Salada Verde
23 de julho de 2009

Uatumã, gigante da Amazônia

Um espetáculo de biodiversidade e de paisagens é o mínimo que se pode dizer sobre a Reserva Biológica de Uatumã, no Amazonas. Com 943 mil hectares, é a maior de seu tipo no país. Foi instituída em 1990 como parte das compensações pela construção da Usina de Balbina, pela Eletronorte. Montado com centenas de fotos, o vídeo acima tem pouco mais de quatro minutos e dá uma boa dimensão da riqueza única protegida na reserva federal.

Salada Verde
23 de julho de 2009

Esmolinha

A Cargill propagandeou seus esforços para combater a fome no mundo, destinando cinco milhões e meio de dólares para projetos de caridade em dez países. Ao mesmo tempo em que estimula a conversão da rica biodiversidade de Cerrado e Amazônia em monoculturas que não alimentam as populações impactadas, a empresa diz que seu compromisso não tem precedentes. Os países agraciados não incluem o Brasil. 

Salada Verde
22 de julho de 2009

Acordão com a agricultura familiar

Juntinhos como na foto ao lado, Carlos Minc (Meio Ambiente) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) assinaram hoje instruções normativas que, segundo eles, irão desembaralhar pontos dos 22 artigos acertados (veja aqui) com a agricultura familiar, comunidades extrativistas e povos tradicionais. Os acertos incluem restauração e recuperação de áreas de preservação permanentes e de reserva legal, inclusive com plantio de espécies frutíferas (nativas ou exóticas), manejo florestal madeireiro, pagamento por serviços ambientais para recomposição de matas ciliares e de corredores de biodiversidade, desmatamento zero em vegetação primária, agilização do processo para averbação da reserva legal, o que deve ser gratuito e no prazo máximo de duas semanas. Conforme Minc, sete em cada dez pontos do acordo serão solucionados com as instruções assinadas hoje e com uma proposta de resolução  que será encaminhada em 2 de setembro ao Conselho Nacional do Meio Ambiente. Os faltantes dependem de decretos e de projetos de lei. Segundo Cassel, também conforme nota do Ministério do Meio Ambiente, algumas medidas poderão chegar a médios e grandes agricultores, como a da simplificação da averbação da reserva legal e plantio de frutíferas em encostas. Organizações não-governamentais ambientalistas não colocaram muitas pedras no caminho do acordão, afinal, ele é bem melhor do que um alinhamento com setores paleolíticos da agropecuária nacional.

Salada Verde
20 de julho de 2009

Estados e meio ambiente

Depois de 24 anos de atividades, a Abema (Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente) desencantou e realizará seu primeiro congresso dias 12 e 14 de agosto, em São Paulo. Na pauta, temas indispensáveis à gestão ambiental dos estados e Distrito Federal, como mudanças do clima, licenciamento, proteção da biodiversidade e as mais do que polêmicas propostas para alteração do Código Florestal. Mais informações aqui.

Notícias
17 de julho de 2009

O homem (ainda) no centro do mundo

Há alguns dias, participei aqui em São Paulo de um evento sobre seguros para jornalistas, onde foram apresentados os resultados de uma importante pesquisa sobre mudanças climáticas, num tom bastante conservacionista. Mas o que me chamou mesmo a atenção foram algumas conversas cruzadas que ouvi na hora do coffee-break Entre um lanchinho e outro, um senhor muito distinto, figura importante no evento, disse para seu interlocutor, que concordava com movimentos de cabeça, algo como: absurdo fazerem um estardalhaço pra salvar a tal ararinha-azul enquanto tem um monte de criança morrendo no mundo. Meu desgosto foi alimentado ainda outro momento, quando o mesmo senhor, desta vez para toda platéia, soltou: não concordo com os africanos se mobilizando pra salvar o mico-leão-dourado lá deles enquanto tem 500 mil crianças morrendo de fome na África. Símbolo nacional do esforço pela preservação, o mico-leão-dourado é exemplo emblemático do impacto do homem na natureza. A espécie, endêmica da Mata-Atlântica brasileira (esqueceram de avisar ao distinto senhor), chegou a contar com apenas 250 exemplares na década de 1970, vítima do tráfico de animais e da perda de habitat. Atualmente, segundo a Associação Mico-Leão-Dourado, existem cerca de 1.500 exemplares na natureza. Para que ele deixe de ser considerado sob ameaça de extinção, a população em vida livre tem que chegar a pelo menos dois mil indivíduos. O caso da ararinha-azul é ainda mais grave. Espécie natural da Caatinga, sua população foi praticamente dizimada, também pela caça e destruição de habitat. Faz nove anos que um exemplar da espécie foi visto pela última vez na natureza, no sertão da Bahia. Hoje, existem apenas 68 ararinhas oficialmente registradas pelo programa de reprodução em cativeiro do governo brasileiro. Destas, apenas seis exemplares estão no Brasil. Isso mesmo, apenas 68 ararinhas em todo o mundo! E quantos nós somos, mesmo? Às 15h36 (GTM) de hoje (17), o site do governo americano U.S. Census Bureau contabilizava 6,771 bilhões de habitantes. Não estou aqui defendendo a morte de criancinhas inocentes – no Brasil ou na África - em favor da salvação de micos-leões ou ararinhas-azuis. Mas sim a necessidade de uma visão global da preservação da natureza, independentemente da espécie. O homem depende, sim, da sobrevivência de ararinhas e micos, por serem eles importantes atores na intrincada rede de manutenção da biodiversidade. Me pergunto quantas espécies ainda vão desaparecer para sempre, até que o antropocentrismo (declarado ou não) e a visão fragmentada da realidade deixem de dar o tom em debates sobre preservação.  

