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Carta – Os cetáceos e o petróleo

De Leonardo Liberali Wedekin Biólogo, pesquisador - Instituto Baleia JubarteCaros amigos,Simplista e irresponsável as conclusões apresentadas pelo...

Redação ((o))eco ·
19 de março de 2007 · 18 anos atrás

De Leonardo Liberali Wedekin
Biólogo, pesquisador – Instituto Baleia Jubarte

Caros amigos,

Simplista e irresponsável as conclusões apresentadas pelo biólogo Salvatore Siciliano (“o que sugere que a exploração do petróleo não cause impacto negativo direto sobre a fauna”).

Gostaria de ter contato com o estudo realizado pelo autor. Existe uma grande probabilidade de que o desenho amostral e os métodos analíticos não tenham sido direcionados para responder a questão ao qual o mesmo tirou as referidas conclusões. A sugestão, neste caso, é infundada e, como bem mencionado, aparente. Somente uma análise empírica sobre a distribuição e ocorrência de cetáceos não são suficientes para verificar os impactos da atividade petrolífera sobre cetáceos.

Uma análise de preferência de habitat, considerando o tráfego de embarcações e a presença das plataformas seria mais coerente para verificar tal questão, o que certamente não foi feito. Inúmeros outros estudos sobre o tema poderiam ser feitos.

A simples presença de “certas espécies” próximo de plataformas não sugere nem indica que não existe impacto. A própria atração de determinadas espécies próximas de plataforma já é um impacto.

Caso a autora da matéria (Sra. Marina) tivesse pesquisado um pouco mais sobre o assunto ou consultado outros especialistas, poderia apresentar um importante contraponto.

Os registro de encalhes da baleia jubarte estão aumentando no Brasil inteiro nos últimos anos, inclusive na costa da BA e ES. Mesmo assim, é impossível relacionar este ou qualquer outra informação sobre encalhes de forma superficial como foi colocado. Mais além, a própria determinação da causa de morte destes animais encalhados, mesmo depois de intensos estudos pós-morte, é difícil.

A atividade petrolífera, em todas as suas fases e facetas, implica em impactos diretos e indiretos sobre os cetáceos. Mais especificamente, as plataformas de petróleo também.

São documentados ou potenciais impactos na fase de prospecção sísmica, perfuração e instalação de plataformas e poços, e operação das plataformas. A resposta de cada espécie de cetáceo a fontes de impacto são variadas. Pode ocorrer habituação a fontes crônicas de impacto, como as plataformas. As plataformas são grandes estruturas artificiais que geram alteração/destruição de habitat de diferentes naturezas (modificação do substrato marinho, obstáculos, geração resíduos sólidos e líquidos, tráfego de embarcações, iluminação artificial, geração de ruídos por diferentes fontes e possibilidade de catástrofes, entre outras).

Da forma com foi apresentado o estudo e a matéria, as conclusões apresentadas não passam de especulação infundada sem embasamento científico. Pelo contrário, estudos e evidências no mundo inteiro sugerem o contrário.

Atenciosamente,

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