A definição de serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos é simples: trata-se dos benefícios que as pessoas obtêm da natureza direta ou indiretamente, através dos ecossistemas, a fim de sustentar a vida no planeta.
Os ecossistemas proveem a purificação da água e do ar, amenizam os fenômenos climáticos violentos (como ciclones, tornados e tufões) e protegem contra desastres naturais (por exemplo, tsunamis e deslizamentos de terra); decompõem o lixo, mantêm os solos férteis e ajudam no controle de erosões. Animais, como as abelhas, vespas e formigas, polinizam as plantas que, enquanto crescem, sequestram carbono da atmosfera. Outros, como a cotia e o mico-leão-dourado, ajudam as florestas e matas dispersando sementes. As fezes animais fertilizam o solo. Por sua vez, as florestas fornecem madeira, alimentos, substâncias medicinais, fibras e produzem recursos genéticos (qualquer material de origem vegetal, animal ou microbiana que contenha unidades funcionais de genes e apresentem valor econômico real ou potencial). Os sistemas fluviais disponibilizam água doce, o mais essencial dos recursos, movem hidrelétricas para produzir energia, quando navegáveis substituem estradas e são usados como áreas de lazer. As zonas úmidas costeiras filtram os resíduos, mitigam as cheias e servem de viveiro para a fauna marinha, o que permite a pesca comercial. Todos estes são exemplos de serviços ambientais.
A Avaliação Ecossistêmica do Milênio da ONU, publicada em 2005, criou uma classificação para os serviços ambientais, dividindo-os da seguinte forma:
(1) Serviços de Provisão: os produtos obtidos dos ecossistemas. Exemplos: alimentos, água doce, fibras, produtos químicos, madeira.
(2) Serviços de Regulação: benefícios obtidos a partir de processos naturais que regulam as condições ambientais. Exemplos: absorção de CO² pela fotossíntese das florestas; controle do clima, polinização de plantas, controle de doenças e pragas.
(3) Serviços Culturais: São os benefícios intangíveis obtidos, de natureza recreativa, educacional, religiosa ou estético-paisagística.
(4) Serviços de Suporte: Contribuem para a produção de outros serviços ecossistêmicos: Ciclagem de nutrientes, formação do solo, dispersão de sementes.
A preservação dos ecossistemas e, consequentemente, dos serviços ambientais por eles prestados é fundamental à existência humana. No entanto, economicamente, a preservação por muito tempo não foi vista como atraente. Em curto prazo, outras atividades, como a pecuária e a produção de grãos, são mais lucrativas, porém degradam o ambiente.
As atividades que destroem recursos ambientais criam problemas até para si mesmas. A agricultura e a pecuária geram florestas e matas ciliares, o que, por exemplo, interfere com o fornecimento de água e indiretamente com o clima. Recuperar áreas degradadas é caro, tal como o caso de despoluir um rio ou recuperar uma floresta queimada.
As técnicas de valoração ambiental são uma ferramenta para mostrar o custo que a degradação gera. Elas atribuem um valor monetário aos serviços prestados pelos ecossistemas. Explicitar esses custos para o resto da economia pode incentivar a conservar os recursos naturais ou a usá-los de maneiras que sejam sustentáveis.
Da valoração ambiental surge o conceito de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), definido como uma transação voluntária, na qual um serviço ambiental bem definido ou um uso da terra que possa assegurar este serviço é adquirido por um comprador de um provedor, sob a condição de que o provedor garanta a provisão deste serviço.
Entre as modalidades de PSA estão o mercado de carbono, o ICMS Ecológico, o REDD e os projetos de proteção de recursos hídricos.
Hoje, a questão do pagamento por serviços ambientais é discutida como forma não apenas proteger ecossistemas, mas também de criar alternativas econômicas para melhorar a renda e a qualidade de vida de povos que vivem na floresta e dela dependem para sobreviver.
Leia também
“Ou se juntam a nós ou, por favor, saiam da frente”, declara Panamá diante de esboço decepcionante do Tratado de Plásticos
Ambientalistas criticam versão de rascunho do texto final, que escancara a dificuldade de consenso entre países e deixa a desejar em decisões mais ambiciosas →
Maricá: uma cidade petrolífera que almeja ser sustentável
Antes vista como uma cidade dormitório, Maricá não tinha pasta para políticas ambientais. Com o crescimento da última década, prefeitura ganha oportunidades e novos desafios →
A Urgente Proatividade na Gestão Hídrica
A governança hídrica enfrenta desafios globais comuns, como o uso excessivo de recursos naturais, a falta de diálogo entre os diversos atores sociais, os interesses conflitantes entre as partes envolvidas e a dificuldade de integrar diferentes perspectivas culturais →
serviço ambiental e serviço ecossistêmicos não são sinônimos.
o serviço ambiental tem origem da ação do homem em ampliar, alterar qualidade ou preservar um serviço ecossistêmico. Ja o serviço ecossistêmico e um serviço prestado pela natureza sem a interferência humana.
Ian, acabei de ler a reportagem e ia falar o mesmo que você. Pior que a reportagem usa até as categorias de serviços ecossistêmicos, mas continua confundindo com serviços ambientais. Acabei de ver uma questão de concurso que cometeu o mesmo erro e o gabarito deveria ter sido anulado e não foi… Acho que quem fez a prova não atentou que caberia recurso.
Olá Ian. realmente há uma diferença entre os serviços. Você teria alguma literatura que corrobore com isso? Me ajudaria muito.
http://www.limpar-o-ar.blogspot.com