Análises

Vilão de plástico

De Pedro P. de Lima-e-SilvaEngenheiro AmbientalComissão Nacional de Energia NuclearGrande reportagem sobre o vilão plástico. Estive na Dinamarca a trabalho e lá nos supermercados as sacolas são de plástico resistente e são maiores; é cobrado o valor de R$0,50 por cada uma, o que faz o sujeito pensar duas vezes antes de jogar fora e faz todo mundo guardar as sacolas que comprou para voltar depois e usar as mesmas. Conclusão: as sacolas tem um tempo de residência de 2 anos em vez de 2 dias como aqui no Brasil, e a geração de lixo plástico é infinitamente menor.Estou nesse momento orientando uma aluna de pós-graduação da UCP realizando uma monografia em Petrópolis exatamente sobre as diversas alternativas, economicamente viáveis, que existem em troca dessa insanidade de sacolas plásticas delgadas que não aguentam o peso de nada, e aí somos obrigados a usar duas ou mais, e consumir toneladas de plástico para carregar as compras para casa. Em casa transformamo-las em sacos de lixo, que após poucos dias viram lixo também. O que o Ministério do Meio Ambiente está fazendo sobre isso? Vou mais longe: o que o MMA está fazendo sobre a questão estratégica, de um lado, o consumo de nosso preciosos recursos naturais e, do outro, a degradação do ambiente pela poluição completamente irracional pelos bilhões de toneladas de lixo? Marina Silva é uma boa pessoa, e foi uma maldade perversa do Lula expor a sua incompetência. Para esse tipo de problema existia o CONAMA que tantas resoluções inteligentes criou, como a da reciclagem de pneus velhos, mas o atual governo do PT parece que "esqueceu" o CONAMA.O MMA não faz nada sobre isso porque: [1] está preocupado somente com a Amazônia, e ainda faz isso mal; [2] a preocupação do governo do PT com ambiente é só para inglês ver; [3] só se olha para a agenda verde e não para a agenda marrom.A raiz do problema está na falta de percepção da administração AeroLula do valor estratégico dos recursos naturais, e na contra-mão da evolução mundial, continua encarando os problemas ambientais como um entrave ao desenvolvimento, e não uma arma estratégica de poupança de recursos naturais e qualidade de vida no presente e no futuro. Além disso, ainda existe uma outra falta de percepção párvoa, que é a incapacidade compreender que a agenda marrom [a área antropizada, incluindo a sociedade humana] é duas vezes mais importante do que da verde [a área preservada]. O conseqüente desprezo pela agenda marrom vai acabar por eliminar os problemas da verde, considerando que nao haverá mais verde para ser preservado.abs,

Redação ((o))eco ·
16 de fevereiro de 2005 · 20 anos atrás

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