Impacto ambiental do governo Lula III

De Israel Klabin (Presidente da FBDS - Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável) Prezada Maria Teresa, O seu artigo publicado no "O ECO", de 4 de agosto de 2004, produziu uma corrente de solidariedade em volta de suas críticas e obrigou a todos nós, que há tantos anos vimos trabalhando na área de meio ambiente, um despertar de consciência.  Isto nos levou a uma análise que em muitos pontos condiz com o que você pensa; em outros pontos, eu acrescentaria outra leva de preocupações que, apesar de não estarem expressas em seu artigo, tenho a certeza de que também são suas. 1. Estou inteiramente de acordo que a integração sociedade civil + universo acadêmico e científico + instituições governamentais deva ser a base de uma política ambiental sadia e eficiente.  Para isso acreditamos que o sistema de governança e o processo decisório dentro do CONAMA precisam ser mais bem elaborados para tornarem-se mais eficientes.  Estamos de acordo que devemos fazer uma muralha de defesa em volta do CONAMA, sem o qual a maior parte dos programas e projetos, que atingem a sociedade como um todo, não se efetivaria e interesses espúrios e destrutivos sobre o nosso acervo ambiental nacional invadiriam e destruiriam o que ainda nos resta. 2. Você, melhor do que ninguém, deve estar lembrada de que o IBAMA foi criado pela fusão de "alhos com bugalhos", "óleos com escólios" e "ulhos com esbulhos". A fusão de órgãos como IBDF, SEMA, SUDEHEVEA, SUDEPE surtiu efeitos contraditórios à sua proposta, fazendo com que a missão fundamental de preservação da nossa biodiversidade e da eficácia de projetos de sustentabilidade, em termos de floresta, pesca e de recursos naturais, se perdesse no espaço e não conseguisse ser efetivada.  Apesar disso, o IBAMA merece elogios pelo esforço dos seus agentes, a quem não são dados os recursos e ferramentas necessários à sua função. 3. Nós, aqui na FBDS, temos lutado para conseguir efetivar os diversos projetos com recursos alocados já há muito tempo pelos bancos multilaterais de desenvolvimento.  O Programa do Pantanal, o PPG7 e tantos outros esbarram na ridícula regra que, sendo imposta de fora para dentro, obriga o Governo a congelar esses fundos, com a desculpa de que já foi atingido o nível de endividamento do país, e portanto não podem ser liberados, outrossim levaríamos um puxão de orelhas do FMI e de outras múmias do sistema financeiro e internacional.Não me lembro de que tenha havido esforços substantivos dos negociadores brasileiros para mudar esse constrangimento sobre créditos disponíveis e não utilizados.  Creio, mesmo, que isso não está entre as prioridades governamentais, o que é uma pena. 4. Como sabemos, a distribuição de poder vem junto com atribuições e recursos orçamentários para implementar sua missão.  No entanto, atualmente existe uma enorme aberração funcional na área de meio-ambiente por falta de foco, de atribuições específicas e a opção do Ministério por aquilo que chamam de "internalização de saber e fazer". Ignora-se a necessidade fundamental do próprio conceito de ação sobre o meio-ambiente, que é a profunda integração entre governo, instituições científicas e, sobretudo, a sociedade civil. Exemplo pungente é a atribuição ao Ministério de Meio-Ambiente da área de florestas plantadas. É óbvio que isso deveria estar no âmbito do Ministério da Agricultura e não no Ministério do Meio-Ambiente. Indo mais além, temos profundas dúvidas quanto à necessidade de termos um Ministério do Meio-Ambiente dentro do formato atual. Aquilo que nós esperamos desse é que seja um órgão regulador e fiscalizador. Florestas plantadas não têm nada a ver com conservação, preservação ou uso sustentável de florestas nativas.  O Ministério certo onde deveriam estar as "florestas plantadas" deveria ser seguramente o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Em cada um dos Ministérios deveria haver uma Secretaria de Meio-Ambiente que implementasse em sua área de ação os regulamentos e a legislação ambiental. 5. Não vou me estender sobre todos os outros pontos que você levantou e com os quais nós, ambientalistas, nos solidarizamos.  No entanto, na sua avaliação sob a ação negativa do Governo na área ambiental, sugiro que seja acrescida a enorme desilusão de todos aqueles que trabalharam tão intensamente e tão competentemente na implementação da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Estamos todos com as mãos amarradas, boquiabertos com o inacreditável desmanche de tudo que foi criado.   A área de mudanças climáticas deu ao Brasil a liderança nas negociações das diversas COPs (Conference of the Parties). A Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima se reuniu algumas vezes, ignorando totalmente não apenas a sociedade civil, mas também tudo o que foi feito sobre ao assunto a partir de 1992. A presença ordenada e altamente competente do Brasil nas discussões internacionais nos colocou na liderança das discussões. Elas não estão terminadas. No entanto não sentimos que exista no governo a prioridade sobre esse assunto, que é possivelmente, em termos globais, o mais importante centro de discussão sobre políticas globais ambientais. A política energética do futuro será essencialmente voltada para a problemática das mudanças climáticas.  O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas Gerais, que interligava a sociedade civil com a política nacional de mudança climática, foi desmantelado.  Até hoje não se sabe a quem se dirigir no Governo quando o assunto se refere a mudanças climáticas, florestas, energias alternativas e eficiência energética.  Todos esses vetores fundamentais são tratados hoje sem se levar em conta a participação organizada da parcela da sociedade civil dedicada ao meio-ambiente. Estamos inteiramente de acordo com você sobre a necessidade de salvaguardamos a importância emblemática da Ministra Marina Silva. Nós não cansamos de elogiá-lae eu diria mesmo promovê-la internacionalmente como uma bandeira brasileira de respeito e ética quanto ao meio-ambiente. Mais uma vez agradecemos a você ter tomado a iniciativa que, se der bons frutos, poderá vir a reintegrar os brasileiros que se dedicam ao meio-ambiente pessoalmente ou através de instituições diversas, na crença de um futuro melhor para nossa realidade e riqueza nacional.

