A primeira versão do mapa oficial de ciclorrotas de São Paulo foi apresentada em 29 de outubro. Trata-se de um levantamento detalhado das vias mais indicadas para o ciclista se locomover na cidade. O estudo foi feito por pesquisadores contratados pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) em parceria com a Prefeitura de São Paulo. Foram priorizados os caminhos mais tranquilos, com trânsito menos intenso e velocidade limite reduzida. O mapeamento apresentado está em teste; ele deve ser aperfeiçoado para, no final de 2011 ou no começo de 2012, ser lançado pela Prefeitura. Pode servir de base para o estabelecimento do primeiro planejamento cicloviário da cidade.
Ciclorrotas são compostas por vias compartilhadas, ciclofaixas e ciclovias. É preciso ter em mente a diferença entre cada uma delas para conseguir adaptar São Paulo e transformar a cidade em uma capital para pessoas – e não mais em uma metrópole que ficou famosa pelos seus congestionamentos constantes e sua poluição cada vez mais alarmante. E é preciso pensar que bicicletas são compatíveis com transporte público, bastando uma infraestrutura simples composta por bicicletários e terminais intermodais.
Vias compartilhadas
De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (leia a íntegra aqui), quando não existe ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, as bicicletas têm não só o direito de circular nas ruas e avenidas, como a preferência em relação aos demais veículos. O artigo 58 estabelece que todas as vias devem ser compartilhadas. Todas. O artigo 29 prevê que os veículos maiores são responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pela dos não motorizados, e, todos juntos, pela dos pedestres. O artigo 38 determina que, ao mudar de direção, o motorista deve sempre ceder passagem aos pedestres e ciclistas.
Há até punições previstas para quem não aceitar tais regras e avançar ou ameaçar ciclistas. Segundo o artigo 201, quem ultrapassar ciclistas sem guardar a distância de um metro e cinquenta centímetros, está sujeito à multa por infração média. Quem acelerar ou deixar de reduzir a velocidade, por sua vez, comete uma infração grave, também sujeita à multa, conforme o artigo 220. Todos os artigos citados podem ser consultados no Código Brasileiro de Trânsito. Compartilhamento de vias está previsto na lei, mas quem pedala deve ser respeitado não só por isso. Tomar cuidado ao realizar ultrapassagens, reduzir a velocidade, manter distância apropriada e proteger os veículos menores e pedestres são medidas de respeito à vida.
Algumas ruas da cidade já contam com a indicação de compartilhamento e mecanismos para forçar a redução da velocidade – e desta maneira, aumentar a segurança de pedestres e ciclistas. Sinalizar e incentivar o compartilhamento em todas as ciclorrotas traçadas é uma maneira de ampliar a divulgação sobre os direitos dos ciclistas estabelecidos em lei e de incentivar o respeito a quem pedala; e à vida.
Confira vídeo com a cicloativista Renata Falzoni falando sobre as ciclorrotas do Brooklin.
Ciclofaixas
São faixas destinadas ao tráfego de bicicletas, separadas das demais por meio de sinalização. São mais baratas que as ciclovias e podem servir como eixos em um planejamento cicloviário pensado para toda a cidade. Em São Paulo, por enquanto as principais ciclofaixas são as “de lazer”, que funcionam somente aos domingos e feriados. Elas atravessam bairros inteiros, têm atraído um número cada vez maior de ciclistas e há pressão para que se tornem permanentes.
No começo de novembro de 2011, a Prefeitura de São Paulo delineou ciclofaixas em Moema. A iniciativa, que pode transformar o bairro, precisa ser aperfeiçoada, mas, com correções, pode servir de base para a criação de uma rede local e para a ligação com outras regiões da cidade. Entre as melhorias necessárias, estão ampliar o espaço de segurança entre as vagas de estacionamento para carros mantidas ao lado da ciclofaixa (do jeito que está, o risco de acidentes com motoristas abrindo portas sobre ciclistas é grande), garantir o respeito à demarcação (muitos têm estacionado sobre a ciclofaixa) e alterar a cor dos “olhos de gato”, obstáculos deixados para delimitar a separação – brancos, eles se confundem com a faixa pintada e podem provocar acidentes. De início, alguns moradores pouco acostumados a outras formas de deslocamento que não o transporte individual motorizado e comerciantes protestaram e manifestaram preocupações com o futuro de “clientes milionárias que andam de carro importado”.
Leia mais sobre ciclofaixas no blog Transporte Humano e confira como elas estão ajudando a transformar Nova Iorque.
Ciclovias
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