Bobagem

A Folha de S. Paulo (só para assinantes) viu o relatório de impacto ambiental sobre a transposição das águas do rio São Francisco encomendado pelo próprio governo. A leitura ensina que é melhor esquecer do assunto. O relatório diz que se a transposição for feita, a geração de energia em Sobradinho vai cair, a especulação imibiliária vai aumentar e o que resta de vegetação nativa na margem do rio desaparecerá. E pelo menos no seu início, a obra vai gerar desemprego.

Por Manoel Francisco Brito
24 de setembro de 2004

Cenário de horror

A Folha de S. Paulo (só para assinantes) mandou um repórter ao Haiti e o que ele conta na sua reportagem de hoje é estarrecedor. As inundações do início desta semana – que até agora já deixaram saldo de 1105 mortos – aumentaram a miséria e o desespero da população, a ponto de ela começar a brigar entre si. Em Gonaives, cidade mais atingida pela enxurrada, as águas ainda não baixaram totalmente e há uma espécie de epidemia de gangrena graçando no local por falta de cuidados médicos primários. Médicos da ONU foram forçados a fazer várias amputrações na região.

Por Manoel Francisco Brito
24 de setembro de 2004

Regeneração

Os jornais noticiam hoje que cientistas brasileiros conseguiram comprovar que é possível regenerar músculos do coração com terapia baseada no uso de células-tronco. Segundo O Globo (gratuito, pede cadastro) um aposentado de 78 anos, que recebeu a terapia para regenerar suas artérias, acabou tendo benefício paralelo, com a regeneração dos músculos de seu coração. O resultado foi o mesmo em outros pacientes.

Por Manoel Francisco Brito
24 de setembro de 2004

Discutindo a Relação

O caso de amor dos humanos com os carros vai ter que sofrer uma reavaliação. É bem provável que a atual subida de preços do petróleo permaneça no longo prazo. Novos poços estão cada vez mais raros e a operação dos existentes, à medida que se exaurem, mais cara. O consumo mundial cresce rápido e deve dobrar das atuais 3,6 bilhões de toneladas anuais para 5,8 bilhões até 2030. Sem falar nos problemas do efeito estufa. Chegará breve a hora dos carros movidos a hidrogênio. A transição deve começar pra valer em 2010 e terminar em 2050. No caminho, a necessidade de substituir a infra-estrutura do petróleo (poços, oleodutos, postos de venda) avaliada em US$6 trilhões. É um troco. O artigo da BBC News (gratuito) é curto e vale a pena.

Por Manoel Francisco Brito
23 de setembro de 2004

A lista cresce

Hong Kong vai obrigar que os fabricantes de produtos que contenham qualquer tipo de elementos químicos que poluam o ar a listá-los em seus rótulos, informa O The Standart (gratuito). Isso inclui muita coisa que é consumida em áreas urbanas – tintas, papel impresso, cigarros, qualquer tipo de spray, motores à explosão. Eles têm o que se chama de compostos orgânicos voláteis e Hong Kong que reduzir suas emissões locais destes poluentes em 55% até 2010.

Por Manoel Francisco Brito
23 de setembro de 2004

Garimpo em área preservada

Garimpos e áreas desmatadas foram descobertos por uma equipe de pesquisadores dentro do Parque Nacional da Amazônia e das Florestas Nacionais de Itaituba I e II, que juntas formam um corredor de biodiversidade de 1,5 milhão de hectares. O grupo fazia um sobrevôo sobre a área e conseguiu identificar várias clareiras e garimpos em funcionamento. Alguns até com pistas de pouso. As duas Florestas estão muito perto de rodovias como a BR-163, Santarém Cuiabá e a Transamazônica. Essas estradas facilitam a extração e o escoamento dos recursos retirados ilegalmente das florestas.

Por Redação ((o))eco
23 de setembro de 2004

Abelhas de risco

Da caixa-postal: A vida das abelhas silvestres no Brasil não é nada tranqüila, mesmo em áreas preservadas. Muitas espécies estão ameaçadas de extinção por conta da apicultura que, defendida como uma atividade inofensiva, está invadindo as áreas de preservação e exterminando as abelhas nativas, que sucumbem ao competirem com as abelhas africanizadas. Alguns apicultores adicionam um gesto cruel à sua prática: colocam próximo ao apiário um ovo de galinha com veneno injetado, para matar um mamífero chamado irara, que é doido por mel. Há estudos científicos comprovando que algumas espécies de abelha silvestre são agentes polinizadores específicos de árvores da Mata Atlântica. O desaparecimento delas acarretaria uma grave mudança no ecossistema. Quem deu o alerta foi Germano Woehl Jr., fundador do Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade e que mantém reservas ambientais particulares.

