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Apesar da degradação ambiental trágica, causada pelo intenso crescimento econômico chinês, começam a aparecer sinais de que a situação não é irreversível.

10 de fevereiro de 2006 · 20 anos atrás
  • Eduardo Pegurier

    Mestre em Economia, é professor da PUC-Rio e conselheiro de ((o))eco. Faz fé que podemos ser prósperos, justos e proteger a biodiversidade.

Fica cada vez mais claro que o rápido crescimento econômico da China tem um custo ambiental altíssimo. Em conseqüência, estudos indicam que o país perde por ano de 2% a 3% do seu PIB. Em 2005, o país sofreu gigantescos desastres ambientais, como o vazamento de químicos no rio Songhua. O alarme entre os ativistas é grande. O World Watch Institute chega a ter uma página no seu site dedicada apenas a acompanhar desastres ambientais na China. Será possível amansar o dragão sem matá-lo?

Um tema polêmico na economia ambiental é a chamada Curva de Kuznets. O nome vem do prêmio Nobel de economia Simon Kuznets. Ele observou que, em vários casos, o crescimento econômico primeiro concentrou renda, mas a sua evolução reverteu esse efeito. A versão ambiental da curva diz que a poluição é intensa no início do processo de desenvolvimento, mas, com o tempo, cai (veja o gráfico abaixo). O debate sobre o conceito desperta paixões. Uma interpretação fatalista pode fazer crer que, nos estágios iniciais, é necessário degradar muito para crescer. Mas a Curva de Kuznets ambiental decorre de observações passadas. Nenhum país é obrigado a seguir o seu figurino à risca.
É uma notícia boa no meio de uma tragédia. Quais forças estão por trás dela? Em primeiro lugar, para o governo autocrático chinês, uma perda de 3% do PIB é um forte incentivo econômico para conter danos ambientais. A multiplicação dos protestos populares também amedrontam e pressionam o governo para fazer mudanças. Vamos esperar que aquela batida história sobre o ideograma chinês que representa “crise” seja verdade: que ele signifique oportunidade.

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