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Maçã verde

Usar tecnologia com mais eficiência é uma forma de diminuir o uso de recursos naturais escassos e/ou poluentes. A chegada dos computadores verdes é uma grande notícia.

22 de janeiro de 2008 · 17 anos atrás
  • Eduardo Pegurier

    Mestre em Economia, é professor da PUC-Rio e conselheiro de ((o))eco. Faz fé que podemos ser prósperos, justos e proteger a biodiversidade.

O Greenpeace acaba de aprovar o MacBook Air, a última maravilha da tecnologia e do design produzida pela Apple. Para quem ainda não viu, trata-se de um notebook tão fino que cabe dentro de um envelope grande. Livre de arsênico e mercúrio, o novo portátil é um exemplo do caminho a seguir, diz a ONG.

O aval do Greenpeace mostra que tecnologia não precisa brigar com conservação. Ao contrário, é a única forma de conciliar duas coisas antagônicas, aumento de consumo com proteção ambiental. Só existem duas maneiras de diminuir o uso de recursos naturais escassos e/ou poluentes. A primeira é viver de uma forma mais espartana. A outra é usar os recursos com mais eficiência.

O tema é controverso. Boa parte do movimento ambiental prefere a primeira opção, consumir menos. Só falta combinar com o outro lado. O mundo tem hoje uma população de mais de seis bilhões de pessoas. Só os mais ricos costumam se comover em reduzir voluntariamente consumo. Como a parcela com renda alta não passa de um bilhão, os outros cinco não estão muito dispostos a cooperar. A única saída e produzir melhor e punir a poluição, que ninguém gosta.

Na minha experiência, meus amigos ambientalistas tem renda e educação formal bem acima da média e são grandes amantes de produtos tecnológicos. Isso parece evidente até quando se cruza com hikers, escaladores, fotógrafos da natureza e outros amantes do meio ambiente. Com muita frequência estão cobertos de eletrônicos, como localizadores GPS, câmeras digitais SLR, equipamentos de montanha hi-tech, notebooks, etc. Poucos têm todos os gadgets, mas quase todos têm alguns. Estão certos: a tecnologia será a nossa redentora. Claro, sem dispensar bom senso e o pudor de evitar o consumismo.

A informática é o melhor exemplo. Seu uso está emagrecendo o PIB. Quanto mais uma economia avança, literalmente, mais leve é o seu produto interno bruto. A produção de coisas é substituída pela de serviços sem peso. Uma economia avançada é leve e muito dependente de computadores. Eles controlam processos, reduzindo erros, economizando recursos e substituindo trabalho braçal por máquinas (veja esse tour fotográfica da fábrica da Volkswagen em Dresden, Alemanha). Permitem que as pessoas se dediquem a tarefas cada vez mais diversas e intelectuais. Substituem coisas materiais, zerando o custo de comunicação e permitindo o contato entre pessoas sem a necessidade de aviões ou cabos.

Já pensaram o que significa a aposentadoria de máquinas de fotografia analógicas? Quanto filme não se economizou? O fim do vinil e, hoje, a crescente substituição do CD e outras mídias pelo download significará a economia de todas aqueles disquinhos, caixinhas de plástico e de recursos usados no seu transporte e distribuição. Os leitores de ebooks, como o Kindle salvarão florestas. A informação e a cultura, cada vez mais, fluirão intangíveis por aí.

E não me venha com romantismo, essa qualidade tão humana quanto o gosto pela inovação. O nosso livrinho favorito é feito de árvore morta. Muitos ou todos eles fatalmente serão substituídos por um único PC com uma conexão sem fio.

Por tudo isso, nada melhor do que receber notícias da chegada do PC verde.

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