Por Redação ((o))eco
18 de agosto de 2004

Extermínio de nossos bichos

De Prof. RobinsonUNESPAR Caro Editor Sou Prof. de Ecologia na UNESPAR e estamos organizando a Semana da Biologia. Ao ler o depoimento do Fernando Fernandez, vislumbrei que a participação do mesmo em nosso Evento seria extremamente interessante. Solicito a gentileza, se possível de repassar o email do Prof. Fernando para contatá-lo. Aproveito para parabenizar pelo trabalho no OECO, que com certeza passará a ser visitado pelo nossos academicos tbem Boa semana. Paz e saude

Por Redação ((o))eco
17 de agosto de 2004

Impacto ambiental do Governo Lula II

De Telmo HeinenPrefeitura de Formosa (GO) Recebi o texto abaixo através o Jornal do Meio Ambiente e quero parabenizá-la. Sou Eng. Agr. exercendo o cargo de Secretário de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente da cidade de Formosa(GO) = 70 km de Brasília Concordo plenamente. O problema todo está na ineficácia da Fiscalização. Meu próprio cargo, praticamente existe para "constar". Minha Secretaria, sequer dispõem de orçamento, o que dirá dinheiro! Tenho um Fiscal, que legalmente não pode aplicar Multas, apenas advertências... Anexo à Secretaria existe uma Patrulha Ambiental, formada por Policiais Militares do Estado de Goiás, bem treinados por sinal, mas com veículo velho, quando há combustível falta o resto... Fiscais do IBAMA aparecem para socorrer-nos, mas somente em casos graves ou esporadicamente... A Patrulha acima, além do mais, tem a missão de atender a todo Nordeste Goiano, especialmente a área que pertence a Bacia do São Francisco, de cujo Comitê de Bacia aliás, originaram-se os recursos para a aquisição do Veículo, uma Camionete Cabine Dupla da Mitsubishi. Temos a bacia do Rio Paranã/Tocantins com muita pesca predatória, especialmente em função da proximidade de diversos Ah sentamentos da Reforma Agrária... Já inauguramos um Depósto de Embalagens de Defensivos Agrícolas, a maioria das nossas Lavouras grandes são de Plantio direto, na zona rural temos muitos sistema de Micro bacias para evitar a erosão, etc.. Hoje os maiores problemas que temos são as Pastagens degradadas, erodidas e os Assentamentos que não são planejados. Simplesmente são traçadas as Estradas e os Lotes, a nível de Escritório, quase sempre quadriculados e na prática as estradas ficam localizadas em locais improprios, etc... A unica coisa preservada mesmo é a área de preservação permanente e olhe lá... O grande problema mesmo, são as Estradas Municipais e acima de tudo, a cidade ou zona urbana.. Loteamentos que nunca forma licenciados.. A Prefeitura trabalhando dia e noite para fazer sairjetas, como que para oficializar o esgoto a céu aberto e povo achando bom... Claro, não existe permissão para fiscalizar... Temos mais de 75 mil hab na cidade e não temos Plano Diretor... O povo joga águas servidas  na Rua, com a maior naturalidade... Contenção de águas pluviais no Lote, o que é isso ? Temos um Aterro "Controlado" e não temos outros "Lixões" - Total de lixo +- 35 t/dia. Não temos Plano de Gestão de Resíduos Sólidos e muito menos Coleta Seletiva... Aliás, fazem tres meses que estou trabalhando para redigir este Plano, que deveria ser realizado por uma Empresa Especializada... mas o Prefeito não que gastar com isso... Mas como o Governo Federal exige a existência do tal Plano, temos que fazê-lo - Vai funcionar ? Desculpe-me pelo desabafo solidário!

