Passivo ambiental

Larry Rother, o correspondente do The New York Times (gratuito, pede cadastro) no Brasil que o governo Lula adora odiar, continua apesar das críticas oficiais dando aulas de jornalismo. Inclusive a nós aqui de O Eco. Na edição do jornal do dia 7 de setembro, publicou reportagem sobre o passivo ambiental que o país herdou da época do desenvolvimentismo do regime militar – um aspecto do passado brasileiro que boa parte do PT federal teima em elogiar. A represa criada em plena Amazônia, mais especificamente no Pará, para fazer girar as turbinas da hidrelétrica de Tucuruí tem uma floresta de problemas. As árvores da área inundada, depois de 20 anos debaixo d’água, viraram um imenso problema ambiental. Sua decomposição lenta e gradual é uma enorme fonte de emissão de dióxido de carbono, que contribui para o fenômeno de aquecimento da Terra. Elas atrapalham a navegação, são fontes de horrendas infestações de mosquito e há a preocupação de que elas estão elevando o nível de acidez da água, o que pode comprometer o funcionamento das turbinas de Tucuruí. Até recentemente, o pessoal da Eletronorte estava combatendo o problema entregando as árvores aos serrotes de madereiras. Elas contratavam gente para mergulhar e serrar os troncos, que depois eram cortados em serrarias na região. No começo do ano, a estatal suspendeu os trabalhos de corte, argumentando que apesar de todos os problemas que provocam elas são benéficas para o ambiente subaquático, provendo os peixes com vivieros onde eles podem se reproduzir. Ambientalistas dizem que isto é uma bobagem, que as árvores representam um risco à qualidade da água e do ar e que sua remoção deveria continuar. Leva 3 minutos para ser lida.

Por Manoel Francisco Brito
7 de setembro de 2004

Mortandade de hipopótamos

Sessenta hipopótamos morreram de causa ainda desconhecida num Parque Nacional de Uganda nos últimos 2 meses, informa reportagem do Mail and Guardian (área gratuita) da África do Sul. Veterinários do Parque, que abriga uma manada de 5 mil hipopótamos, descartam a possibilidade de uma infecção. Apostam na hipótese de que os bichos estão sendo vítimas do excessivo calor que vem afligindo a região nos últimos meses. Alguns especulam que as mortes podem ser resultado da presença de poluentes nos lagos Edward e George, que estão dentro do Parque. Recentemente, suas águas adquiriram uma tonalidade esverdeada que nunca havia sido registrada antes. Menos de 1 minuto de leitura.

Por Manoel Francisco Brito
7 de setembro de 2004

Bichos não falam

Um professor de Yale acaba de publicar um livro que rema contra a noção geral de que bichos, em contato com humanos, acabam desenvolvendo formas especiais de comunicação com seus mestres bípedes. Stephen Anderson, diz o The New York Times (gratuito, pede cadastro), argumenta no texto que quando um gato mia para seu dono ou um cachorro late na hora em que ganha sua comida estão apenas fazendo miau e auau. Menos de 1 minuto de leitura.

Por Manoel Francisco Brito
7 de setembro de 2004

Uvas em chamas

Sonoma County, na Califórnia, uma das regiões de produção de vinhos mais celebradas do mundo, está enfrentando incêndios descontrolados nas poucas áreas de floresta natural que lhe restam. O fogo já desalojou humanos, queimou vinhedos e, informa o The Washington Post (gratuito, pede cadastro), paralisou as atividades de Geysers, a maior geradora térmica de energia do mundo, que fica na área onde acontece o incêndio. Lê-se em 2 minutos.

Por Manoel Francisco Brito
7 de setembro de 2004

Só bandidos

Autoridades de duas cidades da Califórnia, segundo o The Los Angeles Times (área gratuita), estão acusando sindicatos de eletricitários em suas regiões de utilizarem a legislação ambiental para impedir a construção de plantas de geração de energia. Dizem que os sindicatos não fazem isso por amor ao verde e ao ar puro, mas porque as duas cidades deram os contratos de construção das geradoras à empresas que não empregam pessoal sindicalizad. As lideranças trabalhistas rejeitam a acusação e lembram que os sindicatos na Califórnia há muito lutam pela melhora na qualidade do ar que as pessoas respiram no estado. Pelo que diz a reportagem do jornal, nessa briga não há mocinhos. A leitura leva 4 minutos.

