Riscos do Rodoanel
Todo paulistano adoraria ter melhores condições no trânsito. Mas a realização de obras viárias nem sempre se revela uma boa opção. Pelo menos no caso do Anel Rodoviário Mário Covas, que está em construção desde 2002 e entra agora em sua fase mais crítica. O Rodoanel pretende ligar as principais estradas do estado e prevê um trecho cortando as duas grandes represas que abastecem a capital: Billings e Guarapiranga. No dia 19 de abril, o Ministério Público Federal (MPF) protocolou no Conselho Estadual de Meio Ambiente de São Paulo (CONEMA), uma recomendação de revisão do Termo de Referência da obra. O documento apresenta 30 sugestões para o Ibama avaliar melhor o danos potenciais da construção. O MPF alega que o estudo de impacto ambiental (Eia) não levou em conta a poluição do ar que o trânsito no Rodoanel vai gerar, não incluiu um levantamento sobre a fauna local, não colheu os pareceres do Instituto Florestal e das unidades de conservação afetadas, e analisou incorretamente as relações hídricas dos aqüíferos atingidos, entre outros problemas. A construção de uma rodovia em área de mananciais e reservas permanentes, segundo o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (PROAM), traz graves impactos à mata ciliar e degrada habitats de animais em risco de extinção. Mas Paulo Figueiredo, secretário do PROAM e professor da Universidade Metodista de Piracicaba, afirma que estas não serão as piores conseqüências do Rodoanel. “Uma auto-pista deste tamanho certamente causará migração ilegal da população para as áreas de proteção ambiental”. Figueiredo sugere, como opção à rodovia, uma ferrovia que ligasse a cidade de São Paulo ao Porto de Santos. A estrada de ferro descongestionaria as marginais e pouparia o meio ambiente no local. →