Por Redação ((o))eco
17 de agosto de 2004

Encontro de baleias

From: IWC/BRASILTo: Manoel F. BritoCriatura, aproveita o gancho e vem nos fazer uma visita durante o Mês da Baleia... depois desse encontro aí, entre 20 e 23 temos uma reunião latino-americana de chefes de áreas marinhas protegidas com baleias pra criar uma rede de integração continental... e muito rock, já que aqui em Imbituba a Semana nacional da Baleia Franca é feita pra celebrar a presença dos bichos. Traz Engov, sunga e um caneco!

Por Redação ((o))eco
13 de agosto de 2004

Artigo Maria Tereza Pádua

De: Agnaldo Pelosi Jeronymo Artigo Maria Tereza PáduaCaro Editor,Primeiramente gostaria de elogiar a equipe do O Eco pela brilhante idéia desta e-revista, pois lendo seus artigos, podemos perceber que este é realmente um trabalho diferenciado. Quanto ao artigo da Maria Tereza, gostaria de comentar que, o que Ela fala sobre a falta de capacidade do governo Lula na área ambiental, não fica restrito a só esta área, mas sim a todas as áreas do governo. Pois este governo está demonstrando que enquanto o PT era oposição ele tinha uma cara e agora que é governo ficou sem cara, ou seja, o PT que antes era abarrotado de intelectuais e especialistas em tudo, virou governo e ficou acéfalo. Recentemente o João Melão Neto em um artigo no jornal O Estado de Sao Paulo, em tratando do assunto do Henrique Meirelles, bem disse que a única área do governo que funciona é a Econômica, porque ela está sendo capitaneada por um ex-integrante do PSDB, o Meirelles. Todo o conteúdo do artigo da Maria Tereza nos faz refletir que o PT e o Lula não passam de uma trupe mambembe, nos mostra que falar e fácil, quero ver fazer. O PT sempre discursou que o governo (os anteriores) estava a serviço das elites e do capital estrangeiro, mas o que vemos é um governo petista a serviço e subserviente destas mesmas elites e do capital estrangeiro, Maria Tereza deixa isso bem claro, quando diz que para favorecer o crescimento e desenvolvimento, o governo passa por cima de muitas conquistas conseguidas a duras penas pelos governos anteriores, se aliando ao discurso do empresariado inescrupuloso. Faltou dizer que a Comunidade Européia, principalmente, há muito tempo vem rejeitando comprar produtos de empresas que destroem meio ambiente, apesar de já terem destruído todo o seu, portanto se o Brasil abrir ainda mais as pernas para o desmatamento e destruição ambiental, nossas metas de exportações irão por água abaixo, pois não teremos para quem vender. Quanto ao MST citado no artigo, esse é um assunto de polícia, pois como pode uma entidade que não existe legalmente exercer e receber tanto poder sobre a sociedade. O MST é o mesmo que o tráfico dos morros cariocas e favelas paulistanas, um poder inexistente mas reconhecido, isto é um absurdo. É assunto para o Casseta e Planeta, pois só fazendo piada.

Por Redação ((o))eco
13 de agosto de 2004

Impacto ambiental do Governo Lula

De: Mário Luis Orsi Universidade Federal de LondrinaVocês estão de parabéns pela reportagem sobre o Impacto ambiental do Governo, adiciona-se a tudo que a pesquisadora sabiamente colocou as seguintes questões:1) a Criação da SEAP, secretaria especial de aqüicultura e pesca, que vêm sistematicamente atropelando todos os passos de normas ambientais para implantar os sistemas de tanques-rede em águas públicas, sem sequer prestar a atenção de verificar os impactos ambientais de tal atividade, bem como das espécies que podem ser criadas neles, pois a propaganda do referido órgão é só sobre as Tilápias, espécie exótica e que se atingir nossos rios causará enormes impactos como os já observados na bacia do rio Tietê e São Francisco;2) Outro absurdo é a tentativa de empurrar uma nova portaria que trata de espécies introduzidas de peixes no Brasil, sem nexo e deixando livre a questão de novas introduções, sem critérios científicos e técnicos. Será que não podemos aprender com os exemplos negativos que já ocorreram no mundo e aqui, haja visto o caso do mexilhão dourado e outros.3) As normas de pesca e defeso que raramente foram seguidas as sugestões de pesquisadores da área e que são editadas as portarias a revelia.Realmente esse governo só merece o conceito de impactador do meio ambiente e que me desculpe a Ministra, sua falta de competência ou ação já são notórias.

