Todo jornalista costuma enxergar as ações governamentais com uma boa dose de ceticismo. Quem já exerceu ou exerce a profissão, certamente já ouviu a máxima de Millôr Fernandes (1923-2012) de que “jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”. Serve de alerta: não dá para divorciar o ato de reportar ações de órgãos públicos da crítica, do questionamento e da cobrança. Foi mais ou menos nesse espírito que sobrevoei a Baixada Fluminense, há exatos dois anos. Na ocasião, a atual presidente do Ibama, Marilene Ramos, estava à frente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e quis me mostrar o que já tinha sido feito pelo Projeto Iguaçu. Tratava-se de um programa audacioso de dragagem, controle de cheias e relocação de moradias às margens dos rios Iguaçu, Sarapuí e Botas. A área de intervenções era gigantesca: São João de Meriti, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Mesquita, Nilópolis e Belford Roxo. “Aposto que ficou tudo no papel”, pensei comigo.
Pois em alguns minutos de sobrevoo eu notei que, de fato, não estava diante de bravatas ou promessas ao vento. Muita coisa havia sido feita com recursos de R$ 500 milhões, aplicados desde 2007. Nas margens do Rio Iguaçu vi áreas de lazer e espaços desocupados onde antes havia casas paupérrimas. Marilene Ramos me mostrava, orgulhosa, os avanços: 3 mil famílias haviam ganhado apartamentos do Minha Casa Minha Vida e deixado áreas impróprias. Ao mesmo tempo, ela reconhecia que apenas metade do serviço havia sido concluído. Faltavam os outros 50%, em direção à Serra do Mendanha. Do helicóptero, as imagens contrastavam: no “baixo Iguaçu”, áreas desocupadas e sistemas anticheias a pleno vapor; no “alto Botas”, milhares de casas sufocavam o rio de cor escura, prenunciando tragédias, mortes.
“Fim de Pac”
Pois as necessárias ações para impedir novos descalabros pararam ali. O anúncio de cortes no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) atingiu em cheio o Projeto Iguaçu. Não tem mais verba, é simples assim, me diz o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso. Ele conta que, quando houve o primeiro grande corte no PAC, de 2013 para 2014, o projeto sofreu um baque e jamais se recuperou. Em meados do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) questionou um contrato. A partir dali, mais nada foi feito. Outras 3 mil famílias continuam morando em área de alto risco de inundação. Como garantir ao menos que as pessoas não voltem a morar nas áreas desocupadas? Alexandre Cardoso aposta numa patrulha ambiental com 30 homens. Admite, porém, que o controle é extremamente difícil. E não nutre falsas expectativas: até 2018, será difícil pingar dinheiro no Projeto Iguaçu. O saneamento foi para o sacrifício. Mais uma vez.
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Ja são mais de 7 anos no acompanhamento do Projeto Iguaçu, avançamos em algumas etapas e em outras não, na primeira etapa apesar das dificuldades em desempenhar o trabalho de Controle social tínhamos diálogo com o governo e espaço periódico de discussão com técnicos e gestores agora com a mudança da administração estadual e da SEA/INEA todos os canais de diálogo e discussão foram extintos. Somente com a União de forças de politicos da Baixada de todas as esferas é que poderemos REVIVER O PROJETO IGUAÇU. Ou apenas um "milagre". Rogerio Gomes CAO/Lote XV – Projeto Iguaçu http://projetoiguacupaclotexv.blogspot.com.br
Iiiiiiiiiiiiiiiiii, secou a torneira . Governadores, agora coloquem em prática o plano B . E obvio que os srs. governadores tem o plano.
Será, meu amigo? E por que saneamento nunca é a prioridade? Faz sentido em falar em despoluição da Baía de Guanabara na atual conjuntura? Abraços