Poluição das alturas

Fantástica a história de Rinconada, no Peru. Segundo a BBC News (gratuito) é a ocupação humana permanente de maior altitude no mundo: 5.100 metros, onde se respira ar com 21% do oxigênio do nível do mar. Trata-se de uma favela criada em torno da mineração de ouro. A população local vive no meio do seu esgoto e lixo. Rinconada não tem mais água potável. Os locais bebem a neve que acumula nos telhados dos barracos. Lá, as geleiras andinas antes proviam água puríssima, que enchia um lago local. Hoje poluídas, estragam tudo pelo caminho até chegar ao lago Titicaca, distante 250km. Seus garimpeiros, com sorte, produzem de 5 a 10 gramas de ouro por mês, obtendo rendas máximas de US$100. A separação do ouro da rocha é feita com mércurio. Cada tonelada de ouro extraído joga 500 gramas do metal no meio ambiente. As minas peruanas despejam por ano 80 toneladas de mercúrio na água e 20 no ar, na forma de gás. E embora se saiba que todos os grandes rios do sul do país sejam atingidos, não existem estudos sobre os níveis de contaminação.

Por Manoel Francisco Brito
24 de novembro de 2004

Dilema

Miriam Leitão, em O Globo (gratuito, pede cadastro), cai no caso da usina de Barra Grande, a hidrelétrica prestes a entrar em funcionamento e cuja obra foi autorizada com base em relatório de impacto ambiental fraudulento. Feito pela firma Engevix, o estudo simplesmente ignorou a presenca de floresta primária, que tem espécies de árvores à beira da extinção, na área que será inundada. O consórcio Baesa, dono da hidrelétrica, insiste que não fez nada de mal. E é verdade. Ganhou licitação para instalar operação realizada depois que o governo liberou a obra. O problema é que ela insiste que apesar do erro original, agora é tarde para impedir que a usina entre em funcionamento. Os ambientalistas discordam.

Por Manoel Francisco Brito
24 de novembro de 2004

Eco-enganador

No Le Figaro (gratuito) noticia comprova que é muito importante desconfiar de qualquer operação comercial – O Eco é uma Ong – que tenha Eco no seu nome. O Ecomarché, rede francesa de supermercado, foi flagrado vendendo uma partida de carne estragada. As condições do flagrante da vigilância sanitária foram daquelas que não dão qualquer margem ao bandido de conseguir achar uma explicação. A carne foi encontrada no frigorífico de uma das lojas embebida em líquido. A função era deixá-la com a cor avermelhada, para torná-la mais apetitosa na prateleira.

Por Manoel Francisco Brito
24 de novembro de 2004

O time dos mais fracos

No Brasil existe a Rede Brasileira de Justiça Ambiental, criada em 2001, por setores da sociedade que foram prejudicados pela construção de barragens, atividades industriais ou outros danos ao meio ambiente. Eles tentam impedir situações em que o ônus do desenvolvimento seja pago pelas comunidades mais pobres. Amanhã, acontecerá no Rio de Janeiro o primeiro encontro nacional desta rede. Será no SESC da Tijuca (tel: 21 2286 1441). Entre os participantes, há integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens de Barra Grande.

Por Redação ((o))eco
24 de novembro de 2004

Quero ser índio

O Ministério da Justiça estima que a legalização da mineração em reservas indígenas pode render aos cofres do governo, só em impostos obtidos com diamantes colhidos na Reserva Roosevelt, ocupada pelos cintas-largas, cerca de 9 bilhões de reais por ano. Imagina o que vai ficar no bolso dos índios. A reportagem, um pouco confusa, está em O Globo (gratuito, pede cadastro).

Por Manoel Francisco Brito
24 de novembro de 2004

Orgânico?

A Cooperativa mineira Cemil anunciou que colocará à venda no mercado um leite longa vida orgânico certificado pelo Instituto Biodinâmico. A reportagem está no Valor (só para assinantes). A chegada do produto às prateleiras dos supermercados será em conta-gotas. A Cemil diz que o processo de certificação é demorado. Tomara que explique também como leite tratado para durar meses fora de uma geladeira consegue obter o rótulo de orgânico.

Por Manoel Francisco Brito
24 de novembro de 2004

Boa proposta

Dez por cento da energia do estado americano de Colorado serão gerados por vento ou energia solar até 2015. Pelo menos esta foi a meta aprovada pelos moradores locais, como conta o The New York Times (gratuito).

Por Carolina Elia
24 de novembro de 2004

Scanner na natureza

Joseph Scheer, diretor do departamento de artes eletrônicas da Alfred University, nos Estados Unidos, inventou técnica para capturar imagens de insetos que está deixando os fotógrafos de natureza, e os cientistas que dependem deles para fazer suas pesquisas, boquiabertos. Ele nem pinta e nem fotografa seus modelos. Faz sua reprodução com a ajuda de um scanner. Scheer, jura o The New York Times (gratuito, pede cadastro), descobriu uma maneira de escanear os insetos, que entram na máquina mortos, sem esmagá-los. O resultado são mariposas, marimbondos e borboletas em grau de detalhe e realismo para nenhum pesquisador botar defeito.

Por Manoel Francisco Brito
23 de novembro de 2004

Devagar, devagar

O rio Colorado, que corta o Grand Canyon e é responsável pela maior parte da água que abastece os estados da região sudoeste dos Estados Unidos, há muito é um pesadelo ambiental. Sua biodiversidade começou a ser posta em cheque em 1963, quando a construção de uma represa num afluente roubou do Colorado o principal fornecedor da areia que se acumulava no seu fundo e nas margens. Sem ela, o rio começou a perder os santuários onde várias espécies de peixes se reproduziam e foi ficando mais frio. Deu-se bem a truta, que gosta de água gelada. Começou também a sentir o sumiço de várias plantas nativas da região, que ficavam raízes nos bancos de areia próximos do rio. Mas a coisa ficou feia mesmo a partir de 1996, com um desastre ecológico provocado justamente por plano para repor a areia ao longo do leito do Colorado. Cientistas descobriram que outro afluente trazia areia para o rio, mas seu fluxo e velocidade da água acabavam concentrando praticamente toda ela no fundo. Os sábios aumentaram o volume de água despejado por outra represa dentro do Colorado, para forçar a circulação dos sedimentos e redistribuí-los para as margens. Os cálculos foram mal feitos, a velocidade da água aumentou terrivelmente e o resultado da experiência serviu apenas para livrar o rio dos restinhos de areia ele ainda tinha. Agora, conta o The New York Times, os pesquisadores começaram a mobilizar outro afluente para tentar devolver a areia que tanta falta faz ao Colorado. O princípio do trabalho é o mesmo empregado em 1996. A diferenca é que a velocidade do fluxo adicional de água foi sensivelmente reduzida.

Por Manoel Francisco Brito
23 de novembro de 2004

Ar de igreja

Nota curta no Le Figaro (gratuito) diz que cientistas da Universidade de Maastricht, na Alemanha, estão fazendo um alerta a quem pretende frequentar igrejas durante o Natal. A queima de incenso e velas nas suas dependências deixa o ar dentro delas tão poluídos quanto as ruas de maior tráfego das capitais européias.

Por Manoel Francisco Brito
23 de novembro de 2004