Análises

Entrevista com José Roberto Marinho

De Pedro da Cunha e MenezesPrezado editor,Excelente a entrevista com José Roberto Marinho. Em um meio ideologizado e militante como é o movimento ambientalista, a entrevista ajuda a quebrar um pouco o maniqueismo que muitas vezes rege a forma de pensar e agir de muitos colegas de lutas pela conservação da natureza.Ze Roberto tem currículo suficiente para falar tudo o que disse e para criticar quem criticou. Seu currículo não foi construido nos escritórios do Jardim Botânico, onde fica a sede da Rede Globo. Zé Roberto construiu seu currículo na área ambiental sujando as botas no mato (coisa que alguns diretores de Parques Nacionais do Brasil não fazem) e dedicando horas de seu tempo livre ao conhecimento dos problemas que afligem nossos ecossistemas e a busca de suas soluções. O conheci quando era diretor do Parque Nacional da Tijuca. Ze Roberto me procurou. Morador do Alto da Boa Vista, acompanhava de perto os desafios de manejo da Floresta. Ofereceu ajuda completamente desinteressada. Proporcionou valiosos contatos com o WWF e viabilizou a vinda de técnicos sul africanos ao Rio de Janeiro para discutir o manejo de Parques Nacionais Urbanos. Gastou horas de seu tempo para mobilizar recursos materiais e humanos para o manejo da Tijuca. Jamais pediu nada em troca. Suas opiniões sempre foram coerentes e sempre refletiram horas de estudo sobre os dilemas da conservacao ambiental.Quando Ze Roberto reclama da falta de objetividade e pragmatismo de alguns setores da conservação ambiental no Brasil, está coberto de razão. Por que será que damos prioridade a elaboração de planos de manejo ao próprio manejo? Por que será que somos tão incompetentes para tirar as idéias do papel e as vezes esquecemos planos de manejo em empoeiradas estantes? Por que somos tão bons em criticar e tão lentos em fazer? Ze Roberto também está coberto de razão quando reclama que alguns ambientalistas tendem a lidar os empresarios com um ideologismo dogmatico. Grande parcela da nossa militancia ambiental tende a tratar a causa ambiental como se fosse futebol. Torcem para um " time" e querem que o outro perca a todo custo! Se fossemos mais pragmaticos e entendessemos que é possivel construir uma aliança com setores progressitas de todos os segmentos da sociedade, certamente estariamos muito melhor em termos de preservação ambiental.Entre esses progressitas certamente está o homem que é o responsável pelo espaço conquistado pelo Globo Ecologia do competente Claudio Savaget dentro da Rede Globo, bem como pelo esmero ambiental em que se assenta o PROJAC.Esta de parabéns OECO por mostrar, através de entrevistas como essa, que só poderemos vencer a batalha contra a devastação de nossos ecossitesmas quando (e se) compreendermos que é preciso alistar todos os aliados na luta.Sejam eles ricos ou pobres, empresarios ou sindicalistas, Tricolores ou Rubro- negros.

Redação ((o))eco ·
20 de julho de 2005 · 20 anos atrás

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