Newsletter ((o))eco+

Newsletter O Eco+ | Edição #125, Novembro/2022

O cervo, o governador e a convenção

Newsletter O Eco+ | Edição #125, Novembro/2022

27 de novembro de 2022

Quando seu telefone tocou naquele janeiro de 1991, o pesquisador José Barbanti não imaginava que embarcaria numa investigação que revelaria uma nova espécie de cervo. Na ligação, o Zoológico Municipal de Sorocaba (SP) contou sobre um animal que lá chegou vindo de um zoo que havia fechado. O cervo, adulto, parecia menor e um pouco diferente de todos os cervídeos já catalogados no país. E a partir daí, o país conheceu o Mazama jucunda, o veado-mateiro-pequeno. Agora, Aldem Bourscheit nos conta como cientistas estão movendo mundos e fundos para salvar grupos isolados desta espécie, a maior espécie endêmica do Brasil. Reconhecida pela ciência há 30 anos, ela é peça-chave para manter a saúde da Mata Atlântica. 

A 27ª Conferência do Clima da ONU deixou um gosto agridoce na boca dos participantes. Por um lado, a criação de um fundo de reparação para países vulneráveis que não conseguem se adaptar às mudanças no clima foi uma grande conquista. Por outro, temas essenciais no combate ao aquecimento global foram, mais uma vez, deixados de lado no texto final da Conferência. Cristiane Prizibisczki compilou análises dos resultados feitas pelas principais organizações que trabalham com a agenda climática no Brasil.

“A minha expectativa de que unir os esforços da agenda estadual com a agenda nacional permitirá com que a fotografia com que o cenário do estado do Pará seja um cenário novo, e de prosperidade ambiental em que nós possamos efetivamente conciliar as vocações existentes no Estado com sustentabilidade e, por outro lado, efetivamente fazer com que a floresta em pé seja um ativo”, disse Helder Barbalho (MDB), governador reeleito do Pará, em entrevista ao ((o))eco, durante a COP 27. Fabio Pontes e Cristiane Prizibisczki analisam a expectativa nutrida pelo governador de que a retomada das operações de combate aos crimes ambientais na Amazônia a partir da posse de Lula, em conjunto com as ações já desenvolvidas pelos órgãos estaduais, fará com que o estado deixe de ocupar as primeiras posições de devastação do bioma.

Boa leitura!

Redação ((o))eco

· Destaques ·

Os desafios para salvar a maior espécie exclusiva do país, o veado-mateiro-pequeno

Grupos isolados em fragmentos de Mata Atlântica nas regiões Sudeste e Sul enfrentam desmate, caça, cachorros e doenças transmitidas por bovinos

Mais

Fim de jogo: a repercussão dos resultados da COP 27 no Brasil

Alguns avanços e muita estagnação marcaram a decisão final da Conferência Climática, dizem organizações brasileiras. Evento terminou na madrugada de domingo

Mais

Com o retorno do plano nacional de combate ao desmatamento, Pará deixará liderança do ranking, diz Barbalho

De acordo com governador, 70% do território paraense estão sob responsabilidade da União; com desmonte da política ambiental promovida pelo presidente Jair Bolsonaro, muitas áreas ficaram expostas ao crime

Mais

· Conservação no Mundo ·

Tinder para onças. Por cerca de 70 anos, as onças estiveram ausentes do Parque Iberá, no nordeste da Argentina. Para corrigir isso, nos últimos dois anos, conservacionistas têm realizado ações de reintrodução da espécie no parque. Mas especialistas dizem que a chave para restabelecer com sucesso a espécie não é apenas aumentar o número de indivíduos – também é essencial expandir a diversidade genética da população. E assim, para garantir a sobrevivência da espécie, a ONG Rewilding Argentina tomou a medida ousada de organizar uma complexa operação para acasalar duas onças-pintadas, Mbarete, do Parque Iberá, e Qaramta, do Parque Nacional El Impenetrable. O encontro foi bem sucedido: em setembro deste ano, Mbarete deu à luz dois filhotinhos. As oncinhas trarão diversidade genética para a pequena mas crescente população de onças-pintadas em Iberá. [Mongabay]

 


 

Mangues artificiais. Mangues fornecem uma variedade de serviços ecossistêmicos: filtram sedimentos e contaminantes das águas pluviais, e têm a capacidade de reter alguns produtos químicos e metais encontrados na drenagem de minas. Cidades ao redor do mundo procuram livrar suas vias navegáveis ​​da poluição remanescente, uma das soluções encontradas é a instalação de ilhas artificiais repletas de gramíneas e juncos – em efeito, mangues flutuantes. As superfícies das ilhas atraem a vida selvagem, enquanto as raízes das plantas subaquáticas absorvem contaminantes e sustentam a vida aquática. Esses sistemas absorvem o excesso de nutrientes agrícolas que podem levar à proliferação de algas e zonas mortas, e pesquisas recentes sugerem que eles podem ser usados ​​para reduzir os contaminantes produzidos pelo homem que persistem no meio ambiente. A ideia tem sido testada nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, e os estudos para quantificar seus benefícios adicionais continuam na Austrália e no Brasil. [Yale E360]

· Dicas Culturais ·

• Pra Ler •

Os Donos da Terra (2020) | Daniela Fernandes Alarcon, Vitor Flynn Paciornik

A HQ aborda episódios históricos e recentes da luta dos Tupinambá da Serra do Padeiro, no sul da Bahia, pela recuperação dos territórios ancestrais dos quais foram expulsos pelo avanço da colonização ― que continua até hoje.

Editora Elefante

• Pra Visitar •

Nhande Marandu – Uma História de Etnomídia Indígena | Museu do Amanhã RJ

Entre 11 de novembro e 26 de fevereiro de 2023, a exposição traz produções contemporâneas dos povos indígenas, mostrando como eles já fizeram e fazem comunicação, analógica e digital.

Ingressos

O Assunto | G1

Depois de duas semanas de negociações na Conferência do Clima da ONU, representantes de mais de 200 países chegaram a um acordo para criar um fundo de compensação às nações mais vulneráveis a eventos extremos, mas falharam ao não firmar uma meta para redução dos gases de efeito estufa. 

G1

Mais de ((o))eco