Sem combustível

O trabalho dos três fiscais do Parque Estadual do Jalapão, um dos mais bonitos e visados do Tocantins, foi sabotado esta semana por falta de combustível. Segundo o diretor das Unidades de Conservação do estado, Jorge Leonam, o pedido de verba foi feito há 2 meses, mas até agora nada. O parque conta com dois carros: um está na revisão e o outro com o tanque vazio. Aos fiscais restaram apenas as próprias pernas para patrulhar 158 mil hectares compostos de caatinga e dunas. Segunda-feira, uma equipe do Ministério do Meio Ambiente vai visitar o parque para avaliar o desenvolvimento do ecoturismo na região. Para eles não ficarem a pé, o pessoal da Unidade de Conservação está tentando arranjar combustível emprestado.

Por Carolina Elia
10 de dezembro de 2004

Pobre Chaco

A segunda maior região natural da América Latina está sofrendo os efeitos do desequilíbrio ambiental. É o "Grande Chaco", que ocupa 1 milhão de quilômetros quadrados e se espalha pela Argentina, Paraguai e Bolívia. Notícia do Clarín (gratuito) fala de um estudo apresentado na Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP10), em Buenos Aires, apontando a vulnerabilidade do Chaco às alterações do clima. Numa área já degradada pelas pressões humanas, com população em sua maioria pobre, campeiam o desmatamento, as queimadas e a produção intensiva de soja. Nas regiões secas, 15 milhões de hectares estão comprometidos. A terra arrasada sofre com a mudança do regime de chuvas: por um lado as secas são mais freqüentes, por outro aumentou a incidência e a violência das tempestades, gerando enchentes como a que devastou o Chaco argentino em 2002.

Por Lorenzo Aldé
10 de dezembro de 2004

Perdida

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, às vésperas de sua partida para Buenos Aires, ainda consultava gente ligada à área ambiental tentando descobrir o que iria dizer na Conferência.

Por Redação ((o))eco
9 de dezembro de 2004

Toques finais

A decisão final sobre o mosaico de Unidades de Conservação do Sul do Amazonas sai antes do Natal. A reunião da última segunda-feira em Manaus entre o Ibama e o Governo do Amazonas selou acordo sobre os limites das Unidades que comporão o mosaico. O Parque de Juruena cresceu. A Floresta Estadual diminuiu. Falta definir se o Parque terá controle estadual ou federal. É coisa para a próxima semana.

Por Redação ((o))eco
9 de dezembro de 2004

Buenos Aires on-line

Não faltam fontes de informação para acompanhar à distância a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que acontece de 6 a 17 de dezembro em Buenos Aires. Uma boa dica é o Boletim de Negociações da Terra, resumo diário dos debates produzido por uma ONG canadense, publicado em inglês, francês e espanhol. Até o terceiro dia da Conferência, o Brasil apareceu pouco no boletim. A cientista Thelma Krug, do INPE, foi citada duas vezes como co-"chair" do grupo que discute projetos de florestamento e reflorestamento de pequena escala no quadro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). A pesquisadora Branca Americano, por sua vez, foi destacada para fazer parte de um grupo de consultas informais sobre inventários nacionais de gases do efeito estufa. De resto, há uma referência no boletim de segunda-feira ao projeto NovaGerar, o primeiro no mundo a receber registro no MDL. E no boletim de hoje, quarta-feira, o Brasil aparece tentando ganhar mais tempo para considerar a questão das boas práticas nas áreas de uso do solo, mudanças no uso do solo e florestas (sensíveis para o Brasil, pois têm a ver com o desmatamento na Amazônia). Esse começo parece confirmar as piores suspeitas sobre os preparativos do governo brasileiro para a conferência.

Por Redação ((o))eco
8 de dezembro de 2004

Aaaaaarrgh

A reportagem do The New York Times avisa que num mundo cheio de baratas, criar baratas artificiais que contradiz o bom sendo. No entanto, é isso que equipe internacional de cientistas anda fazendo em laboratórios dos Estados Unidos e Europa. Um dos pesquisadores, José Halloy, da Universidade Livre de Bruxelas, explica que o objetivo não é desenvolver nova forma de exterminar baratas. Apenas entender como funciona sua inteligência coletiva. O estudo faz parte de um projeto para descobrir meios de manipular um grupo. Por enquanto, parece que só querem o conhecimento para aplicar em robôs usados em atividades humanas e grupos de animais. Os robôs pequeninos, que desempenham o papel de barata, infiltram-se no grupo emitindo uma essência de cheiro “baratoso”. São imediatamente aceitos e chegam até a virar o líder da turma.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Cruz credo

Os dois últimos relatórios da Comissão Presidencial de Bioética dos Estados Unidos – órgão que regula qualquer pesquisa com células tronco no país – parecem um filme de horror. Tecnicamente, a Comissão, dominada por conservadores apontados por George Bush, tem que achar uma maneira permitir pesquisa com células tronco e ao mesmo tempo agradar a ala mais à direita dos republicanos. Um dos textos, propõe que a solução é definir o momento em que um embrião morre. Evita-se o preceito religioso de que o direito à vida é sagrado e usa-se a doação de órgãos como exemplo a ser seguido. Depois da morte, não há nenhum mal em fazer a colheita para salvar vidas. Foi o que a Slate, onde está publicada esta reportagem, definiu como a idéia mais convencional. A segunda, é muito mais sofisticada, e aterrorizante. Baseia-se na tese de São Tomás de Aquino de que a vida está no todo. Ela defende que o gene de formação de um embrião seja desligado a uma certa altura de seu desenvolvimento, para que ele não seja mais do que isso, um amontoado de células-tronco. A técnica pode ser usada para clonar órgãos e membros, nos quais por sua vez poderão ser clonados outros órgãos e membros, não necessariamente onde crescem em seres humanos. O repórter viu uma fotografia de um tronco em cujas costas cresciam dentes.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Choque de ordem

A Polícia Federal prendeu ontem 18 pessoas acusadas de fazerem parte de quadrilha que grilava terras no Pará. Entre elas estão 8 funcionários do Incra, um deles, José Roberto Faro, nada mais nada menos do que o superintendente do órgão no Pará. Dele, a PF diz ter provas que recebeu R$ 300 mil para facilitar a liberação de documentos para legalizar cerca de 500 mil hectares de terras da União – O Globo (gratuito, pede cadastro) diz que isso equivale a uma Brasília – em nome de terceiros. Faro chegou à chefia do órgão indicado pelos movimentos sociais que são a força do atual manda-chuva do Incra na capital federal, Miguel Rosseto. Ontem, ele passou o dia fechado em copas. Não quis falar sobre o assunto e soltou apenas nota exonerando Faro de seu cargo.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Além da conta

Dependendo da perspectiva, o leilão de energia feito ontem em São Paulo sob a batuta pessoal da ministra Dilma Roussef pode ser qualificado tanto como um sucesso quanto como fracasso. O governo queria derrubar o preço da energia ofertada pelas geradoras. Conseguiu. Mas parece ter ido além da conta, diz o Valor (só para assinantes). O preço ficou barato demais e isto compromete investimentos futuros no setor. O mercado tratou de cair for a dele tão logo o leilão acabou. Os papéis das geradoras despencaram nas bolsas.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004