Por Redação ((o))eco
13 de agosto de 2004

Parabéns

De: Joao Batista S. AguiarGrupo de Editores da EcoAgência de Notícias Ambientais Caro editor:cumprimentamos o colega pelo lançamento do saite O ECO. certamente, pela qualidade de seus contribuintes trará ao cenário ambiental brasileiro novo fôlego e maior capacidade de reação a desmandos ou a desconstruções em políticas públicas.Estamos excepcionalmente publicando no saite da EcoAgência de Notícias - www.ecoagencia.com.br - sem autorização específica de vocês (há uma autorização genérica por 30 dias colocada no saite) o artigo da Maria Teresa, como forma de continuar a prestigiando - o que sempre fizemos aqui no Sul, e de divulgar a própria existência do saite.A EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais é a seguidora da iniciativa AgirAzul, publicação ambientalista iniciada a circular em 1992, em papel, deixando esta forma, por ora, em 1998, quando já estava na Internet. É mantida pela colaboração entre o Núcleo de Ecojornalistas do RS e a PANGEA - Associação Ambientalista INternacional, entidade presidida pelo nosso decano ambientalista e conhecido da Maria Teresa, Augusto César Carneiro.Gostaríamos de continuar divulgando as posições fortes e embasadas colocadas no O ECO. Para isto, solicitamos autorização desde já, comprometendo-nos a divulgar de forma clara, e explícita, a fonte, com link e tudo (como fazemos atualmente com o material distribuído pela IPS/Envolverde).Parabéns pelo novo saite.Estamos à disposição.

Por Redação ((o))eco
13 de agosto de 2004

Parabéns

De: Marcelo Korber PadovaniParabéns pelo site! Ouvi hoje pela CBN a entrevista do jornalista Marcos Sá Corrêa a respeito do site e sobre o conteúdo, público alvo, etc.Só tenho a agradecer por mais um veículo a tratar de um tema muito mais complexo e estratégico para o País: o meio ambiente.Ainda não tive tempo de conhecer, e ler, todo o site, que por sinal está muito bonito, mas desde já vale a dica: não esqueçam de convidar o jornalista Washington Novaes para alguns artigos e também não deixem de anunciar o site no "Reporter Eco" da TV Cultura.Novamente, parabéns!

Por Redação ((o))eco
13 de agosto de 2004

Encontro do bem

Setenta empresários brasileiros se reuniram num seminário com o suíço Stephen Schmidheiny para debater a filantropia empresarial. Schimdheiny, que já foi dono da Swatch, dirige a Avina, fundo que só investe em empreendedores socioambientais.

