Mais uma COP chega ao fim. São mais de 26 anos de diálogos internacionais na tentativa de fazer a agenda climática avançar. Nos últimos anos ainda, surge a demanda urgente de que as discussões climáticas não sejam apenas sobre aspectos técnicos, mas que tragam para o centro das discussões o aspecto humano – Afinal, a crise climática afeta pessoas.
Em um debate sobre o futuro da humanidade, o aspecto geracional não pode ficar de fora. Nesse sentido, as juventudes chegaram para ocupar um lugar de protagonismo e para mostrar que não é sobre uma realidade distante que estamos falando: A crise climática é um desafio do presente e precisamos pensar em soluções agora.
Com o encerramento da COP 26, qual o balanço que temos? Dizer que foi uma conferência sublime certamente é exagerar e dar crédito demais a um evento que não chegou nem perto do que é necessário. Mas podemos dizer que tivemos avanços importantes? Sim, podemos. Esta COP trouxe sucessos que precisam ser reconhecidos: o livro de regras do Acordo de Paris foi, enfim, finalizado e o texto final de Glasgow reforça a necessidade e o compromisso internacional na redução de gases do efeito estufa – mas a meta de ficar abaixo dos 1.5ºC ainda está distante. A COP 26 – e os líderes globais que nela tiveram papel – não reflete, então, a urgência que a ciência traz com tanta transparência.
O Brasil atuou em Glasgow com um objetivo específico: levar uma imagem de abertura ao diálogo e de cooperação internacional, de casos de sucesso na agenda ambiental e de alinhamento com as demandas do povo brasileiro. A imagem, falsa e esvaziada de sentido, não se sustenta, e faz com que o país saia dessa COP com pouco sucesso.
Do lado da sociedade civil, entretanto, outro Brasil e, ainda, outra COP, são erguidos em paralelo. Por mais que os espaços de negociação e os centros de tomada de decisões não estivessem abertos à participação cívica como deveriam, a voz das pessoas, dos povos tradicionais e das juventudes ecoou, e o reflexo no panorama geral da Conferência foi sentido. Enquanto os líderes mundiais adiam decisões importantes para serem tomadas apenas daqui a um ano, na COP 27, a sociedade civil global clamou por urgência, ambição e justiça – e cria caminhos para serem construídas.
Na Escócia, o recado foi dado: não existe avanço climático sem um diálogo democrático, não é possível um sucesso na agenda do clima sem a garantia da defesa daqueles e daquelas que estão na linha de frente desta luta. Justiça climática é justiça social – e é isto que precisamos, cotidianamente, levar para todos os espaços de discussão.
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