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Corra jumento, corra! V

De Gilda BrandãoSenhora Silvia, Tive a infelicidade de ler seu artigo "Corra jumento, corra!", que me envergonhou por vários motivos.A senhora chama de cultura nordestina uma série de vícios que não só são imorais como também são ilegais. Bastaria considerar que existe uma Constituição no Brasil que no seu artigo 225 inciso VII atribui ao estado brasileiro a garantia de manter os animais livres de tratamento cruel, e a lei federal 9605/98 que no artigo 32 define e pune crimes de maus-tratos aos animais, para verificar que seu artigo incentiva o crime, e portanto é também criminoso. Mas não é este o único equívoco de suas considerações. Tradição não significa coisa boa. Jogar cristãos aos leões, castrar jovens rapazes para manter-lhes a voz aguda no canto das óperas, escravizar pessoas, encurtar os pés das mulhres orientais, tudo isto também existiu em nome da tradição, e felizmente acabou, porque pessoas de bom senso e de mente esclarecida deram um basta.Finalmente, quero dizer-lhe que o Nordeste faz parte do Brasil. e uma tradição atribuída ao Nordeste fatalmente teria de ser considerada uma tradição brasileira. Mas o Brasil se recusa a aceitar covardias, como estas que a senhora descreve, e outras, como a farra do boi, rinhas de galo etc. como parte de suas tradições.São vícios localizados, ilegais, vergonhosos, que uma mulher como a senhora deveria distinguir de cultura e tradição. Afinal de contas, sempre se considera que uma mulher é um ser sensível, mais capacitado a sentir a dor dos desprotegidos, sejam eles pessoas ou animais. A incapacidade de reconhecer a burrice e a covardia é um perigo nas mãos de quem se considera um jornalista, um porta voz da sociedade.Atenciosamente,

Redação ((o))eco ·
6 de setembro de 2005 · 20 anos atrás

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