Lavoura de árvores não é floresta

Um dos argumentos que a indústria da silvicultura mais usa para tentar consolidar sua atividade é chamar as fileiras de pinus ou eucaliptos de florestas plantadas. Todo mundo precisa de papel, é claro, feito com a celulose oriunda desses plantios, mas qualquer biólogo sério sabe que essas lavouras não têm nada de floresta. Pois, esta semana representantes do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM, sigla em inglês) reuniram-se com membros da FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, em Roma, para tocar justamente nesse ponto. Afinal, a agência ainda vê monoculturas de árvores como florestas. Durante a reunião, a FAO recebeu uma declaração, assinada por mais de cem profissionais e estudantes florestais de 29 países, discordando cabalmente dessa prática. O texto, que pode ser conferido aqui, lembra alguns impactos das lavouras de árvores, como perda de biodiversidade, mudanças no ciclo de água, menor produção de alimentos, degradação do solo, perda de culturas indígenas e tradicionais, expulsão de populações rurais e destruição de paisagens naturais em áreas turísticas. 

Por Salada Verde
24 de setembro de 2008

Mais barragens na Amazônia

Depois do Rio Madeira (RO) e de Belo Monte (PA), a mira do governo aponta agora para o Complexo Tapajós (PA). Notícia de hoje da Agência Estado dá conta de que a Eletrobrás já mexe os pauzinhos para o futuro leilão de mais usinas hidrelétricas na Amazônia. Um inventário estatal e da Camargo Corrêa identificou cinco possíveis barragens nos rios Tapajós e Jamanxim, suficientes para gerar 10,682 mil MW a um custo de R$ 31 bilhões. A notícia também informa que a papelada foi apresentada ao ministro Carlos Minc, que já teria encaminhado a adoção de parques nacionais na região pelos empreendedores. É o famoso dois prá lá, dois prá cá. Nesse ritmo, pobre Amazônia.

Por Salada Verde
23 de setembro de 2008

Sustentável vale para tudo

Conforme a Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (já ouviu falar?), o Brasil tem 29,5 milhões de hectares para o "desenvolvimento sustentável" da irrigação - 14,6 milhões de hectares na Região Norte, 4,9 milhões no Centro-Oeste e 4,5 milhões na Região Sul. A numeralha foi apresentada hoje em reunião da Câmara Temática de Agricultura Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura. Resta saber como essa sustentabilidade será obtida, já que a agricultura devora 75% da água doce bombeada de rios, lagos e outros mananciais.

Por Salada Verde
23 de setembro de 2008

Números do desmatamento em SP

O governo do estado de São Paulo prestou contas, ontem, da promessa assumida há um ano, quando foi lançado o projeto Desmatamento Zero. Pelos números oficiais, a supressão das matas paulistas caiu, mas não chegou à meta projetada. Durante o primeiro semestre de 2008, foram derrubados ilegalmente pouco mais de mil hectares (ha) de vegetação, contra quase 1,6 mil ha no mesmo período de 2007. Nos cortes autorizados, as cifras caíram de 5.290 ha para 952 ha, uma redução de 82%. Da vegetação degradada legalmente, 62% eram áreas de capoeira, 15% de Cerrado e 3% de matas em estágio médio de regeneração. Os outros 20% desmatados foram classificados pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente como “itens diversos”, entre eles várzeas e vegetação rasteira. A região do Vale do Ribeira foi a que recebeu mais autorizações, com predominância para áreas de capoeira.

Por Salada Verde
23 de setembro de 2008

Taxas grandes para vegetação pequena

Os números podem parecer insignificantes se comparados ao desmatamento na Amazônia. No entanto, fazem grande diferença em um estado que possui apenas 12% de sua vegetação nativa. Originalmente, São Paulo tinha cerca de 20,5 milhões de hectares de vegetação. Hoje, são cerca de 2,5 milhões. Para Márcia Hirota, da SOS Mata Atlântica, o balanço apresentado é positivo porque mostra que o governo de São Paulo “está fazendo alguma coisa”. No entanto, ele é incompleto, já que não traz informações georreferenciadas. “Precisamos saber onde são estes desmatamentos, se estão no entorno de unidades de conservação, o que realmente estão autorizando”, diz. Segundo ela, pecuária, novos loteamentos, silvicultura e obras de infra-estrutura foram os que mais tomaram o lugar da vegetação paulista.