Por Manoel Francisco Brito
7 de setembro de 2004

Pólo quente

Águas congeladas e terras cobertas de neve tornam-se cada vez menos freqüentes no Pólo Norte. As transformações climáticas afetam o comportamento e a saúde dos animais. Cientistas canadenses pediram que 30 caçadores esquimós contassem as estranhas mudanças que estão observando, nos últimos anos, na vida selvagem do ártico. Os ursos polares estão mais magros, pois seu período de caça diminuiu devido ao derretimento das camadas de gelo. Salmões estão aparecendo feridos, provavelmente pelo contato com pedras que emergiram com a descida das águas, sempre mais quentes. Cavalos marinhos mudaram sua rota migratória em busca de temperaturas mais amenas. A urbanização também contribuiu para as alterações no meio ambiente: o barulho dos barcos afugentou as baleias brancas e os alces parecem estar ficando surdos, pois não reagem mais às máquinas que passam próximas. O mercúrio e outros produtos químicos, atirados nas águas pelas indústrias ao sul, envenenam os animais e, por tabela, os humanos que os ingerem. Altos níveis de contaminação foram encontrados no leite materno esquimó. É o que conta o The New York Times (gratuito, pede cadastro), reproduzindo matéria do jornal local, Pangnirtung Journal. Leitura rápida.

Por Lorenzo Aldé
6 de setembro de 2004

Ruim pra cachorro

A FDA, órgão responsável pela regulamentação de drogas e alimentos nos Estados Unidos, mandou retirar das farmácias um remédio específicamente criado para combater o verme de coração, mal que aflige milhões de cães no país. A decisão veio depois que a FDA, que liberou a venda do medicamento, o Proheart6, em julho, recebeu mais de 5 mil relatórios indicando que ele estava provocando reações adversas em cachorros, levando inclusive alguns deles à morte. O remédio, informa o The New York Times (gratuito, pede cadastro), é fabricado por uma subsidiária da gigante farmacêutica Wyeth que só faz drogas para animais.

Por Manoel Francisco Brito
6 de setembro de 2004

Nova ameaça a um velho rio

Reportagem no The Washington Post (gratuito, pede cadastro) diz que os eleitores de Montana, estado no norte dos Estados Unidos, vão às urnas em novembro para decidir se será derrubada restrição imposta há seis anos, também pelo voto popular, a qualquer atividade de mineração na região do rio Blackfoot. A iniciativa do novo plebiscito está sendo financiada por uma mineradora do Colorado, que pretende extrair ouro no local utilizando cianeto de potássio. O departamento do Meio Ambiente de Montana afirma que o método poluiu vários rios do estado. O Blackfoot é um dos poucos que nunca foi afetado. Em 1992, foi a principal estrela de um filme, A river runs through it, com Robert Redford.

Por Manoel Francisco Brito
6 de setembro de 2004

Desperdício

O morador do Corte do Cantagalo – na Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro – que acordou cedo no domingo achou que tinha caído um dilúvio sobre a cidade de madrugada. A avenida Epitácio Pessoa estava inundada em dois trechos, dando passagem a apenas um carro. Não era culpa da natureza. Apenas a consequência de mais um dos habituais estouros na tubulação da Cedae, a estatal que cuida da água e do esgoto. O desperdício continuou tarde adentro, enquanto uma equipe lutava para conter o vazamento.

Por Redação ((o))eco
5 de setembro de 2004

Coisa de pobre

Para dar emprego e ganhar votos, políticos não medem os danos ambientais que podem causar à qualidade de vida de seus eleitores. Eles também, em troca da promessa de desenvolvimento, acabam se sujeitando à poluição e se habituando completamente a ela. Pesquisadores da UFRJ fizeram um mapa da poluição ambiental no Estado do Rio de Janeiro, indicando lugares onde sucessivos governos deixaram indústrias com processos ambientalmente incorretos se instalarem ou despejarem dejetos. Neles, só moram pobres.

Por Manoel Francisco Brito
5 de setembro de 2004