Por Suzana Padua
11 de agosto de 2004

Arraias e a carta da SBPC

De: IWC/BRASILPara: Marcos Sá CorrêaAssunto: Arraias e a carta da SBPCO bate-boca abaixo pode te interessar. Estou brigando com os "cientistas" e argumentando em favor das restrições legais que existem à movimentação de material biológico transfronteiras. Não só os temas sanitários são importantes para esse debate, mas também a biopirataria e o tráfico de espécies ameaçadas são freqüentemente travestidos de "pesquisa", e é mais do que comum os "doutores" brasileiros simplesmente meterem amostras no bolso ou na mala e saírem por aí, sem querer se submeter aos processos legais necessários, obtenção de licenças e similares, etc.Estou achando que esse linchamento sumário, que querem promover contra os pobres dos funcionários da vigilância agropecuária, é um obscurantismo corporativista, que presta um desserviço ao cumprimento das normas internacionais de proteção da biodiversidade. Estou mandando isso a um monte de gente, para reflexão, pois acho que a SBPC está patrocinando uma baita injustiça. Pretendo também escrever aos ministros mencionados na carta-bobagem, para fazer um contraponto.Profunda indignação me causa é o teor dessa "Carta aos Comuns", enviadadiretamente do Olimpo dos Deuses Científicos.Realmente, a SBPC já tevedias melhores, em vez de se pronunciar a favor de um corporativismo que eximaos "cientistas" da lei e das normas de comportamento que regem a choldraignara - ou seja, nós. Falta muita leitura aos senhores doutores...José Palazzo.TrudaDe: Osmar Luiz JúniorPara: [email protected]:Arraias e a carta da SBPCSBPC pede apuração das responsabilidades pela destruição das arraias africanasO presidente da SBPC, Ennio Candotti, enviou carta, datada de 29 dejulho, aos ministros da C&T, Saúde, Meio Ambiente, Agricultura e Justiçamanifestando indignação com o ato, ocorrido na última sexta-feira, no RJ.Leia a íntegra da carta, endereçada ao ministro Eduardo Campos:Na sexta feira, 24 de julho de 2004, exemplares raros de arraias. africanas, trazidas ao Brasil das Ilhas Canárias pelo pesquisador brasileiro Marcelo Carvalho da Universidade de São Paulo, USP, foram sumariamente apreendidos e incinerados pelo funcionário José Alberto Correia Cardoso, da vigilância agropecuária do aeroporto do Rio de Janeiro.O material que, por estar preservado em formol, não apresentava qualquer risco de contaminação, havia sido cedido ao pesquisador pelo Governo espanhol e estava devidamente acompanhado por sua documentação de origem. A SBPC manifesta sua profunda indignação pelo deplorável ato de intolerância e prepotência burocrática.Denunciamos a agressão e o cerceamento das atividades de pesquisa científica e o abuso de autoridade do funcionário da vigilância do Ministério da Agricultura que não observou, no exame da questão, elementares normas de civilidade.Solicitamos aos senhores ministros da Ciência e Tecnologia, Saúde, Meio Ambiente e Agricultura e Justiça, a rigorosa apuração das responsabilidades pela destruição do valioso material de pesquisa e exemplar punição da prepotência no exercício da função pública.O caso em questão reveste-se de particular importância por ocorrer após recente manifestação do Sr. Presidente da República, que, por ocasião do programa Importa Fácil reafirmou o valor estratégico da pesquisa e estabeleceu legislação especial para desburocratizar a importação de materiais e insumos de interesse científico.Lamentamos que a orientação presidencial e as determinações Constitucionais de incentivo à ciência (Art. 218) não sejam observadas pelos funcionários e instituições de vigilância do Governo, que revelam ignorar o valor do conhecimento científico para a defesa dos interesses da nação.Observamos que fatos como o que aqui denunciamos ­ apreensão e destruição sumária de material de pesquisa - têm ocorrido com grande freqüência, indicando que os órgãos responsáveis não têm observado as diretrizes de Governo no trato das questões de interesse cientifico e tecnológico.A SBPC se coloca a disposição das autoridades para examinar, juntos, as causas da perseverante resistência destas agências em colaborar com o desenvolvimento científico e tecnológico do país e promover uma campanha de informação e treinamento dos funcionários envolvidos nos diferentes ministérios responsáveis pelas ações de controle e licenciamento do Governo.Eis mensagem de José Ricardo M. Mermudes, do Departamento de Entomologia do Museu de Zoologia da USP: 'Hoje falamos tanto em Biodiversidade e existem ainda burocratas incapazes de reconhecer um papel fundamental do zoólogo no Brasil e no mundo. Quando descrevemos e trabalhamos com espécies do Brasil e do mundo estamos garantindo a soberania do nosso país'.Leia a manifestação de Igor Freiberger, microempresário da área de informática e graduado em Direito pela UFRGS:'Burrice é o termo cabível para a atitude dos fiscais do Mapa no Aeroporto do Galeão. Destruir amostras biológicas por falta de documentação é algo injustificável, seja porque o problema poderia ser resolvido enquanto as amostras aguardassem liberação, seja pelo valor intrínseco do material biológico.No caso das raias emprestadas pelo governo espanhol, a situação é ainda mais grave: a arbitrariedade dos fiscais alcançou propriedade estrangeira e ignorou que os cientistas já estavam tomando as medidas para obter a documentação necessária.Segundo a lógica desses fiscais, um Rembrandt emprestado para uma. exposição no Brasil, se estivesse com a documentação incompleta, seria. queimado. Menos mal que obras de arte não estão sob a competência míope do.Ministério da Agricultura. Servidores públicos que agem dessa forma revelam despreparo e prepotência, violando a legalidade exigida para seus atos.Do alto de sua suposta autoridade, demonstram que existem dois brasis: o do lado de cá do balcão, que é mal-atendido pelo Estado, e o do lado de lá, repleto de prerrogativas e sempre com uma boa justificativa para atender mal'.

Por Redação ((o))eco
4 de agosto de 2004