Mais conhecido pelas belas praias no Golfo do México e no Pacífico, pelo patrimônio histórico pré-colombiano e pelos mescais, guacamoles e tacos de uma das mais importantes gastronomias do planeta, o México, segundo a World Tourism Organization, é destino de férias quase 40 milhões de turistas todos os anos.
A diversidade paisagística impressiona e ajuda a justificar a atratividade mexicana aos olhos do mundo – litoral recortado, desertos, florestas de pinheiros e carvalhos, vulcões e cadeias de montanhas imponentes, como a Sierra Madre Oriental, onde fica o Parque Nacional Cumbres de Monterrey (PNCB), logo ao lado da Cidade de Monterrey, segundo maior centro industrial do país.
Oriundo das primeiras gerações de parques nacionais mexicanos, criado em 1939, Cumbres de Monterrey é um paraíso do ecoturismo, com trilhas sinuosas, travessias, vales, cânions, rios, cachoeiras, incontáveis opções para escalada, caminhadas, campismo, passeios off-road, cavalgadas, voo livre, vias ferratas, observação de fauna, com ursos negros e grande diversidade de aves e borboletas, tudo isso contido em mais de 177 mil hectares protegidos.
Apesar de todas essas maravilhas. o ecoturismo se desenvolveu de forma bastante desordenada em várias regiões do parque – todos os finais de semana milhares de visitantes oriundos da grande Monterrey lotam a unidade de conservação e as comunidades de seu interior (especialmente os vales, cânions e atrativos ao longo da rodovia NL20, que corta o parque). Muitos buscam a prática de esportes motorizados, como motocross e passeios de quadriciclos, atividades que impactam negativamente a experiência dos praticantes de caminhada e escalada, principalmente.
Inspirados pela experiência brasileira da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade e pelo padrão de sinalização estabelecido pelo ICMBio (Manual de Sinalização de Trilhas, 2018), o PNCM começou a implantar um projeto de sinalização padronizada de trilhas, com cores e simbologia análogas às brasileiras (pegadas amarelas e pretas customizadas com elementos locais), como forma de manejar conflitos, reduzir eventuais impactos da visitação e melhorar a experiência de caminhantes e outros usuários.
Por iniciativa do biólogo Oliver Castillo, funcionário do parque e ex-aluno do XXVIII Curso de Manejo em Áreas Protegidas oferecido pela Colorado State University e com a participação, na qualidade de instrutor, do também biólogo e servidor do ICMBio Paulo Faria, foram ministradas as primeiras capacitações na sede da CONANP (Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas) em Monterrey, no Instituto Tecnológico de Estudos Superiores de Monterrey, e na comunidade de Ciénega de González, no interior do parque, onde com o apoio de comunitários, as primeiras trilhas foram sinalizadas, com suas próprias pegadas amarelas e pretas.
A preocupação inicial foi definir e sinalizar trilhas apenas para uso de pedestres, melhorando sua experiência, facilitando a navegação e evitando encontros com veículos motorizados que também utilizam alguns caminhos locais. Outra meta foi utilizar as pegadas amarelas e pretas para definir o leito “oficial” das trilhas, diminuindo assim a contínua abertura de novos atalhos e caminhos não-oficiais.
A zona metropolitana de Monterrey está inserida em um vale circundado por montanhas e outras áreas naturais, protegidas ou não, como o Monumento Natural Cerro de La Silla, também área federal, a Sierra el Fraile e San Miguel e o ultra-visitado Parque Chipinque, que faz parte do PNCM, mas fica sob gestão de parceiros privados, com grande oferta de infraestrutura e serviços, com trilhas já sinalizadas para caminhada e mountain bike, sinalização interpretativa, centros de visitantes, bike parks e serviços variados.
Além de ordenar a visitação do PNCM, reduzir impactos, gerar pertencimento, tornar as trilhas mais atrativas e estruturadas com a sinalização e estimular o ecoturismo, a perspectiva futura é que as redes locais de trilhas passem a, seguindo o exemplo da Rede Brasileira de Trilhas, conectar as áreas naturais da região de Monterrey, formando, quem sabe, o futuro “Gran Circuito Norteño”, cujo objetivo é fomentar corredores ecológicos, cujo estabelecimento contribuirá para os resultados de conservação, como já o fazem os vizinhos estadunidenses, e estão começando a fazer o Brasil e o Equador.
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