Por Salada Verde
23 de setembro de 2008

Big Brother ambiental

A partir deste mês, as reuniões dos conselhos Nacional do Meio Ambiente (Conama), Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (Consema/SP)e Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de São Paulo serão gravadas em vídeo e áudio. As imagens, no entanto, não serão enviadas a um programa de televisão. Elas farão parte de um “estudo de caso” desenvolvido pelo não-governamental Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam). As atas das reuniões também serão avaliadas.

Por Salada Verde
23 de setembro de 2008

Não é só uma espiadinha

Segundo o Proam, as reuniões deliberativas dos conselhos serão filmadas durante os próximos 18 meses. Com o material, cientistas e especialistas avaliarão o grau de representatividade dos setores e a qualidade das decisões tomadas. Ao final, um diagnóstico trará recomendações de mudanças, para ocorra uma mais eficiente “gestão participativa”. “Hoje não há nenhuma forma de se auditar esses conselhos e isso tem feito com que os resultados das decisões não transpareçam a vontade pública”, diz Carlos Bocuhy, presidente da ONG. Segundo ele, há crise de princípios nos conselhos ambientais brasileiros, como isenção nas decisões e equidade na representatividade de setores. “Hoje há um conflito de interesses e falta isonomia na condução dos processos. Isso acaba gerando também uma crise de participação social, porque [os conselhos] ficam desacreditados”, argumenta.

Por Salada Verde
23 de setembro de 2008

Fazendo bonito na frente das câmeras

O trabalho do Proam começou na 91ª reunião do Conama, realizada nos dias 10 e 11 deste mês, em Brasília. Para Bocuhy, só o fato de as reuniões serem gravadas já garantiu maior democracia na elaboração das políticas ambientais. Isso porque, na frente das câmeras, os conselheiros não quiseram fazer feio e mudaram a postura durante as discussões. Os resultados do estudo serão publicados no início de 2010. Dentro de três meses, as reuniões dos três conselhos também serão transmitidas ao vivo, pela página do Proam. Vale uma espiadinha.

Por Salada Verde
23 de setembro de 2008

Água revigorante

Depois de quatro meses de seca, choveu em Mato Grosso no fim de semana passado. Nos primeiros dias de setembro, o estado já havia visto relâmpagos e alguns pinguinhos, mas desta vez deu para devolver um certo vigor às poucas matas que existem por lá. A umidade relativa do ar subiu sensivelmente e também ajudou a frear as queimadas, que na semana passada voltaram a acinzenta o céu mato-grossense. O efeito mais imediato das primeiras chuvas para quem cruza o estado de norte a sul foi o aumento do número de animais atropelados nas estradas nos últimos dias. Este foi o caso de muitos tamanduás, lobinhos, cobras, tatus e emas que reapareceram depois da estação seca na MT170, que liga Cuiabá ao noroeste do estado.

Por Salada Verde
23 de setembro de 2008

Fogo segue livre

Apesar da chuva, o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) estimou que deve chover abaixo do normal nos próximos três meses em Mato Grosso. Por isso, nessa segunda (22), o grupo que executa o plano de prevenção e combate a incêndios florestais pelo estado sugeriu ao governador que o período proibitivo de queimadas seja prorrogado até 10 de outubro. Desde 15 de julho, uma lei estadual criminaliza qualquer queimada, mesmo anteriormente autorizada. Mas, como sempre, quem ateia fogo não costuma sofrer nenhuma punição.

Por Salada Verde
23 de setembro de 2008