Ascensão e queda da cidade esquecida de Henry Ford na Selva Greg Grandin Editora Rocco O livro é uma grande reportagem sobre a tentativa de Henry Ford de construir uma cidade no meio da selva amazônica, nas margens do Rio Tapajós. Mais do que um retrato da mobilização gigantesca para criar uma vila industrial no meio da mata, o trabalho de Greg Grandin é um relatório detalhado das visões e sonhos do industrial que influenciou todo modo de produção do último século. Ford aparece como um personagem complexo, com preconceitos, vícios e virtudes. O empreendimento é detalhado desde o começo, incluindo informações sobre maracutaias para a aquisição das terras, os erros de planejamento e um recorte histórico sobre a região e a população ribeirinha. Disponível para venda aqui, resenha do The Guardian (em inglês) aqui, e página do autor aqui. Leia um trecho:
“Mas também havia no Tapajós aldeias de indígenas famintos e desesperadamente pobres que mal haviam conseguido sobreviver ao auge da borracha. Se a Fordlândia poderia ou não conseguir uma parcela importante de mão de obra dessas comunidades, é discutível, uma vez que uma combinação de racismo e ignorância impedia qualquer tentativa. Em certa ocasião, um recrutador indicou que havia um grupo de “dois mil índios morrendo de fome” assentados recentemente pelo governo às margens do Xingu, um rio mais ou menos paralelo ao Tapajós a leste, e que eles provavelmente gostariam de trabalhar na Fordlândia, onde teriam “habitação de graça, assistência médica gratuita, hospital, água potável, escolas de graça e um trabalho estável para homens estáveis”. Contudo, antes que um agente pudesse ser enviado ao Xingu, Edmar Jovita, brasileiro educado em Oxford que trabalhava para a empresa, mas na ocasião estava viajando, enviou um telegrama recomendando para a plantação que “não tivesse nenhuma relação com esses índios, pois eles não estão domesticados”. Trecho do livro, página 165
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