico de mão de obra identificada em todos os principais indicadores por estudo que ouviu 1.241 trabalhadores em Marabá, Ulianópolis e Itupiranga →
Parabéns à equipe de pesquisadores e às instituições apoiadoras e financiadoras por tão relevantes descobertas científicas, que reforçam e atestam a alta importância biológica da Floresta Atlântica. Sendo proprietário de uma área de 15 hectares limítrofe ao ponto de coleta do sapinho Brachycephalus coloratus, adianto a boa nova de que em 2018 darei início ao processo de transformação dela em RPPN (Nascentes do Iraizinho), que servirá como faixa de amortecimento ao PE da Baitaca, entre as cotas 1000 e 1100 metros de altitude, na quase totalidade coberta por Floresta Ombrófila Densa Montana, com alguns encraves da Altomontana (Mata Nebular), em excelente grau de conservação, na divida montanhosa dos municípios de Piraquara e Morretes, Estado do PR.