Salada Verde
16 de julho de 2009

Funai mira no Parque de Itapuã

Criado em 1973 e hoje às moscas, o Parque Estadual de Itapuã, a quase sessenta quilômetros de Porto Alegre, está na mira da Funai (Fundação Nacional do Índio). A autarquia criou um "grupo de trabalho" para avaliar a possível demarcação de parte da área protegida para indígenas Guarani-Mbyá que hoje vivem na Aldeia Pindó Mirim, com apenas 25 hectares, em meio a incômodos eucaliptais. Itapuã deveria proteger importantes amostras de como foi a região da capital gaúcha antes da colonização. Em reportagem do Diário de Viamão de 10 de julho, o Conselho Viamonense de Meio Ambiente (Covima) "enfatiza que os órgãos públicos, em conjunto com a sociedade civil, devem envidar esforços no sentido de assegurar aos guaranis as condições necessárias a uma vida digna sem, contudo, colocar em risco a função ecológica da Unidade de Conservação". Uma boa saída. Saiba mais: Conservação e os pleitos quilombolas Populações tradicionais e a biodiversidade O incrível destino do parque Nonoai Pró-Guaíba, in memoriam Índios no pedaço

Salada Verde
16 de julho de 2009

Semana das contagens oficiais

O Instituto Chico Mendes disparou esta semana dois censos. Uma nova contagem das populações da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) está ocorrendo na região de Jeremoado, no semiárido baiano. Os levantamentos acontecem desde 1979 e a situação aparentemente vem melhorando -  antes eram 60 exemplares, hoje já se avistam cerca de 900, no ano passado. Se o novo censo for ainda mais positivo, a ave pode deixar a lista de extinção ainda em 2009. O Brasil é o país com maior número de pássaros ameaçados de extinção no mundo. Outra contagem incide sobre os moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. Oitenta pessoas atuam na empreitada cujos resultados, segundo o governo, serão usados na "elaboração de políticas públicas que beneficiem as famílias da reserva, evitando-se a especulação fundiária e a atividade pecuária em larga escala, que afeta a biodiversidade".

Reportagens
15 de julho de 2009

Conservação e os pleitos quilombolas

Estudo diz que direitos especiais a populações tradicionais em unidades de conservação de proteção integral põem biodiversidade em risco e questiona conceitos que estimulam esta política.

Salada Verde
13 de julho de 2009

Rã, bugio, lagarta e passarinho

Embalada por trilha no estilo andino moderno, o vídeo acima traz uma belíssima amostra da rica e ameaçada biodiversidade de Santa Catarina. As imagens foram gravadas nas reservas particulares do patrimônio natural do Instituto Rã-Bugio e a edição ficou por conta de Sibele Kamchen. O material é usado em palestras de educação ambiental em escolas de todo o estado.