Por Redação ((o))eco
23 de setembro de 2004

Marcos

A demolição de uma represa no estado de Nova Iorque está sendo vista como um duplo marco na história da preservação da natureza. Reportagem do The New York Times (gratuito, pede cadastro) informa que ela é a primeira a ser destruída na região por razões puramente ecológicas. E também é a primeira represa que o maior construtor de represas do século XX nos Estados Unidos, o Corpo de Engenheiros do Exército, vai destruir em toda a sua história. Construída em 1915, ela barrou água do rio Neversink para movimentar turbinas de geração de energia elétrica para a cidade de Nova Iorque. Tornou-se uma inutilidade em 1940, quando linhões aéreos passaram a ir buscar eletricidade em usinas maiores e mais distantes. Mas foi deixada no lugar. Acabou virando um problema ambiental. O muro no meio do rio impediu que um molusco subisse seu curso para reprodução. O bicho acabou entrando na lista de espécies ameaçadas e a sua ausência na parte acima da represa no Neversink estava ameaçando a integridade da cadeia alimentar na água. Por isso tomou-se a decisão de demolí-la. O Corpo de Engenheiros entrou no processo por duas razões. Primeiro, tem tradição na construção de represas e, portanto, ninguém melhor que sua tropa para trazê-las abaixo. A segunda é que lei de 1999 autorizou que ele fizess PPP’s com grupos ambientalistas para destruir represas que viraram um risco ecológico. A destruição da represa de Neversink está sendo feita em parceria com a Nature Conservancy.

Por Manoel Francisco Brito
22 de setembro de 2004

Mundos à parte

As cercas nos campos do Kenya separam mundos completamente diferentes. Dentro delas, nos ranchos que tem proprietários privados, maneja-se a terra e sua produção de maneira correta, mantém-se florestas nativas intactas, a caça indiscriminada é proibida e os animais, inclusive os ameaçados de extinção como o rinoceronte preto, vão muito bem obrigado. Do lado de fora das cercas, as terras são públicas e têm aspecto de deserto. Sobra pouca água, pouco mato e quase mais nenhum animal vive nelas, a não ser o gado dos Masai, tribo que desde a independência do país, em 1963, ganhou o direito de usar terras que ainda pertencem ao Estado. A devastação é de responsabilidade da própria tribo, que sempre se utilizou de maneira irresponsável os recursos naturais à sua disposição. Suas manadas crescem desordenadamente, destroem pastos naturais e derrubam florestas indiscriminadamente. Resultado, os Masai cada vez mais se condenam à miséria. O curioso, segundo relato do The New York Times (gratuito, pede cadastro), é que ao invés de modificarem seus hábitos, respeitar a natureza e manejar melhor seu gado, sentem inveja do que tem os fazendeiros e exigem que estes dêem acesso às suas terras. Insistem que elas no fundo lhe pertencem por direito ancestral. Já começaram a invadir algumas fazendas.

Por Manoel Francisco Brito
22 de setembro de 2004

Marxan

O nome, estranho para a esmagadora maioria da humanidade, é muito conhecido por gente que maneja grandes projetyos de preservação ambiental. Designa um programa de computador inventado em 1998 por Ian Ball, aluno e orientando de pós-graduação de Hugh Possingham, professor de matemática ecológica da Universidade de Queensland, na Austrália. O programa, que é distribuído gratuitamente, mastiga dados sobre flora e fauna num determinado ecossistema e cospe de volta, pela descrição do The New York Times (gratuito, pede cadastro), informações sobre seu ponto ótimo de manejo e cuidado. É o que existe de mais avançado e popular com governos, universidades e Ongs em termos de gestão ambiental e muito do que ele sugere é seguido à risca, sem contestação. A Austrália, por exemplo, baniu a pesca em sua grande barreira de corais depois que o Marxan disse que isso era o que tinha que ser feito. O doutor Possingham diz que este tipo de comportamento é errado e que se as recomendações do Marxan não forem postas em prática em no máximo 1 anos depois de terem sido feitas, é melhor deixá-las de lado e apelar para a inteligência e sensibilidade humanas para preservar um ecossistema. Possingham argumenta que o Marxan define seus planos a partir de um universo estático e esse é seu problema. Poucos são os projetos ambientais de larga escala que são implantados integralmente ao mesmo tempo e o mundo muda muito rápido. Ball, o pai do Marxan, e várias organizações e consultorias ligadas à ecologia caíram de pau em cima do velho mestre. Uma das razões, sugere a reportagem, é que planejamento ambiental de grande porte virou um tremendo negócio. O raciocínio de Possingham pode colocar tudo o que foi feito com o auxílio do Marxan sob suspeita.

Por Manoel Francisco Brito
22 de setembro de 2004