Salada Verde
7 de julho de 2009

Pérolas da conservação

Em entrevista para lá de polêmica ao site amazonia.org.br, o pesquisador e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Eustáquio Reis, soltou verdadeiras jóias sobre a conservação da Amazônia, do quilate das pronunciadas pelo ex-ministro Mangabeira Unger. Abaixo trechinhos elaborados por Reis. A entrevista completa pode ser conferida aqui. Meus cálculos sobre isso, em geral, são criticados.  Mas, de todas as maneiras, se você pensar em pecuária e soja na Amazônia, elas têm um beneficio muito maior do que o valor que se costuma pagar em créditos de carbono pela biodiversidade.  Vão existir fatores automáticos de redução da devastação.  Pois, à medida que a floresta for se tornando mais escassa, as pessoas vão passar a valorizá-la mais, preservando o bioma voluntariamente. Também, à medida que você tiver pessoas ricas na Amazônia, elas começarão a dar mais valor ao meio ambiente.  Não dá para você achar que uma pessoa pobre, com condições de vida precárias irá pensar que a floresta tem valor.  Essa é uma questão absurda para ela, que tem que pensar em sobreviver.  É preciso que haja uma classe média rural ao redor da Amazônia, para que as pessoas tenham também menos filhos e não usem a reprodução como mecanismo de acumulação. Geralmente, nas zonas rurais, a população tem muitos filhos, como maneira de garantir seu futuro e expandir sua capacidade de se apropriar da terra. Eu acredito que pode ter efeitos sim (desmatamento no clima), mas eu não acredito que os efeitos sejam de uma magnitude tão grande, quando penso que a Mata Atlântica foi extinta e o clima não se alterou tão significativamente assim.  Não sou climatólogo, mas pergunto: por que a Amazônia tem tanta influência no clima e a Mata Atlântica não?

Salada Verde
3 de julho de 2009

Diários de bordo amazônicos

A partir de 6 de julho (segunda), alunos da sétima oficina sobre desenvolvimento socioeconômico e conservação da biodiversidade contarão suas experiências através do Blog Amazonarium. A empreitada é organizada pela Escola da Amazônia. Os textos diários trarão histórias, experiências, impressões e emoções de um grupo de estudantes paulistanos em sua primeira visita a maior floresta tropical do planeta. Saiba mais: Imagens cristalinas da Amazônia

Salada Verde
17 de junho de 2009

Marina será candidata

Na coletiva de despedida do ministério de Marina Silva (veja aqui), a reportagem de O Eco questionou a senadora se a mesma toparia uma candidatura à presidência. Na época ela desconversou. A jornalista Rosângela Bittar retoma o assunto hoje em sua coluna no jornal Valor Econômico (veja aqui), acenando que o Partido Verde pode te-la como cabeça de chapa no pleito do próximo ano. Conforme fontes ouvidas por O Eco, conversas entre a sigla e a senadora esquentaram desde o fim de 2008, com articulações do deputado Sarney Filho e até do ex-secretário de Biodiversidade e Florestas João Paulo Capobianco, ambos do PV. De antemão, ela não teria os votos da maioria do funcionalismo público da área ambiental, ainda fulo com a divisão do Ibama. Saiba mais: Marina presidente

Salada Verde
12 de junho de 2009

Campos do Sul em debate

Estão abertas as inscrições para o simpósio “O Futuro dos Campos: Conservação e uso sustentável”, que ocorrerá em Porto Alegre (RS) entre os dias 3 e 5 de agosto. Com o objetivo de salvar os campos do sul do Brasil - um dos ambientes mais ameaçados do país - da conversão contínua para atividades econômicas, o evento vai reunir pesquisadores, produtores, governo e sociedade civil. A ideia é mostrar que existem métodos para praticar a pecuária sobre o campo nativo, obter produtos nutritivos e a saudáveis e, ao mesmo tempo, conservar a sua biodiversidade. Veja mais informações aqui.

Salada Verde
5 de junho de 2009

Prêmio para jornalistas ambientais

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, a organização Internews está lançando o Prêmio Jornalistas da Terra. Trata-se de uma das maiores iniciativas recentes para estimular a mídia a reportar sobre temas como conservação da biodiversidade e o aquecimento global. Serão 14 categorias que incluem premiações para as melhores reportagens em todos os continentes do globo, além de artigos temáticos sobre florestas, adaptação a mudança climática, entre outros. Os ganhadores serão levados à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que se realizará em Copenhague, em dezembro. Mais informações poder ser encontradas no site do Earth Journalism Award . As inscrições vão até 7 de setembro.

Salada Verde
4 de junho de 2009

Por mudanças na lei mineira

Entidades civis e pesquisadores estão em plena campanha por mudanças na lei de florestas de Minas Gerais. Uma legislação de 2002 permite o uso de até 100% de carvão vegetal de florestas nativas para abastecer siderúrgicas, principalmente de ferro gusa. Agora, um projeto de lei do governador Aécio Neves, com substitutivo do deputado Fábio Avelar, fixa o percentual em 15% quando a nova lei for promulgada e, em 5%, a partir de 2018. Também prevê a proibição do desmatamento em áreas prioritárias para preservação da biodiversidade e monitoramento eletrônico das cargas de carvão vegetal. Quem quiser reforçar o movimento, pode assinar um manifesto acessível a partir da página www.amda.org.br. A legislação federal aponta que empresas que dependem de carvão vegetal devem ter lavouras de árvores para seu abastecimento.